Bob Fernandes: a reforma da previdência nos salvará

Ruralistas levaram R$ 84 bilhões. Deputados levaram R$ 5,6 bilhões.
Igrejas evangélicas devem, pelo menos, 660 milhões e Bolsonaro já prometeu “afrouxar” as obrigações fiscais para igrejas e indicar para o Supremo um ministro “terrivelmente evangélico”. 28 mil ricos devem, cada um, mais de R$ 15 milhões à União e FGTS, numa dívida de R$ 1 trilhão, 368 milhões. Mas fiquem tranquilos, a Reforma da Previdência nos salvará.
Bob Fernandes

Reforma da previdência

As (novas) velhas práticas políticas: um futuro de práticas arcaicas (re)formador de estruturas.

É muito importante, antes de mais nada, compreendermos os fatores centrais dessa docilidade brasileira compreendida na sua dinamicidade da formação social, como também do modo de produção e reprodução das relações sociais não sendo "neutras" a essa naturalização e manutenção do status quo.

Ontem, tivemos o desprazer de acompanhar o show de horrores (não muito diferente) do enterro (porque o velório fora na reforma trabalhista) da classe trabalhadora no processo da riqueza socialmente produzida, na dinâmica, das quais sempre tivemos ciência da especulação concreta: o congresso aliado com o senado, com o supremo e a presidência da república, ou nas palavras de Romero Jucá "do grande acordo nacional, com o supremo com tudo" e todos bestializados, e não entendo o motivo da surpresa da classe trabalhadora.

O acordão de 379 votos a favor da reforma e 131 contra, elucidam a "velha política" retroalimentada da prática de liberação de 178 milhões em emendas para os parlamentares tão criticada e reproduzida pelo atual governo, que se beneficia das práticas e pátina na sua teoria.

Entretanto, o que podemos esperar desse futuro tão promissor e vantajoso com a terceização das atividades meio e fim, da reforma trabalhista, e agora, no complemento de ambas a reforma trabalhista, se não, a radicalização da pobreza e o entreguismo da força de trabalho ao capital estrangeiro?

Quais as soluções podemos pensar frente a isso?
Será que as práticas da "esquerda conciliadora" se esgotou? (O que reitero fortemente) e o que esperar da classe que vive do trabalho? Podemos nos pensar na radicalização da luta de classes como o único viés frente as barbáries.

"Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grande novidades", e de fato, l tempo não para porque ele ainda é o mesmo...

Cristopher Sad

General Heleno (GSI) diz ter vergonha de ganhar 19 mil reais

Eu tenho vergonha é que meu suado dinheirinho (impostos) sirva para pagar um desqualificado dessa laia

Conversa Afiada - Olá tudo bem?

PAULO HENRIQUE AMORIM, PRESENTE!

Olá, tudo bem?
Não, não, não! Não seja imbecil, Orlando!
Evidentemente que não!

É claro que eu queria que isso fosse só uma Conversa Fiada.
Não foi.
Como eu pensei que era fake.
Não é.

Lamentavelmente é New.

E a dor reside na novidade, a triste e trágica novidade.
A dor de pedra estava na verdade.
Na estúpida verdade.

Na perda irreparável e insubstituível do maior jornalista brasileiro.

Paulo Henrique Amorim nos deixa quando o país não poderia ficar sem ele.
Sem a irretocável inteligência e a flamejante coragem dele.
A democracia, a liberdade de expressão e o estado de direito não podiam prescindir de seu pensamento cirúrgico e visão aguçada dos fatos.

Num momento monumentalmente difícil para a nação quando os ódios conspiram contra a verdade.

Acho que foi direto de uma redação vazia, às escuras e órfã do sol de suas palavras.
Magistrais.
Brilhantes.

Foi de lá que me ligou o Vasco.
Para contar de sua partida.
Mas para me fazer lembrar também de que quando parte um homem, um grande homem – e PAULO HENRIQUE AMORIM é esse homem – fica o seu legado.
Ficam os frutos maturados de seus ensinamentos e o valor das verdades que defendeu.
A imensurável herança imaterial daquilo que ninguém, nem o tempo, nem as ideologias conseguirão apagar.

