Fernando Verissimo: como nossas elites são volúveis

Trecho da coluna de  Luis Fernando Verissimo no Globo hoje quinta-feira 26/III - (...) Até pouco tempo era fácil interpretar panelaços, ouvidos sempre em zonas de alto poder aquisitivo ou alta classe média. Não havia dúvida sobre quem estava nas janelas e nas sacadas dos edifícios, batendo em frigideiras, travessas e surdos improvisados, em apoio ao governo que tinha ajudado a eleger com seu barulho. Hoje os panelaços são feitos nos mesmos edifícios, supõe-se que pelas mesmas pessoas, mas acompanhados de gritos de "Fora Bolsonaro!", o que só prova como são volúveis nossas elites, como é difícil fazer sociologia a curto prazo no Brasil e, principalmente, a falta que faz um bom intérprete de panelas para nos orientar.

Nenhuma novidade no fato de um governo perder apoio na prática de governar. Promessas de campanha são como juras de amor, servem para seduzir, não necessariamente para durar. Mas, no caso da desilusão com Bolsonaro & Filhos, a decepção foi maior porque a expectativa dos seus 57 milhões de eleitores — espantosa, conhecendo-se a biografia e a personalidade do candidato — era maior. Digam o que disserem do Bolsonaro & Filhos, eles nunca esconderam o que eram, ou chegaram ao poder disfarçados de outra coisa. O que os 57 milhões elegeram foi isso aí mesmo.

Quanto à mudança dos panelaços de a favor do governo para contra o governo, a causa, entre outras, é o desempenho de Bolsonaro & Filhos na guerra contra a peste que nos assola, como ficou evidente na fala inacreditável da terça-feira. Não sei como estão sendo interpretados os panelaços do Leblon, mas se são sinais de insatisfação também são sinais de conscientização, e nos servem. Portanto, não pergunte por quem soam as panelas do Leblon, elas soam por você.

Bovid - 17, por Bartolomeu Nogueira

Os principais sintomas do Bovid-17 são confusão mental, paranóia, dificuldade em aceitar ideias diferentes das suas e irracionalidade. Os casos mais graves podem apresentar ainda forte desejo por militarismo e discurso hipócrita sobre moralidade religiosa. Estimativas dão conta que 57 milhões de brasileiros já foram afetados. Apesar da doença não ser contagiosa, sua cura é extremamente rara. Para indentificar o enfermo basta criticar o "mito", em poucos segundos o contaminado começará a falar sobre comunismo, socialismo, esquerda, Lula, Dilma e PT. Pessoas com hábito de leitura e bom raciocínio lógico são imunes a peste, quase sempre.

Bartolomeu Nogueira

Para bois e vacas da boiada bolsonarista, por Caio Meneses

Bolsominion vá pra rua
Junto com seu presidente 
Abrace quem tá do lado
Espirre em quem tá na frente
Bote os filhos pra escola
E beije o seu pai doente

Mas não se sinta demente
Siga a recomendação 
E fakenews sobre a China
Desligue a televisão 
Você também foi atleta
Confie no seu corpão 

Diga que Lula é ladrão 
Bote a culpa no PT
Que tá tudo esclarecido 
E só a gente não vê 
Que o mundo tá todo errado
E quem tá certo é você 

Só ligue a sua TV
Quando o mito for falar
Escute o que ele disser
Siga o que ele aconselhar 
Sua TV é o espelho
Lhe ajudando a se olhar

Depois saia pra lanchar 
Melhor que vá ao Madero
7 mil morrer é pouco
O que vale é o dinheiro
7 mil e um morrendo 
Vão lhe chamar de guerreiro

Vá em frente companheiro
Pra sua igreja rezar
Leve a família todinha 
E o dinheiro pra pagar
Depois veja se o pastor
Vai querer lhe abraçar 

Faça um vídeo pra mangar
Da desgraça dos seus pais
Depois poste nos seus grupos
Onde estão os seus iguais
Famílias bem sucedidas 
Pessoas tão geniais

Siga assim, não volte atrás 
Nem se arrependa de nada
Bolsonaro é quem tá certo
De tá fazendo piada
Boi que é boi não abandona 
O outro boi na boiada

Saia com a Chapagne gelada
E a faixa dizendo assim:
O Mito é a nossa cura!
O Brasil tá bom assim!
Faço parte da boiada!
Doença não pega em mim!

Caio Meneses

Jair Kamikaze, por Fernando Brito

Jair Bolsonaro despenca, em voo picado, para espatifar-se.

Ao defender, hoje, em rede de televisão, que a reabertura do comércio e das escolas e fim do 'confinamento' , colocou-se como responsável por todas as desgraças que nos advirão e que são muito mais que os 2 mil infectados hoje.

Jair Bolsonaro, na TV, era um morto-vivo e sua imagem o revelava.

Restam-lhe os loucos e os robôs.

Não há uma voz sadia que o defenda, passou a ser um José Sarney após o Cruzado.

Jair Bolsonaro já não governa a República e já não tem apoio militar para aventurar-se fora de seu exílio planaltino.

Quem conhece história deste pais sabe que ele será levado à renúncia, sem a alternativa de poder que a suceda.

A emergência nacional talvez lhe conceda alguns dias de indulgência, não muitos.

Que Jair Bolsonaro tornou-se incapaz de governar é um fato estabelecido.

Há dias que não o faz e apenas reúne seus auxiliares para humilhá-los num espetáculo de submissão e homens medíocres, porque ninguém provido e dignidade permanece na "rapa" deste governo.

Não cabe mais de discutir sandices como a de restabelecer o funcionamento das escolas e a volta ao trabalho indiscriminada, que são suicídio.

Se o kamikaze do Planalto quer fazê-lo, que se espatife sozinho, levando seus dóceis, inclusive os fardados indignos de seu juramento defender o Brasil.

Tijolaco 

Lições do coronavirus

Ontem o Dr. Nelson Ferrão, um dos médicos dos SUS que está virando dia e noite para tentar salvar vidas, postou um desabafo:

"Uma coisa é certa, o Coronavirus é muito didático. Ele joga duro, mas é papo reto, na lata. E dá lições sem falar, só causa e consequência. Eis algumas delas?

Lição 1) Para o mercado, as crises só servem mesmo pra ganhar mais dinheiro, especulando. É só olhar o preço do álcool gel. Quando a coisa aperta, até os planos de saúde e os hospitais privados mandam os pacientes pro SUS. Ou seja, na hora do pega-pra-capar, só se pode esperar alguma coisa mesmo é do Estado; logo, se você é um desses que quer acabar com o Estado, prepare-se para ser presa fácil das aves de rapina de sempre.

Lição 2) Numa sociedade integrada, nenhuma bolha é segura. Você pode morar em condomínio fechado, ter vigilância monitorada, álcool gel em todas as peças da casa e o escambau, mas se os pobres, que talvez você ache que mereçam ser pobres, não tiverem uma vida digna -- com acesso à saúde, educação, cultura, direitos trabalhistas e tudo mais --, eles levarão o vírus até você.

Pode ficar certo, a empregada que te serve e viaja diariamente naquele ônibus superlotado, o motoboy do i-Food sem direito à licença saúde que te faz entregas, ou aquele operário que vai trabalhar mesmo doente porque não pode ter o salário descontado, pois têm um destes modernos contratos flexíveis de trabalho sem direitos: eles vão furar a sua bolha e expor a sua miséria também. E se prestar atenção, talvez você entenda também que a violência urbana que mata o playboy do asfalto tem origem na mesma desigualdade social de sempre, que você talvez ache natural.

Ou seja, estamos todos no mesmo barco, e mesmo que você esteja no andar de cima, se o barco afundar você vai junto. Só a solidariedade salva: ou todos estão seguros, ou ninguém está.

Lição 3) Pense melhor em quem você elege para cargos executivos. Não adianta eleger Presidente, Governador, Prefeito fazendo arminha ou combatendo mamadeira de piroca e kit gay.
Se os caras eleitos não souberem o que fazer lá onde você os colocou, periga até eles saírem às ruas em plena quarentena pra se aglomerar, cumprimentar fãs, tirar selfies e ajudar a espalhar o vírus, ou então pra dizer para a população que não vai dar nada, que se dermos uma banana pro vírus ele vai embora. Ou até as duas coisas juntas.

Se eles não tiverem competência nem para identificar uma ameaça real, que dirá para montar uma operação de guerra, amarrando todas as pontas necessárias para não deixar isto virar uma tragédia maior, de políticas sanitárias preventivas, passando por um sistema universal integrado e seguro de saúde para acolher os doentes, até medidas de proteção às empresas e trabalhadores que serão afetados pela paralisação de muitas atividades.

Lição 4) Quer goste ou não deles, você novamente será salvo por algum cientista. Você pode até achar bonito combater a ciência, ser negacionista, terraplanista, antivacinista, militarista, dizer que as instituições públicas de ensino e pesquisa são aparelhos comunistas, mas na hora da verdade, se tem alguém que pode salvar a sua vida são os pesquisadores e pesquisadoras de universidades públicas, da Fiocruz, do Instituto Butantã, de todas aquelas instituições que têm sido achincalhadas e precarizadas nos últimos anos.

São eles e elas que estão trabalhando hoje, silenciosamente, ao lado dos principais centros de pesquisa do mundo, para desenvolver medicamentos e vacinas contra este e outros vírus que ainda nos ameaçam. Sem eles, talvez nossa civilização até já tivesse sido dizimada. Então, pense melhor em para quem você rende homenagens. Quando uma ameaça de grandes proporções como essa nos acossar novamente, lembre-se, não são os milicos com fuzis AR-15 nem os pastores que vendem curas fáceis em troca da senha do seu cartão de débito que irão nos tirar desta enrascada, mais uma vez. São os cientistas, e em geral de instituições públicas".

