Banco Central: independente para doar dinheiro aos ricos
A maior fonte de corrupção no Brasil é o Banco Central. Este mesmo ao qual o valente e honrado senador Renan Calheiros quer dar total autonomia. No ano passado, o Banco Central tirou dos bolsos do povo R$ 89,6 bilhões para distribuir gratuitamente entre os apaniguados do mercado financeiro. São os ganhadores do swap cambial. Não se preocupe em entender o que é isso. Basta saber que é um jogo entre taxa de câmbio e taxa de juros. O BC banca tudo e o mercado em geral é constantemente orientado a ganhar.Em ocasiões muito especiais, diante da grita da sociedade contra a indecência da taxa de juros e de alguma pressão do Governo, o BC faz alguma coisa correta do ponto de vista técnico, como foi o caso de manutenção da taxa Selic em 14,25% duas semanas atrás. O mundo veio abaixo. Os especuladores, sendo os principais deles os integrantes da chamada Grande Imprensa, se enfureceram com o fato de terem perdido dinheiro nas transações bancárias de curtíssimo prazo (DI-Futuro) por causa da manutenção da taxa.A Globo colocou no ar vários comentaristas, sem contraditório, com críticas abertas ao BC. Entretanto, a decisão era técnica. A economia vai se contrair de novo este ano, agora em torno de 3,5% segundo o FMI, depois de menos 5% em 2015, o que torna muito difícil justificar um novo aumento da taxa de juros. Entretanto, segundo os economistas da Globo, o banco errou ao não dar uma sinalização prévia de que não ia aumentar os juros (Selic). Ou seja, os ratos queriam um pré-aviso para saltarem do navio com o papo cheio da grana do povo.
Tudo isso é asqueroso, porque implica roubos reiterados do dinheiro público, muito longe daquilo que o juiz Sérgio Moro, muitas vezes procurando chifre na cabeça de cavalo, pretende fazer para salvar o Brasil da corrupção. Quando vejo o presidente do Senado, Renan Calheiros, sabidamente um ignorante em economia, pretender colocar em pauta o projeto de autonomia do BC, fica evidente que ele não passa de um marionete de interesses inconfessáveis, repetindo o mantra dos especuladores financeiros independentistas.Para todos os efeitos práticos, o BC brasileiro é tecnicamente autônomo. O próprio decreto que criou o modelo de metas de inflação no Governo FHC desonerou o banco dos objetivos de promoção do máximo emprego e de uma crescente atividade econômica, como é o caso do FED norte-americano, numa atitude criminosa contra os trabalhadores e a sociedade. Assim, o BC só cuida de inflação. Sendo que não é difícil concluir que sua performance a esse respeito é simplesmente desastrosa porque focada só na demanda.Por que, então, o “mercado” usa Renan para colocar na lei a independência ou autonomia operacional do Banco Central? Simplesmente porque facilitaria o trabalho de manipulá-lo segundo os interesses da especulação. Num contexto de autonomia, dificilmente o BC teria contrariado os especuladores com a recente manutenção taxa de juros em 14,25% - por sinal, uma taxa altíssima -, mesmo que, do ponto de vista estritamente técnico, isso fosse o mais correto. Em síntese, autonomia política do banco é servidão política ao mercado.Espero que a maioria dos parlamentares, que não vai ganhar nada pessoalmente com uma eventual aprovação do projeto do Renan, recorra a assessorias técnicas independentes do mercado e rejeite essa iniciativa do presidente do Senado. Políticos corruptos, que certamente são uma minoria no Parlamento, estão jogando nas costas de uma maioria honesta o ônus do desprezo público pela corrupção. É hora de mudar isso. Nosso intuito é fomentar essa mudança através da Aliança pelo Brasil, a partir de reações concretas como a rejeição do projeto do BC independente.J. Carlos de Assis - Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de “Os sete mandamentos do jornalismo investigativo”, Ed. Textonovo, SP, 2015.
por J. Carlos Araújo - Aliança pelo Brasil
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