Me conta o Vasco, pois, que PHA deixa o seu exemplo de jornalista pautado pelos princípios da ética e da retidão.
Sim, Paulo Henrique foi um homem reto.
Problematizador, mas digno e honrado.

Seu símbolo maior era a coragem.

A Civilização Ocidental perde o seu melhor. O âncora dos âncoras do melhor jornalismo!

Isso é do conhecimento até do “reino mineral”, diria o Mino Carta. Que dirá o PIG!

A forma, o jeito de falar e dizer o que telespectador e leitor precisavam ouvir.
De uma forma única.
Incisivamente.
Admiravelmente.
Cativante.

PHA nos deixa irremediavelmente sós.

Com seu Conversa Afiada, Deus revela em uma Rádio-Navalha, numa edição nada especialíssima, que você vai, afiando os astros a caminho do Céu para que eles e o Universo se alinhem às ideias de liberdade nossa e do Brasil.

Siga em paz, PHA.

Por aqui vai ficando este grande fã, discípulo, aprendiz, admirador e seu amigo-navegante.

Porque navegar vai ser preciso...
Boa viagem e Boa Sorte!

(OrlandoDeSouza)

Carta de Paris

Jessé Souza: A Lava Jato desqualificou a Justiça
Sociólogo explica em Paris o Brasil de Bolsonaro
Por Leneide Duarte-Plon    
                               
«Como se imbecilizou o povo a esse ponto para levá-lo a pensar que o problema do país é a corrupção política? Como se retira o poder de reflexão do povo inteiro a esse ponto? O alfa e o ômega da história brasileira é criminalizar a soberania popular e os pobres e ter o Estado para os ricos, roubar com isenções fiscais, não pagar imposto».

Um dos intelectuais brasileiros mais conhecidos e lidos, o sociólogo Jessé Souza vai, a partir de setembro dar aulas na Universidade Sorbonne Nouvelle-Paris1. O anúncio foi feito no final de sua concorridíssima conferência no Institut des Hautes Études de l’Amérique Latine (Université Sorbonne Nouvelle-Paris 3), dia 2 de julho. A conferência tinha por título «Le Brésil de Bolsonaro-Diviser pour régner» e o brasileiro foi apresentado pelo professor Gérard Wormser, diretor da revista Sens Public, que publicou recentemente o artigo de Jessé Souza «Bolsonaro, raciste en chef du Ku Klux Klan et des petits blancs du Brésil».

Souza apresentou uma conjuntura bastante difícil para o Brasil, que vê dominado por um sistema racista de uma elite cínica, que manipula a classe média com uma falsa narrativa anticorrupção e, na verdade, usa o Estado para enriquecer. Diante desse governo, se debate uma esquerda sem bússola.

«A esquerda não tem nenhuma narrativa política para o Brasil, jamais teve mas é arrogante pois pensa que tem. O Brasil tem uma esquerda sem as armas simbólicas para efetivamente criar uma narrativa que tenha uma direção para o futuro».

Em sua verdadeira aula de história do Brasil para um público formado de franceses e de brasileiros, o sociólogo não poupou as elites econômicas e sociais brasileiras que «sempre utilizaram o Estado como seu cofrinho». Ele citou o sociólogo francês Pierre Bourdieu para explicar a violência simbólica da elite brasileira com o objetivo de dominar o imaginário da classe média.

Depois de resumir a história do Brasil, sua origem escravagista que marca até hoje as relações sociais, a Justiça e o Estado, Jessé desconstruiu o que ele chama de «mitos» caros a intelectuais que formaram várias gerações de brasileiros, como Sérgio Buarque de Hollanda.

«A transmissão cultural não se dá pelo sangue. A fraude de dizer que o Brasil vem de Portugal foi inculcada desde sempre, o Brasil vem da escravidão, que não existia em Portugal. É a escravidão que estrutura a sociedade brasileira. A cultura passa pelas instituições, família, escola, justiça, trabalho. E a escravidão é a mãe do Brasil. O resto é fraude, mentira, bobagem. Todos os grandes pensadores repetiram e naturalizaram a mentira».

