Esse Bessinha






Clipping

Paulo Moreira Leite

Dilma foi até muito generosa com Psdb
Lembrando as contribuições financeiras para a campanha de 2014 na entrevista publicada hoje pela Folha, a presidente Dilma fez um questionamento essencial:
— No mesmo dia em que eu recebo doação, em quase igual valor o candidato adversário recebe também. O meu é propina e o dele não?
Os dados do TSE mostram que, em sua crítica, Dilma foi até generosa com o PSDB. A comparação entre as listas oficiais de contribuição da campanha de 2014 mostra uma situação muito interessante. As doações não foram “quase iguais” entre as duas campanhas. Quando se avalia as contribuições dos maiores fornecedores da Petrobras, a vantagem foi de 26% a mais para Aécio Neves.
Os números estão lá no TSE, mostrando que a soma de duas dezenas de empresas que tinham interesses na Petrobras — relação que inclui gigantes como Odebrecht, UTC, Queiróz e outros — e, ao mesmo tempo, fizeram doações as campanhas eleitorais, chega-se a um dado demolidor: Dilma recebeu R$ 29.990.852, enquanto a campanha de Aécio Neves embolsou R$ 38.550.000. É isso aí: R$ 8,5 milhões a menos para Dilma. Quantas escolas, quantos hospitais se poderia construir isso, perguntaria o Ministério Público. Perguntaria, neste caso?

Imaginando que o candidato tucano jogava com esperança de ganhar, com um auxilio financeiro generoso nos meses iniciais da campanha, quando precisava deslanchar para pegar embalo junto ao eleitorado — como mostram os registros do TSE — ninguém vai dizer que era uma diferença estabelecida no amorzinho, certo?
A presidente também prestou um serviço inestimável a defesa dos direitos fundamentais dos brasileiros e ao esclarecimento da atual situação política do país quando mencionou as prisões preventivas, usadas para arrancar confissões e delações de suspeitos levados para cela sem sequer saberem de todas as acusações que existem contra eles. Dilma disse:
— Olha, não costumo analisar ação do Judiciário. Agora, acho estranho. Eu gostaria de maior fundamento para a prisão preventiva de pessoas conhecidas. Acho estranho só.
Referindo-se a prisão de Marcelo Odebrecht e outros dirigentes do grupo, a presidente observou:

Entrevista da presidente à Folha de São Paulo

Abaixo as respostas de Dilma que considero essenciais:
Resultado de imagem para dilma coração valente
Lula disse que ajuste fiscal é coisa de tucano, mas a sra. fez.
Querido, podem querer, mas não faço crítica ao Lula. Não preciso...
Delatores dizem que doações eleitorais tiveram como origem propina na Petrobras.
Meu querido, é uma coisa estranha. Porque, para mim, no mesmo dia em que eu recebo doação, em quase igual valor [campanha de Dilma recebeu 7,5 milhões da UTC, campanha de Aécio recebeu 8,7 milhões] o candidato adversário recebe também. O meu é propina e o dele não?
Parece que está todo mundo querendo derrubar a sra.
O que você quer que eu faça? Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é disso. Não conte que eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam.
E se mexerem na sua biografia.
Ô, querida, e vão mexer como? Vão reescrever? Vão provar que algum dia peguei um tostão? Vão? Quero ver algum deles provar. Todo mundo neste país sabe que não. Quando eles corrompem, eles sabem quem é corrompido.



MP permite redução de salários e jornada para preservar emprego


Paulo Victor Chagas - Agência Brasil

Com o objetivo de evitar demissões dos trabalhadores por empresas em dificuldades financeiras, o governo federal criou, por meio de medida provisória (MP), o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que vai permitir a redução temporária da jornada de trabalho e de salário em até 30%.

A MP foi assinada na tarde de hoje (6) pela presidenta Dilma Rousseff, após encontro com ministros e representantes de centrais sindicais. Embora passe a valer imediatamente com força de lei, a proposta será analisada e precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional.