Coronav-19: Solidariedade

O COMBATE AO COVID19

*Xuxa que tem #PactoComSatanás DOOU 1Milhão de Reais...
*Rihanna que é #Maconheira DOOU 8Milhões de Dólares... 
*Rick Martin que é #Viado DOOU 3Milhões de Euros
*Maron Five que é #Ateu DOOU 1Milhão.
*Rul Paul que é #DragQueem DOOU 1Milhão
*Valentina que é #Trans DOOU 1/2 Milhão.

... E TEU PASTOR 
Não doou quanto para os mais necessitados?...  

Aí Eu te Pergunto: 
QUEM É QUE TEM CARATER???

#Postei
🏃🏃🤣🤣
Michael Tarin 

Balaio do Kotscho: o bolsonarismo veio para ficar?

Mais dia, menos dia, a pandemia de coronavírus e Bolsonaro passarão, mas temo que uma praga ainda mais perigosa tenha vindo para para ficar: é o boçalnarismo em marcha, uma nova categoria de pensamento e de atitude diante da vida.

Ou não é inacreditável que 35% da população brasileira, segundo o Datafolha, ainda avalie como ótimo/bom o comportamento de Bolsonaro na crise do coronavírus?

Diante dessa tragédia há muito anunciada, e da sequência de atitudes irresponsáveis daquele que deveria comandar a nação neste momento, custa entender como 3,5 entre cada 10 brasileiros ainda apoiem o presidente da República.

Essa avaliação é pior do que a de governadores e do ministro da Saúde, mas ainda assim demonstra como mais de um terço da população não faz ideia dos perigos que está correndo com esse estropício no poder.

O boçalnarismo é anterior a Bolsonaro, é verdade, mas a partir de 2018 saiu das tumbas e dos armários da direitona enrustida, para ganhar as ruas, ao ganhar um porta-voz da mediocridade, do rancor, do ressentimento e de tudo o que há de mais nefasto e abjeto na alma humana.

Como dizia Nelson Rodrigues, os idiotas perderam a modéstia, e viraram protagonistas deste circo de horrores.

A julgar pelo Datafolha, aconteça o que acontecer, esse exército miliciano veio para ficar e não arreda pé das suas certezas, baseadas na negação da ciência, do saber e dos fatos.

Basta ver os comentários publicados neste Balaio para ver a que ponto pode chegar o negacionismo ululante, que na semana passada simplesmente se recusou a ouvir o barulho dos panelaços diários e atribuiu tudo a uma conspiração da mídia.

Em que mundo vive essa gente descolada da realidade, que inverteu o sentido das palavras verdade e mentira, dançando num baile de máscaras e batendo palmas para ver louco dançar?

Uma próxima pesquisa poderia investigar de onde eles surgiram, o que pensam da vida, onde moram, o que comem, como se relacionam _ poderia até render um Globo Repórter.

Será que eles só acreditam no Ratinho, no Silvio Santos e no bispo Macedo, assistindo à Record, ao SBT e agora à CNN?

Acham mesmo que todos os jornais e até a Globo são comunistas, a exemplo de Bolsonaro?

Para combater o "marxismo cultural", criaram o "boçalnarismo cultural", uma obra original do guru Olavo de Carvalho, um doido de pedra que caça ursos nas horas vadias.

Por falar nisso, que fim levou Regina Duarte, a nova estrelinha da companhia? Sumiu na bruma do Planalto, depois de levar um esfrega do general de plantão.

É tudo tão surreal, com a insanidade avançando sem controle, que uma medida provisória, editada na calada da noite desta segunda-feira, permitia às empresas suspender o pagamento de salários dos trabalhadores por quatro meses, "para garantir os empregos".

Como tudo é feito nas coxas, no meio do dia o governo já tinha voltado atrás, mas aqueles 35% do Datafolha devem ter aplaudido a ideia, como achariam bom se o Jim Jones dos trópicos decretasse a pena de morte para quem não estiver satisfeito.

Esse índice de apoio a qualquer barbaridade que o presidente cometa é o mesmo mostrado em todas as pesquisas anteriores do Datafolha e do Ibope sobre a avaliação do governo. Não muda nem a pau.

Se o Brasil declarar guerra à China, esses mesmos 35% vão aprovar e achar bonito.

Está na cara que o capitão está procurando uma guerra, qualquer uma, para colocar as tropas na rua, nem que seja contra os brasileiros que não obedecem mais às suas ordens. .

"Eles trabalham para criar uma situação de conflagração em que se justifique um gesto de ruptura", alertou o economista e filósofo Eduardo Gianetti da Fonseca, em entrevista publicada hoje na Folha.

Quem poderia se opor a tanta insanidade, os líderes do Congresso e do Judiciário, fingem que está tudo normal e ficam falando em pacto de harmonia entre os três Poderes, propondo paz e amor, bicho.

Para falar uma língua que os devotos do boçalnarismo entendem, é como o sujeito pendurado no pau-de-arara pedir ao torturador para ser um pouco mais delicado.

Vida que segue.