Para ele, o Brasil é até hoje marcado pela escravidão e suas consequências.

Bolsonaro, o mais corrupto entre os corruptos

«Jair Bolsonaro é fruto da Lava-Jato, cujo projeto era ganhar do PT por meios não-eleitorais. Antes era o projeto da UDN, do atalho que não passava pelo voto. Bolsonaro é o pior político que o Brasil já fabricou em 500 anos. E olhem que o Brasil já produziu gente muito ruim mas nenhum canalha maior que Bolsonaro», diz Souza, ovacionado pelo público.

Ele continua :«Bolsonaro é o representante do que podemos chamar de lixo branco. É uma expressão dos Estados Unidos para designar o branco que tinha menos dinheiro, menos educação, socialmente é inferior ao branco americano do Norte e que só tem a cor da pele como vantagem. Por conta disso, ele é o maior racista dos EUA. Ele odeia o negro. Nas famílias brancas do interior de São Paulo, o maior crime que você pode cometer aos olhos da família é casar com um negro. Bolsonaro vem desse meio. A política de Bolsonaro é dar arma para a milícia matar pobre e negro. Ele não tem política pública a não ser o holocausto de pobres e negros. Ele fala ao pequeno branco que ganha entre dois e seis salários mínimos. É o remediado pobre. Bolsonaro é a vingança deste lixo pobre branco sobre o negro e o pobre que melhorou de vida. Essa baixa classe média fascista existe no Brasil há cem anos. O movimento fascista brasileiro, o integralismo, tinha 500 mil inscritos, é a mesma canalha que apoia o Bolsonaro.»

Segundo Jessé Souza, a imprensa é a aliada de sempre dos que querem manter os privilégios dos cem mil brasileiros que mandam no Brasil. Ela bombardeia a todos com a suas mentiras.

«A escravidão não é somente um processo de exploração econômica do escravo mas a humilhação cotidiana e desumanização do escravo. Numa sociedade escravocrata que precisa humilhar o outro para mantê-lo na servidão, é preciso desenvolver sentimentos sádicos, dando origem ao gozo na humilhação. Nada define mais o Brasil e o brasileiro de classes dominantes do que o prazer em humilhar. O brasileiro tem o gozo da humilhação do inferior socialmente.»

Para o sociólogo, o brasileiro interiorizou a idéia de que somos emocionais, logo, irracionais, animalizados, incapacitados à reflexão, à abstração, a pensar. O espírito é a inteligência, honestidade, a racionalidade. Tentar destruir a auto-estima de um povo é a melhor maneira de mantê-lo subalterno.

«Como eu posso fazer com que a classe média jamais entre na arena para decidir com sua própria cabeça mas para servir aos meus interesses? É preciso imbecilizá-la e fazê-la agir contra seus próprios interesses de classe. Como tornar a classe média letrada imbecil? É preciso conquistá-la pelas idéias e então cria a Universidade de São Paulo pois a classe média controla a sociedade, supervisiona em nome de uma pequena elite. Pela violência simbólica e por idéias que são fraudes científicas».

O que Souza mais enfatizou foi a marca da escravidão que deixou raízes profundas na sociedade brasileira e até hoje está presente nas relações sociais e no racismo que impediu os negros de terem acesso à educação e a uma vida digna depois da Lei Áurea.

Difícil ser mais explícito sobre o jogo de interesses que se escontem por trás da Operação Lava Jato e que pode ser explicado pela tensão permanente entre os donos do poder e os interesses do povo.

Criminalização do PT, Lacerda foi o Moro de Getúlio

Segundo Jessé Souza, a ditadura maculou as Forças Armadas e a Lava Jato jogou descrédito sobre a Justiça brasileira.

«Qual o grande crime de Lula? Por que o canalha do Moro teve que construir crimes fictícios de Lula e esconder os crimes reais do sociólogo quase francês Fernando Henrique Cardoso? Esconde os crimes do sociólogo quase francês e inventa crimes do metalúrgico», lançou, veemente, Jessé Souza.

Segundo ele, a criminalização do PT vem do fato de Lula ter posto pobres e negros nas universidades.

