Luís Nassif - o xadrez da segunda fase do golpe

Entra-se na semana decisiva da segunda rodada de impeachment – a primeira foi com Gilmar Mendes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Nesse momento a preocupação maior é da oposição, já que os ventos viraram e ficou mais difícil conseguir quórum para o impeachment.
Pesquisa Datafolha
As movimentações das últimas semanas promoveram o mais radical início de reaglutinação política que já presenciei, maior do que no pós-ditadura, que resultou no PT, no PSDB, mais os dois partidos anteriores, PFL e PMDB.
Certamente será a semente do novo sistema partidário que surgirá em um ponto qualquer do futuro.
O desenho que vai se firmando é o seguinte:
Esquerda – graças ao #nãovaitergolpe, reaglutinação da frente de esquerda, centrada especialmente nos movimentos sociais e na área acadêmica e intelectual, mas tendo apenas Lula, não mais o PT, como ponto de convergência. Unem-se no combate ao golpe, depois espalham-se entre partidos à esquerda e mais à esquerda. O "ser de esquerda" ganhou um significado mais amplo do que o do pós-ditadura.
Centro –apoiada principalmente por uma frente de grandes empresas paulistas, lideradas pelo Itaú e pela Natura, com o apoio pontual da Folha e de movimentos temáticos de classe média jovem. Consegue aglutinar os desiludidos com a política que não embarcaram no canto de ódio. Marina não é a liderança ideal, mas um ponto de convergência.
Direita – renascida das cinzas pela manipulação da Lava Jato e ganhando vida própria com os Bolsonaros da política alijando definitivamente o DEM e o PSDB.
PSDB –um bicho híbrido que perdeu a perspectiva de poder. Tem o Procurador Geral da República e a força tarefa da Lava Jato como pontos de apoio de Aécio Neves; os CEOs paulistas, em torno da Lide, como ponto de apoio de Alckmin; e José Serra tentando apoiar-se em Temer. E todos sob as bênçãos de FHC, que não consegue uma ideia sequer como ponto de apoio para mover o partido. Graças ao seu fenomenal tirocínio, o PSDB conseguiu o feito político de escandalizar os socialdemocratas com seus arreganhos à direita; e de espantar a direita, com seu oportunismo típico da política tradicional.
Nesse novo desenho, a última pesquisa Datafolha trouxe as seguintes conclusões e dúvidas: