Afastada a possibilidade de desgoverno tucademo se auto-investigar, resta à platéia confiar no Ministério Público e na Polícia Federal.
A Procuradoria e a PF abriram uma dezena de frentes de investigação. Esquadrinham os malfeitos. Procuram o criminoso –ou criminosos.
Tomado pela quantidade de liames, o caso parece intrincado. Visto pelo ângulo da lógica, é simples. Suponha uma reunião dos investigadores:
- Pessoal, ou recorremos à lógica ou não chegaremos a lugar nenhum. Pra começar, o clássico: policial tem de se colocar no lugar do bandido.
- Como assim, senhor?
- Ponham-se no lugar do criminoso. Pela lógica, podemos supor que é governador. Deve ser governador tucano. Governadores tucademos talvez, no plural.
Um dos presentes salta da cadeira. Leva as mãos aos bolsos, protegendo-os.
- O que é isso, agente Silva?
- Desculpe, delegado, é que o agente Cavalcante me olhou de forma estranha. Essa careca... Sei não... Vai que leva a sério essa coisa de incorporar um governador!
O delegado Sanches, impaciente, soca a mesa:
- Por favor, senhores, concentração. Retomando: tentem pensar como os criminosos. Os holofotes no encalço deles. Alvoroços diários. Um esconde-esconde sem fim. Onde buscar refúgio?
- Senhor...
- Diga, agente Palhares.
- O Orestes Quércia fez aquela sala secreta no palácio do bandeirantes. Ali, talvez...
- Esqueçam o Quércia. Lógica, pessoal. Usem a lógica. Governador. Ou governadores.
- Já sei, delegado Sanches! Os criminosos podem estar escondidos debaixo daquela montanha de excrementos.
- Ora, francamente, agente Silva. Um esconderijo de papel?
- Metaforicamente, senhor.
- Sem metáforas, por favor. Lógica. Quero a lógica.
Súbito, o agente Cavalcante, põe-se a alisar a careca. Os companheiros conheciam o agente Cavalcante. Quando levava as mãos à careca, era batata.
- Senhor...
- Diga, agente Cavalcante.
A reunião dura mais cinco minutos. Tempo suficiente para que o agente Cavalcante despeje sua tese sobre a mesa.
Segue-se grande azáfama. Corre-corre. Lufa-lufa. Os policiais descem à garagem. Enfiam-se nas viaturas. Partem cantando os pneus.
Decorridos mais 20 minutos, cinco viaturas da PF estacionam defronte do prédio da administração da rede globo de televisão, sede provisória da tucademopiganalha.
Invadem o prédio. Irrompem na sala de Kamel. Ele estava reunido com Serra e Aécio.
Kamel festejava o convite feito a Marina Silva pelo PV.Aécio mencionava a hipótese de beliscar votos nas fileiras do PT. Serra ria.
O agente Cavalcante rejubila-se:
- Eu não disse!
E o delegado Sanches:
- É a lógica!
Procuradores e policiais, hoje concentrados nos governos estaduais, deveriam voltar os olhos para os arredores de Kamel.
O PIG, o país já o conhece, é (im)parcial. É incapaz de enxergar um suspeito atrás de um aliado. Que refúgio seria mais seguro do que a rede globo?
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