A medida prevê que a União complemente metade da perda salarial por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador. O Programa valerá até o dia 31 de dezembro de 2016, e o período de adesão das empresas vai até o fim deste ano. Para definir quais setores e empresas estarão aptos a participar do PPE, o governo também criou um grupo interministerial que vai divulgar informações sobre os critérios, com base em indicadores econômicos e financeiros.

De acordo com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, as empresas não poderão demitir nenhum funcionário durante o prazo de vigência do programa, proibição que será mantida por pelo menos mais dois meses após o fim da vigência.

As empresas poderão aderir ao programa por seis meses, prorrogáveis por mais seis. O anúncio foi feito no início da noite por Rossetto e outros dois ministros, ao lado de representantes de centrais sindicais, no Palácio do Planalto.

"É mais importante usar recursos públicos para manter o emprego do que para custear o desemprego. É um programa ganha-ganha, orientado claramente para manutenção do emprego em um período de crise", afirmou Rossetto, acrescentando que o programa é aberto para qualquer setor da economia que tenha redução de emprego e renda.

Briguilinks

Paulo Nogueira: Porque não vai haver golpe

(...) e aqui estão as razões

Cansei.

Cansei do clima de derrota, de desolação, de paranoia que se alastrou pelos círculos progressistas nas redes sociais.

É como se o golpe fosse uma coisa inevitável.

Não poderia haver coisa mais errada.

Não vai haver golpe. Repito. NÃO vai haver golpe. Lamento as maiúsculas, mas são necessárias neste caso.

2015 não é 1954 e não é 1964.

As circunstâncias são diferentes, completamente diversas – exceto pela vontade da direita de subverter o resultado das urnas e a democracia.

Alguns pontos:

  • Não vivemos numa Guerra Fria. Os Estados Unidos, consequentemente, não têm marines prontos para despachar para o Brasil para defender os golpistas de direita;
  • Não existe, no Brasil, um exército mobilizado para colocar os tanques nas ruas. Foi tão funesta a experiência dos militares no poder – 21 anos de poder e uma desastrosa obra em todos os campos, da política à economia, para não falar da questão social – que não existe a mais remota chance de uma segunda aventura dos generais por séculos.
  • Nem Jango e nem Getúlio tiveram a internet como contrapartida para o massacre da mídia.
  • Mesmo com o desgaste dos anos e de alianças bisonhas, o PT tem uma base social que ninguém pode subestimar. O Brasil entraria numa convulsão, e a direita sabe disso. Toda a raiva acumulada pela campanha de ódio da direita se traduziria em ódio na mesma medida da esquerda, e o país poderia virtualmente entrar numa guerra civil.

 

Por tudo isso, e por outras coisas que tornariam este artigo interminável, não vai haver golpe.

O que a direita quer, com sua gritaria histérica e alucinada, com suas ameaças tonitruantes e vazias, é manter os progressistas acoelhados, imobilizados até 2018.

E está conseguindo.

Espinha ereta: é isto que está faltando para os progressistas.

Coragem.

E discernimento.

Nestes dias, amigos no Facebook compartilharam, amedrontados, uma nota do Painel da Folha em que estava, segundo eles, o "roteiro do golpe".

O Painel é feito pela mulher de um assessor de Aécio, e ex-editor da Veja.

Levar a sério?

Faz meses, anos, que a Veja afirma que o governo petista vai cair. Foi assim com Lula, é assim com Dilma.

É a vontade da Veja, porque um presidente amigo prolongaria com dinheiro público a vida da Abril, agonizante.

Só que entre a vontade da Veja e a realidade vai uma distância enorme.

Mas os progressistas parecem desconsiderar, e entram em pânico.

O medo imobiliza, e este é o principal problema para os progressistas.

Você sente desânimo para dar a melhor resposta para a gritaria conservadora: sair às ruas.

É nas ruas que a batalha vai ser ganha ou perdida. E não estou falando em golpe, mas em 2018.

Termino com Montaigne.

Num de seus melhores ensaios, ele afirmou: "Meu maior medo é ter medo."

Os progressistas estão com medo – e a hora é para adultos, não para meninos assustados.

(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).