Mensagem da Vovó Briguilina

Você pode tomar 
Uísque
Cerveja
Cachaça
Côco
Vinho etc
Pode até tomar no cu
Mas tomar conta da minha vida não.
Fui Clara ou preciso desenhar?

Artigo do dia


Brasil refém do ódio. Sem cadáver, sangue ou cinzas... a barbárie 
“Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa” (Art. 212 do Código Penal). Trato desse tema de forma imprópria por falta de dois elementos materiais e essenciais: cadáver ou cinzas. O cadáver do qual quero falar nunca foi encontrado, enquanto as cinzas correspondem a uma névoa no passado sujo de nossa história.
Sem cadáver ou cinzas, há consenso entre juristas de que a análise do crime de vilipêndio de cadáver contempla não apenas os mortos, mas, sobretudo parentes ou herdeiros – desde o direito romano! Outro consenso é que tem por objetivo a proteção de sentimento de respeito à memória dos mortos, quer sob a perspectiva do interesse individual, coletivo e ou como um valor ético-social. O tipo penal está no capítulo “Dos Crimes Contra o Sentimento Religioso e Contra o Respeito aos Mortos”. Nessa mesma linha protetiva segue o artigo 139 do Anteprojeto do Código Penal, que prevê como crime, “ofender a honra ou a memória de pessoa morta”.
Não há, portanto, cadáver ou cinzas vilipendiados, ultrajados, tripudiados para um enquadramento penal técnico. Há uma violência verborrágica de um títere que sofre de incontinência verbal, e que no passado tinha incontinência e ou obstrução intestinal. Há, entretanto valores éticos, morais a serem preservados, tanto no Código de Ética do Servidor Público quanto no Art. 37 da Constituição Federal.
Trato desse assunto em virtude do presidente da República haver desrespeitado a memória de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira – estudante e militante do movimento estudantil brasileiro, ligado ao grupo político Ação Popular. Não apenas estudante, mas também servidor público concursado, com endereço certo e não tinha participação em atos de terrorismo.
O presidente atingiu de forma objetiva também os familiares, primeiramente por associá-lo ao terrorismo (sem provas), segundo por sugerir ser ele um traidor, razão pela qual teria sido assassinado por seus pares. A própria entonação da fala presidencial dá o tom jocoso e a intenção de ferir, delinquir, num flagrante desrespeito aos familiares que não tiveram o direito de enterrar um parente e que não teve o direito de conhecer o pai.
Para um país cuja grande imprensa – escrita, falada, televisionada – cultivou o ódio, tudo soa consequência natural. Normal também num país cujas instituições são controladas por pessoas forjadas dentro da corrupção (os vendedores de palestras, os corruptos em troca de cargos, os que rasgaram a Constituição Federal por decrepitude moral que o digam). Normal para um país que finge combater o que alimenta e do que sobrevive, cujo judiciário pactua de um golpe de estado e com uma eleição presidencial fraudulenta para dar aparência de legalidade. País, aliás, que desmoralizou sua própria bandeira, quando em nome dela loteia sua soberania.
De há muito me inquieto com essa derrocada. Conversando com um amigo sobre o caso de Fernando Santa Cruz, comungamos do sentimento sobre o que aprendemos a respeito das ideias de Estado e Democracia. Ainda que com imperfeições, seria o máximo que o estágio de civilizatório conseguiu atingir, para tornar os seres humanos possíveis nas suas relações mútuas. Dentro delas, a própria ideia de Direitos Humanos como forma de freio à tirania do Estado. A ideia de servidores públicos a serviço do Estado e não de governos de plantão, como forma de garantir-lhes cunho republicano.
De repente, não mais que de repente, diz meu amigo, tudo se esvaiu no ralo do ódio, do preconceito, da ganância. O estudo do Direito – diz o colega, nos reporta a diversos momentos da humanidade, e aqueles debates que pareciam ideias abstratas, que soavam como meras hipóteses se revelam concretas. O que parecia superado, digo eu, não passou e está guardado na usina do ódio. Passamos da vingança privada, Lei de Talião, até chegar ao renascimento e alcançar a reprovação da tortura, não apenas por ser método injusto, mas por que também não funcionava. Houve sinais de avanço nas relações do indivíduo- Estado. Quando se volta ao passado começa a entender a importância do constitucionalismo na prática. Mas, as conquistas que pareciam sólidas de repente parecem se esvair e caminhar para a barbárie. O que era simples debate acadêmico virou um debate prático.
O Brasil está nas mãos de arruaceiros e deslumbrados ou as duas coisas juntas. Arruaceiros que querem fechar o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, que ameaçam e assassinam impunemente (Quem mandou matar Marielle Franco e Anderson Silva?). Na onda de libertinagem explicita vem a farra de passaportes diplomáticos, tráfico de droga em avião da comitiva presidencial, uso de aeronave para ir a festa de casamento, envolvimento com milícias, divulgação de X Vídeos, falas torpes, mentidos e desmentidos. Notícias divulgadas ontem dão conta de que, em 28 anos, o clã Bozo beneficiou 102 pessoas ligadas a 32 famílias.
Mudei de assunto? Não! Tudo acima parece normal, embora meu amigo diga que é anormal. O insulto à memória de Fernando Santa Cruz saiu da boca suja de quem desde sempre fazia apologia ao crime – a um torturador, à quadrilha de milicianos que foram até condecorados por seu filho.
Falar de memórias do Direito, Democracia e dos avanços civilizatórios serve para alertar que há meios para frear a “Mula Sem Partido que comanda a Nação”. Seja com focinheira – como sugeriu um ministro, seja com interdição – como insinuou um famoso jurista, seja apelando para todo o instrumental legal disponível. Ainda que para simples desmoralização desse próprio instrumental. Usar a Constituição como instrumento de reafirmação ou desmoralização dela mesma e, por via de consequência, desafirmar e desmoralizar o presidente da República de um Brasil refém do ódio, a caminho da barbárie.


