Lula para Deus: "o Senhor não deve saber por que não sente fome, mas maçã nem é tão bom assim.”
PARAÍSO - Depois da bem sucedida missão ao Oriente Médio, onde conseguiu estabelecer uma paz duradoura entre judeus e palestinos, Lula declarou que intercederá junto a Deus Pai para que Ele nos perdoe de uma vez por todas pelo pecado original. A caminho de Barcelona, onde pretende resolver a questão basca, Lula disse que é preciso chamar o Misericordioso para o diálogo.Chega de tratar o Supremo Arquiteto como um ente distante e poderoso. Durante muito tempo vivemos com esse complexo de vira-lata em relação a Ele. Está na hora de acabar com isso e conversar de homem para Deus”, disse Lula, enquanto negociava um acordo entre os armênios e os turcos. Segundo os termos da proposta, em troca do perdão o Verbo Encarnado receberá três bolsas-família pelo resto da eternidade.
Não faz sentido a gente discutir se é verdade ou não essa história da Santíssima Trindade. Perdoou, recebeu por três”, explicou o presidente. Lula deixou claro que não negociará com o Arcanjo Gabriel nem com São Pedro, como sugeriram algumas agências de notícia. Só falo com o Bem Absoluto. É uma questão de protocolo. Para o presidente, o Arcanjo Gabriel não passa de um sub do sub, e São Pedro, apesar de simpático, no fundo seria apenas um porteiro qualificado.
Não tenho tempo a perder, explicou Lula, que até o fim da tarde pretende anunciar um armistício entre Suzana Vieira e todos os seus ex-maridos. Aproveitando a ocasião, a ministra Dilma Rousseff confirmou que proporá a criação de uma estatal para explorar o mel e o maná que emanam do céu. Rousseff acrescentou que não procedem as notícias de que José Dirceu fará a indicação do diretor responsável pelo fundo de pensão da nova empresa. Em notícia paralela, após longas conversas com a serpente, o assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia concluiu que o réptil não passa de uma vítima da imprensa burguesa.
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Fico muito orgulhoso porque quem me enviou o texto acima é um sujeito que - por acaso - vem a ser meu pai. E que nunca foi "lulista" ou "petista". Mais orgulhoso - ainda - pela forma como ele apresenta a peça de humor que enviou aos amigos pela internet:
"Tenho sido um defensor do presidente Lula, sobretudo quando percebo nas manifestações contra ele o preconceito e o rancor das elites intelectualizadas que, definitivamente, não lhe perdoam o êxito. Continuo convencido de que, apesar dos erros e desvios que possam ser apontados em seu governo (e são muitos), ele tem méritos extraordinários e entregará o Brasil muito melhor do que encontrou. Está cada vez mais difícil atribuir unicamente à sorte e a circunstâncias conjunturais favoráveis o sucesso dos seus (quase) oito anos de mandato, que se expressam em números incontestáveis. Por isso, sinto-me muito à vontade para concordar com o Paulo Afonso. Eu também ri muito com o texto garimpado pelo Wilson (...) Quem sabe assim o nosso Presidente deixa de "se achar" e toma um chá de humildade, descobrindo que, mesmo para ele, que realmente nasceu virado pra Lua, nem todas as coisas são possíveis. Acho que é tudo isso que compõe o subtexto da crônica do "The i-Piauí Herald". Por isso ela é tão engraçada. Não sei quem é o seu autor, mas, pelo menos nessas poucas linhas, ele se colocou à altura de Stanislaw Ponte Preta e do Barão de Itararé, dois dos maiores demolidores de egos e críticos da babaquice nacional, de todos os tempos." (Geraldo Vianna)
Acima, falou o pai. Agora, volto eu, o filho (o Espírito Santo, por hora,está vetado nesse blog)...
Todo mundo já deve ter recebido esses e-mails preconceituosos, a chamar o presidente Lula de "vagabundo", "nordestino 4 dedos", entre outros expressões que nos fazem lembrar do caráter "amistoso" do homem brasileiro - especialmente de sua classe média no Sul e no Sudeste. Até um jornal de São Paulo aceitou publicar, recentemente, artigo com acusações absurdas contra o presidente, incluindo suposta violência sexual contra um companheiro de cela durante a ditadura.
Pois bem. Textos como esses fazem com que muitas pessoas (entre as quais me incluo) fiquem absolutamente na defensiva contra qualquer peça de humor que atinja o presidente. Mas uma coisa é atacar Lula usando (e reproduzindo) o preconceito social. Outra coisa é fazer a crítica do Lula poderoso, estadista...
O texto acima fez-me relembrar essa obviedade.
Rir faz bem! Rir dos poderosos, então, é uma forma de preservar a sanidade e a liberdade. Lula (com suas eventuais "crises" de grandeza exacerbada) pode (e deve) ser criticado - especialmente pela via do humor. Por que não?
P.S.: o texto sobre Lula e Deus foi publicado no site da revista "Piauí" - que nem costumo ler, por achar (a revista) um pouco esnobe. Mas a verdade é que muitas vezes a turma lá acerta a mão -http://www.revistapiaui.com.br/herald/capa.aspx.
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