O assassinato de Teori Zavaski é um crime que não interessa ao PT, por Armando Rodrigues Coelho Neto

 

Nas guerras e nos golpes de estado a primeira vítima é a qualidade da informação. Nunca tive medo de voar. Inconsequentemente, cheguei a voar de ultraleve e, quando criança, tentei saltar como trapezista de circo. Quando caí, não vi nisso castigo, nem resposta à desobediência aos mais velhos. Cai por que falhei, não pulei certo, errei. É desse modo que costumo ver acidentes de avião, e no momento me permito divagar. Acidente ou sabotagem (crime)?

Bom registrar, pois, que o Partido dos Trabalhadores nunca chegou ao poder. Por concessão das forças obscuras, exerceu, num curto período, a gerência da Nação. Com mais concessões à direita do que à esquerda, sob a pecha de grupo violento. Um exército de venezuelanos, cubanos, chineses, russos... povoou o imaginário paranoico de muitos. Consumado o golpe, o mito dos exércitos vermelhos caiu por terra. Nunca existiram. Pacificamente, o PT cumpriu à risca a Constituição que não assinou, até tropeçar nas regras do poder obscuro.

Dilma foi. Sem metralhadora, coletes de mulher-bomba ou bazucas, deixou a Presidência rezando a cartilha constitucional, vomitando a lei e a lógica. Agiu como uma cidadã de bem assaltada, como que a ponderar ética, coerência e lei diante de um meliante das quebradas. Nenhum resquício de ódio, ressentimentos, ameaças ou pragas. Sequer o segmento mais radical simpatizante do PT, o MST, esboçou ato mais significativo. As ações mais significativas estiveram longe das grandes ousadias mundiais nos confrontos políticos.

Toda violência vista na história do Brasil recente esteve mais visível na farsa dos centavos, durante as tais jornadas de junho/2013. Todas, sem exceção, protagonizadas por simpatizantes do golpe. Nada partiu do PT, em que pese o insólito fantasma de Celso Daniel, que o juiz Sérgio Moro tentou em vão ressuscitar.

Não sou PT. É infâmia e tudo o quanto mais de abominável que a direita representa que me faz tomar partido. É da biografia de um Lula ou Dilma que brotam meu respeito. É a soma do pensamento humano revelado nas postagens da internet; a defesa dos explorados, negros, índios, homossexuais (ou tudo isso ao mesmo tempo) que me sensibilizam. Enquanto do outro lado constata-se apologia à violência, “o bandido bom é o bandido morto”, ironias sobre direitos humanos, os muros, resposta agressiva aos movimentos sociais. É desse segmento que exalam sinais de perfis assassinos.

Daí não entender que a cada avião que caia, ainda que na Ucrânia, surjam hipóteses estupidas contra o PT (a quem não quero santificar). Mas, a cada ocorrência grave, acidente de avião, tragédia qualquer, cujos resultados políticos ou econômicos só quem se beneficia é a direita, surgem acusações contra o PT. É o caso da morte do juiz Teori Zavascki, que prefiro crer, como na minha queda do balanço, que foi acidente, falha técnica ou erro humano. Prefiro até crer que coincidências existem e que todas as teorias conspiratórias que circulam não passam de coincidência.

Entretanto, quem já ouviu falar de John Perkins, que no passado teria supostas ligações com serviços de inteligência dos Estados Unidos, percebe com clareza quem efetivamente utiliza tragédias e genocídios para derrubar governos e implantar ditaduras. Os relatos de Perkins sobre assassinatos não esclarecidos, acidentes de aviões são fartos. Neles, sempre o dedo corporativo, grandes interesses econômicos - motivos torpes para invasão de países e declarações de guerra. As tragédias relatadas por Perkins dão margem a concluir que, crime ou sabotagem no caso Teori, todos sabem quem tem o “know how”.

Melhor crer que as mortes de Eduardo Campos e Teori Zavascki foram acidentes. Mas, se não o foram, ficou claro quem se beneficiou com a morte de Campos. Do mesmo modo que está claro que a morte do segundo já surtiu efeito. Ele já não é mais o ministro da Farsa Jato.  Ganharam tempo. Se, sem leviandades, nos falta sustança para apontar nominalmente quem disso se beneficiaria, existem elementos claros de que o PT em nada tiraria proveito. Não o faria sequer para lavar a honra dos indignados (petistas ou não). Alvos muito mais interessantes existiriam e certamente o Japonês da Federal não seria um deles...

Teori Zavaski cumpriu sua parte no golpe e as ogivas que trazia no colo já não afetariam tanto o combalido PT, mas sim a caterva apoiada pelos patos da Av. Paulista. Se houve sabotagem, os investigantes não podem desprezar a mais primária das questões policiais: a quem interessa o crime?

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

Morte de um mininistro do sft

Sem saber quem morreu (mentira) , reafirmo:

O judiciário é o mais corrupto dos corruptos!

Certo.

Quanto a o outro Golpista ser indicado por Michê ou as demais putas do stf, quê diferença faz?