Armando Rodrigues Coelho Neto

Frase da noite

A decepção não mata

Mas faz muito sentimento bom e bonito morrer
Boa noite pra você

Leandro Fortes: eu acuso

Todos vocês, coleguinhas jornalistas, que embarcaram no antipetismo feroz que serviu para derrubar Dilma e gestar Bolsonaro, todos e todas, repito, são responsáveis pela merda em que estamos vivendo.

Para puxar o saco do patrão, para fazer média com as fontes, para ser aceito como protagonista em uma sociedade apodrecida pelo preconceito ou para garantir um salário de merda, no fim do mês, não importa. Vocês são culpados e culpadas.

Em maior ou menor grau, vocês emprestaram a credibilidade de vocês e destruíram o jornalismo brasileiro por ação ou omissão, naturalizando absurdos, incensando idiotas, amenizando arbitrariedades, fingindo indignação, dando asas a juízes e procuradores corruptos em nome do combate a uma corrupção que nunca, em tempo algum, lhes causou qualquer reação, antes.

Agora, eu vejo muitos de vocês nas redes em um esforço comovente de se mostrarem democratas genuinamente horrorizados com o fruto podre da árvore que vocês regaram com tanto prazer. Sinto um misto de pena, nojo e vontade de rir.

Eu poderia nomear, sem medo de errar, pelo menos uma dezena de vocês, mas os não citados poderiam sentir um alívio injusto. Cada uma e cada um de vocês sabe o papel abjeto que cumpriu nessa jornada. Essa carapuça irá pairar, eternamente, no ar.

Portanto, não adianta posar de democrata, agora que o circo está pegando fogo. Porque quando só uns poucos tinham coragem de dizer a verdade, vítimas de toda violência que vem junto, vocês estavam disseminando mentiras, cúmplices bem remunerados dessa gente que agora também quer lhes devorar.

Sinto informar, mas, se depender de mim, vocês nunca vão conseguir se esconder.

Intercept: amnésia moriana


Divulga que Sérgio Moro não declarou uma palestra remunerada (muito bem remunerada) que fez em 2016. 

O Briguilino perguntou ao ministro da justiça (sejumoru):

- Ministro o senhor não declarou quanto recebeu dos patrocinadores da palestra por que?

- Deve ter sido um lapso de memória.

- E desde quando tem estes "lapsos de memória"?

- Desde que o Gleenwald começou a publicar a #Vazajato.