«Passei 20 anos na minha vida sem ter um só estudante negro na minha sala. Hoje, o número de estudantes negros e pobres nas universidades é imenso. A universidade é o centro do conhecimento que querem manter como monopólio da classe média e dos ricos».

Mudam os tempos, mudam os personagens mas os métodos e os fins são os mesmos, explica.

«A criminalização do povo e de seu representante começou em 1954, quando Getúlio foi vítima de uma trama das elites. Lacerda foi o Moro da época».

O crime de Getúlio, explica, foi incorporar o trabalhador nas benesses do mundo moderno. Ninguém provou que ele tinha roubado. Mas foi acuado e se matou. Depois fizeram a mesma campanha contra Jango, Lula e Dilma. O eterno pretexto da corrupção é um tema recorrente cada vez que a direita quer cooptar a classe média para defender os interesses das elites econômicas.

Quem fez dinheiro no Brasil fez à custa do Estado.

A República Velha não mudou

A seguir, outros trechos da conferência :

«Quais os dois princípios da República Velha que continuam até hoje? A elite econômica, cem mil pessoas quer o Estado para roubar, se apropriar dele. O povo, feito de imbecil, joga a culpa na política».

«Examinando os resultados, constata-se que depois de 5 anos, a Lava Jato recuperou 1 bilhão de dólares para os cofrer públicos. Ora, somente uma corrupção, a sonegação de impostos, representa 520 bilhões de dólares, segundo um organismo inglês de universidades inglesas. Não há sequer comparação possível».

«Os juros brasileiros são onze vezes maiores que na França. É a transferência dos mais pobres para quem tem os títulos da dívida pública. Esse é o roubo do Brasil. Quem rouba no Brasil é a elite do dinheiro».

«O que é o Brasil de verdade? É o que abandonou os escravos nas cidades, sem acesso à terra, à educação. O ódio do Brasil ao negro levou a essa política atual feita para matar negros e pobres. Foi montado um bastião racista branco para manipular a classe média. Eles dizem, não vamos eleger um ladrão do PT. Então elegem um homem que apoia torturador, assassinato, miliciano. E que é ladrão. Que moralismo da classe média é esse? O pecado do Brasil é que pobre e negro não podem ter nenhum avanço. Como isso é canalhice e num país superficialmente cristão isso não pode ser admitido, é preciso negar o racismo. Então se inventa o combate à corrupção na política pois é ele que pode retirar o pobre e o negro de seu lugar subalterno. Essa é a canalhice brasileira. O branco brasileiro é um canalha que se acha um ser moral».

«Para a elite, um povo humilhado, sem auto-estima, é fácil de ser manipulado. É bom para a elite brasileira e bom para a elite internacional, especialmente para os Estados Unidos que usam a ideologia da superioridade para legitimar o saque das riquezas do Sul global.»

«Por que o Brasil nunca pode se industrializar pois os Estados Unidos vêm e montam um golpe de Estado? E isso é visto como normal, a maioria é indiferente ou apoia.»

«O Estado tem que ser criminalizado porque é a unica entidade forte o bastante para se contrapor ao mercado, controlar o mercado. Então é preciso criminalizar o Estado, criminalizar a política que é no fundo criminalizar o povo, a soberania popular. O pensamento brasileiro vive da criminalização do povo e de todo representante popular, imediatamente acusado de populismo. O que vem do povo é ruim, quem representa o povo é ladrão e demagogo.»

«Esse pessoal branco que odeia negro e pobre é quem apoia esse regime do ódio. É preciso criar uma superfície de moralidade porque o canalha não pode ser visto como canalha. E então as pessoas que o apoiam se escandalizam com a corrupção política seletiva só de representantes do povo».

O encontro com Jessé Souza foi promovido pelo IHEAL, pela RED-Br (Réseau Européen pour la Démocratie au Brésil) e pela revista Sens Public, entre outros.

Bom dia

Bom dia vida!
Bom dia amigos!
Enquanto você dormia quem te representa vendia seus direitos por emendas!
O que mudou ?
A velha política em pauta!
Senhor Jesus obrigado por mais um dia!
Elvira Yung