Bandidos, vcs se perderam.

Corja!

Teori morreu ou foi assassinado?

Pra começar, Vamos aos fatos:

Teori foi cúmplice do golpe!

Teori afirmou que na primeira quinzena de fevereiro a delação da Odebrecht se tornaria pública!

...

O Michê afirmou e a mídia repercutiu:

Não tem nem perigo dá lava jato me pegar (literalmente não foram estas palavras que o Corrupto disse).

Mas agora vamos além, quais são os beneficiários da morte do Golpista Teori Zavaski?
....

Com certeza, nenhum petista!

Enquanto isso tucanos graúdos continuam de braços dados com ratos marinhos.

Corja!

É o amor

https://youtu.be/ZOuLlXLM3Kw

Boulos e o guarda da esquina do AI-5, por Paulo Moreira Leite

Em dezembro de 1968, quando o Brasil  ingressava na noite do AI-5, que abriu a fase de terror da ditadura militar, o vice-presidente da República Pedro Aleixo produziu uma frase insubstituível sobre a capacidade dos regimes de exceção transformarem a vida do país numa baderna institucional. Justificando seu voto, o único contrário ao AI-5, Pedro Aleixo explicou com a elegância possível na hora que a partir daquele instante a vida política iria se transformar num vale-tudo de atos violentos, sem qualquer amparo constitucional:

-- Não tenho nenhum receio em relação ao presidente. Tenho medo do guarda da esquina.

 Trinta e nove anos depois de um período em que o país enfrentou uma sequencia de barbaridades que não é preciso recordar, a profecia voltou a se materializar na manhã de hoje. Vestindo uniformes cinzentos da PM paulista, um guarda da esquina de 2017 -- o termo  não tem caráter ofensivo, apenas se refere a um grau na hierarquia das forças responsáveis pela segurança pública -- deu ordem de prisão para Guilherme Boulos, líder do MTST, que tentava negociar a retirada de 700 famílias que ocupavam um terreno em São Matheus, na periferia de São Paulo. Então está combinado.

Num país onde a moradia popular é uma tragédia,  agravada pela decisão do governo Michel Temer em esvaziar o Minha Casa, Minha Vida,  a única providência que ocorre às autoridades do governo Geraldo Alckmin, o estado com o maior PIB do país, é prender uma  liderança que procurava uma saída negociada para o futuro de alguns milhares de pessoas sem casa e sem amparo. "Cometem a violência de despejar 700 famílias e eu é que sou preso por incitar a violência," reagiu Boulos.

A criminalização de movimentos populares é uma das primeiras estratégias para a construção  de toda ditadura. Rebaixando o debate de assuntos obviamente políticos, procura-se retirar a legitimidade de de quem está submetido a uma situação de absoluta destituição de direitos, sem outro argumento real além da mobilização. A saída oferecida é se submeter ou se submeter.

No país de hoje, a prisão de Boulos é uma forma de intimidar e demonstrar força, semelhante a invasão exibicionista da Escola Florestan Fernandes, do MST. Guarda uma relação evidente com a pressão contra Lula, ainda que este caso se desenrole em outro patamar.

Representa, de qualquer forma, uma tentativa de substituir a democracia pelo porrete, numa repetição do velho sonho de transformar a questão social num caso de polícia -- realidade que os brasileiros começaram a abolir após 1930.

O guarda da esquina do AI-5 tinha função de perseguir -- com métodos que chegaram à tortura e execuções de prisioneiros --  aquelas lideranças de organizações de massa que, como a UNE e movimentos de trabalhadores, ousavam enfrentar o regime militar.

Era capaz de agir sem receber ordens, às vezes, apenas porque era capaz de sentir o "espírito do tempo" -- dar porrada. Também podia servir como bode expiatório, responsável por "excessos incontroláveis" -- eufemismo sempre útil para generais que queriam transferir a própria responsabilidade para sargentos.

Em 2017, suas ações pretendem criar um ambiente favorável a um retrocesso brutal, que implica numa retirada de direitos e conquistas . A prisão de Boulos mostra que a simples simples tentativa de debater e negociar interesses divergentes pode ser vista como ameaça à ordem legal -- o que é inaceitável num país onde a Constituição diz que a erradicação da miséria e da desigualdade são objetivos nacionais.

A frase de Pedro Aleixo foi a lição positiva de uma catástrofe absoluta em dezembro de 1968. A ressalva ( "não tenho receio do presidente") mostrou-se um absurdo, que traía um viés elitista. Mas era uma rejeição e um voto contra o AI-5, o que não era pouco.

Mas outro personagem, o ministro Jarbas Passarinho, deixou uma lição oposta. Ao votar a favor do AI-5, Passarinho explicou aos presentes que decidira "mandar às favas os escrúpulos de consciência."

Quatro décadas depois, a prisão de Boulos coloca os brasileiros na posição de optar. Podem denunciar um ato contra a democracia.  

Ou podem mandar "às favas os escrúpulos de consiciência."  

Nesta hora, cada um sabe o que fazer.