Mensagem da madrugada

Viva exatamente como você É
Respeite a opinião dos outros
Mas também respeite a tua da mesma maneira
Pois no final só vamos prestar contas a nós mesmos

A direita não liga para História


"Percebo nos olhos dos amigos de luta a tristeza e o cansaço. E confesso que muitas vezes em que me olhei no espelho ultimamente não gostei do que vi: nossos sorrisos estão mais tímidos, escondidos e raros.
É triste observar o nepotismo, o popularismo, a cretinice, a canalhice, a mediocridade que imperam no país nadar de braçada à nossa frente.
Sem críticas, questionamentos ou constrangimentos.
Há uma espécie de cegueira coletiva, consequências de um país que enlouqueceu, embruteceu e emburreceu.
O pior da direita é que eles não ligam para a História. Não aprendem nada.
Se sentir enojado como esse governo que está aí não significa necessariamente ser “Lula Livre” ou “petista”.
Trata-se de uma questão de inteligência mesmo.
Não ser Bolsonaro, esse equívoco histórico horrível, não significa ser Lula.
Então, perceber essa anestesia intelectual, que compactua com coisas como Olavo de Carvalho, terraplanistas, Damares e essa ruma de gente constrangedora e imoral é doloroso.
Observar a defesa sem críticas à Moro e Dalagnol, mesmo diante das perturbadoras mensagens vazadas é desalentador.
Ouvir de amigos afirmações de que Jean Willys “vendeu” seu mandato ao vereador do Rio David Miranda, repetindo um mantra desonesto e completamente sem noção de fake News criados por Carluxo, através de seu perfil bizarro “pavão misterioso” é muito triste. É ver derretendo uma admiração, um carinho, uma confiança na capacidade intelectual de tais amigos.
Ouvir pessoas próximas defender que as mensagens do Intercept são falsas e que Gleen, um jornalista premiado com um Pulitzer e um Oscar é um “bandido verdevaldo” é profundamente chocante.
Perceber a imaturidade política e desonestidade intelectual em quem você admira é muito impactante.
E sei que não sou só eu que estou passando por isso. Todos nós, que percebemos claramente o esforço feroz de destruírem um projeto de soberania e protagonismo nacional estamos nos sentindo muito tristes. E impotentes. A cada dia é uma surpresa nova. Um choque novo. E uma constatação de que eles não estão ligando.
Sempre foi luta de classes. Sempre foi.
Estamos diante de mais uma: a reforma trabalhista da forma que foi feita; a reforma da previdência tal qual está sendo feita; a vilanização da cultura, do pensamento, do ensino público gratuito; trata-se tão somente de luta de classes.
Nós, que acreditamos em um país mais justo e mais humano, estamos perplexos diante das maldades perpetradas por pessoas que se dizem do bem, conduzidas pela fé e pela palavra de Deus. Nós, que entendemos a palavra de Jesus, estamos perplexos. É o oposto do mantra mais simples e repetido de sua palavra: “amai ao próximo como a si mesmo”.
Essas pessoas de bem odeiam pobres. Odeiam pretos. Odeiam gays. Odeiam as diferenças. E detestaram ver essas diferenças ocupando espaços antes reservados apenas para eles, os nobres e superiores cidadãos da Casa Grande da nossa eterna senzala.
Luta de classes.
Estamos tristes e adoecidos, é verdade.
Mas é agora, mais do que nunca, que precisamos manter a cabeça de pé.
Nenhuma maldade dura para sempre.
É da natureza das coisas a luz vencer a escuridão.
Vamos manter nossa alma, cabeça e espírito fortes.
Vamos resistir. A maldade perderá um dia, pois assim foi na inquisição, no nazismo, nas ditaduras e assim será mais uma vez.
Reúnam-se com seus amigos de fé e riam, gargalhem, se divirtam.
Quando for inevitável estar com os parentes e amigos “gente do bem cristã”, respire fundo e seja superior. Porque somos superiores. Estamos do lado certo da história.
Esteja mais com quem gosta de estar.
Leia mais livros bons. Assista mais filmes. Mais séries. Passeie mais com quem gosta. Dê mais valor a quem você ama. Se ame mais.
Essa dor vai passar.
Pois toda dor é como nuvem que se forma, se desmancha e vai embora.
E se por acaso queimar a pipoca no microondas, dê risada e jogue tudo fora. Há coisas mais importantes para a gente dar atenção !
Sigamos! Junto !"

texto de Fernando Haddad