Ceará - população aprova o Programa Federal "Mais Médicos"
Nem machismo, nem feminismo
Dilma: A indústria naval tem uma imensa capacidade de gerar riquezas
A presidenta Dilma Rousseff lembrou, no programa Café com a Presidenta de hoje segunda-feira (21), a inauguração do navio Dragão do Mar e o batismo do petroleiro Henrique Dias, na última semana. Dilma lembrou os esforços do governo federal pela retomada da indústria naval, que, hoje, é forte, pujante e emprega quase 80 mil empregados em estaleiros no Nordeste, Sudeste e Sul do país. E o número deve aumentar chegando a 100 mil em 2017.
"Nós decidimos que as compras da Petrobras deveriam ser feitas preferencialmente em indústrias que produzissem no Brasil, para gerar, aqui, crescimento industrial e emprego. O nosso lema é: fazer no Brasil porque temos capacidade para fazer. Assim, o que a Petrobras comprava lá fora passou a ser feito aqui no Brasil por trabalhadores brasileiros, isso se chama política de conteúdo nacional. Com essa decisão, além da riqueza do petróleo, o Brasil passou a ter uma indústria naval poderosa, desenvolveu uma cadeia de fornecedores", disse.
Dilma lembrou que, em 2003, eram apenas 7.465 funcionários no setor, que estava desaparecendo. Mas para atender a demanda nos últimos dez anos entraram em funcionamento dez estaleiros no país. Segundo a presidenta, as perspectivas para a indústria naval com a exploração do pré-sal são fantásticas e estão fazendo com que muitas empresas estrangeiras se instalem no Brasil para produzir peças e equipamentos. Serão necessários, até 2020, 88 navios, 198 barcos de apoio, 28 sondas de perfuração e 31 plataformas.
"No ano passado, a construção naval brasileira entregou volume recorde de navios e plataformas de petróleo. Foram sete plataformas de produção, dois navios petroleiros de grande porte, 21 navios de apoio marítimo, dez rebocadores portuários e 44 barcaças de transporte. Só em 2014, estão em construção ou contratados para serem construídos aqui no Brasil 18 plataformas, 28 sondas de perfuração e 43 navios-tanque", afirmou.
Crônica semanal de Luis Fernando Veríssimo
Como aquele personagem do poema do Eliot que podia medir a sua vida em colherinhas de café, posso medir a minha em copas do mundo. A partir da copa de 1986, no México, fui a todas, Mas as anteriores, que acompanhei pelo rádio, pela TV em preto e branco e pela TV (maravilha!) a cores também deixaram dores e saudades. Como a de 62, por exemplo, aquela em que o Pelé se machucou e o Garrincha viu que teria que ser tudo com ele, e foi.
1962. Eu tinha saído de Porto Alegre com a ideia de ganhar algum dinheiro no Rio e seguir para Londres, onde faria alguma coisa ligada a cinema, como diretor ou vendedor de pipoca, ainda era incerto. Me hospedei com uma tia, no Leme.
Não tinha diploma de nada e nenhuma vocação aparente, fora um discutível "jeito para desenho". A Clarice Lispector, amiga da família e vizinha da minha tia, chegou a telefonar para o Ivan Lessa, que trabalhava em publicidade, para ver se me conseguia um emprego.
O Ivan e eu marcamos um almoço que, não me lembro mais por que, nunca aconteceu. Na verdade, nunca nos encontramos.
Chegou um amigo de Porto Alegre, companheiro de inconsequências, que ganhara uma bolada na venda de umas terras do pai e, entre aplicar bem o dinheiro ou queimá-lo todo num fim de semana carioca, optara pelo mais sensato: arrebanhara outros amigos e os trouxera para o Rio, e me convocou para ajudar a gastar o dinheiro.
Sim, tive meus três dias de condor, mandando baixar no "Fred's" (o hotel Windsor, ex-Méridien, hoje se ergue sobre as suas cinzas) e requisitando coristas para acompanhar nossos delírios de paulistas. Coube a mim uma chamada Leticia, que, meu Deus, hoje deve ser avó.
Foi uma despedida tardia da adolescência. Depois começou a vida real. Fui trabalhar com um americano com a promessa de ficar rico e quase acabei preso, me casei, tentei um negócio que não deu certo e quatro anos depois de me mudar para o Rio, em vez de ir para Londres voltei para casa.
Em 1962, no Rio, você lia as colunas do Armando Nogueira, do Nelson Rodrigues, do Stanislaw Ponte Preta, do Antônio Maria, do João Saldanha, do Paulo Francis escrevendo sobre teatro e mandando pau na direita, nos jornais; e na "Manchete", todas as semanas, as crônicas do Rubem Braga, do Paulo Mendes Campos e do Fernando Sabino e, na "Cruzeiro" as gloriosas duas páginas do Millôr.
Jango estava no poder, as reformas eram uma possibilidade (se o Lacerda deixasse, porque os militares estavam sob controle), mas, acima de tudo, havia o Garrincha. No auge, como todo mundo.
Poema da manhã
Amor bastante
Quando eu vi você
tive uma ideia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante
um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
Paulo Leminski Filho (Curitiba, 24 de agosto de 1944 - Curitiba, 7 de junho de 1989) - Além de poeta, foi escritor, tradutor e professor. Também escreveu as biografias de nomes como Cruz e Sousa, Edgar Allan Poe e Trotski. Leminski também escreveu letras de música em parcerias com Caetano Veloso e o grupo A Cor do Som. O poeta era faixa preta de Judô.
Poema da manhã
Amor bastante
Quando eu vi você
tive uma ideia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante
um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
Paulo Leminski Filho (Curitiba, 24 de agosto de 1944 - Curitiba, 7 de junho de 1989) - Além de poeta, foi escritor, tradutor e professor. Também escreveu as biografias de nomes como Cruz e Sousa, Edgar Allan Poe e Trotski. Leminski também escreveu letras de música em parcerias com Caetano Veloso e o grupo A Cor do Som. O poeta era faixa preta de Judô.