Complexo de vira-latas domina nossa mídia
Chama a atenção a postura quase de "complexo de vira latas" (como o teatrólogo Nelson Rodrigues definia os brasileiros com baixa auto-estima) de parte de nossa mídia. Ela não reconhece a culpa óbvia dos Estados Unidos pelo agravamento da crise econômico-financeira global ao promoverem uma enxurrada de dólares e a exportação de inflação para todo o mundo.
Pena, mas tenho de reconhecer que só se vê esse complexo na mídia nacional. Basta ler a coluna "Toda Mídia", do Nelson de Sá, hoje, na Folha de S.Paulo para constatar que já a mídia internacional não deixa por menos: reconhece diariamente, com grande ênfase até, que os EUA inundaram o mundo de dólar exportando inflação para nossos países além de provocarem maior valorização cambial.
Além de registrarem isto, na Internet, por exemplo, ontem osonlines dos grandes veículos internacionais passaram o dia todo na expectativa, analisando, criticando, as medidas antiinflacionárias e antivalorização cambial que o nosso ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou no final do dia.
Complexo leva a desqualificarem as medidas do governo
Não só reconhecem, como acham que o mais natural é que nós (Brasil), ante essa política econômico-monetária nociva dos EUA, reajamos contra-atacando como eles dizem. Mas, aqui, com nossa mídia acometida pelo complexo de vira-latas, as medidas de contra-ataque do governo são vistas como um absurdo quando não desqualificadas simplesmente.
Outra questão interessante, que merece uma detida análise, é a da Vale e da mudança de seu presidente, Roger Agnelli. No mundo todo, países dos mais diferentes matizes tomam medidas para controlar seus recursos naturais. O que, também, é visto por todos e, particulamente pela mídia internacional, como legítimo e necessário, seja na Colômbia ou na Bolívia, seja na Austrália ou no Canadá, seja no Brasil.
Mas, no nosso caso aqui interno, para nossa imprensa nativa, o sócio controlador do Vale - os fundos de pensão e o BNDES - não pode definir sua política de investimentos e sua estratégia. Nem participar, nem indicar seu presidente. Isto quando a regra de ouro do capitalismo, todos sabemos, é quem tem maioria controla e quem controla manda. Francamente, dá vontade de chorar!
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