Osmar Freitas Jr., de Nova York
Era só o que faltava: o Google lançou um serviço localizador de pessoas pelo celular. A ferramenta usa sinais de torres de telefonia, GPS, conexões Wi-Fi e o diabo para mostrar a posição de um indivíduo num mapa. Estará presente em 27 países, inclusive no Brasil. Foi batizado: "Latitude". Deveria se chamar "Disk Corno". Imagine as multidões de esposas e maridos traídos que vão se utilizar do sistema para flagrar os parceiros puladores de cerca. O cara diz que tem uma reunião de trabalho, mas é apontado numa região de motéis. Fala que vai viajar a serviço para Araraquara, mas a patroa o encontra num apart-hotel na região de Ipanema. E nem adianta fugir para o meio do mar, já que o Google agora tem imagens dos cafundós dos oceanos. É o dedo-duro eletrônico universal.
Já disse aqui que o celular havia transformado o patrão em Deus: possuidor da onipresença. Às quatro da matina, o sujeito está dormindo um sono solto, quando toca o telefone - com aqueles ringtones ridículos. É seu empregador, convocando para serviço urgente. Agora, perde-se até a desculpa de que estava sem recepção. Quem chamou sabe que o infeliz está em casa, na cama.
O pior será o imbróglio matrimonial. Os cornos vão colocar as mãos num roteiro pormenorizado das peregrinações dos traidores.
- Muito bonito, né seu Antenor. Por onde o senhor andava?
- Eu estava numa reunião com um cliente na Faria Lima. Trabalho duro!
- Nem para mentir você presta! Está aqui ó: às 6h30 você foi pro bar Filial. Às 21h30 você saiu, imagino com sua filial, e foi para a zona de motéis na Marginal do Tietê. Saiu de lá há 20 minutos. Olha aí: ainda está de cabelo molhado, seu vagabundo!
Não vai demorar para que esta empresa infernal acrescente também imagens do sujeito pelos cantões mais obscuros do planeta. É só dar acesso às bilhões de câmeras de vigilância que estão espalhadas pelas ruas. Em Nova York, por exemplo, existem dois milhões de equipamentos de filmagem reconhecidos oficialmente. Fora os que são secretos, e aqueles instalados pela iniciativa privada. Um cara não pode sequer coçar as partes sem que o momento fique registrado em todo o seu grotesco. Em Londres foi feito um filme de meia hora só com gente cavocando o nariz durante paradas em semáforos. Usaram-se, é claro, os serviços das câmeras da polícia. Nem o Big Brother seria capaz de tanta xeretice.
Com o localizador via celular, pode-se calibrar melhor a mira das câmeras. E não serão apenas os cornos que vão lucrar - se é que saber da traição traz algum lucro. Os chatos também saem ganhando. Você quer fugir de um pentelho, mas não adianta: ele te acha em qualquer mocó. Ladrões roubam um telefone, encontram o resto da família, e vão atrás das vítimas. O Google diz que o serviço é voluntário. Mas vai falar para o marido desconfiado que a esposa não quer esta ferramenta em específico. A empresa fornecedora do tormento também alega que dá para desativar parte do esquema. Aí seria mostrado apenas em que cidade o indivíduo está. Mas quem não iria desconfiar de um sujeito que só quer mostrar que está em Petrópolis ou em Chapecó-Mirim?
Este localizador é que nem gênio: uma vez aberta a garrafa, ninguém consegue segurar o bicho. Os bimbalhões que se cuidem: o Google está de olho! E vai caguetar.
Já disse aqui que o celular havia transformado o patrão em Deus: possuidor da onipresença. Às quatro da matina, o sujeito está dormindo um sono solto, quando toca o telefone - com aqueles ringtones ridículos. É seu empregador, convocando para serviço urgente. Agora, perde-se até a desculpa de que estava sem recepção. Quem chamou sabe que o infeliz está em casa, na cama.
O pior será o imbróglio matrimonial. Os cornos vão colocar as mãos num roteiro pormenorizado das peregrinações dos traidores.
- Muito bonito, né seu Antenor. Por onde o senhor andava?
- Eu estava numa reunião com um cliente na Faria Lima. Trabalho duro!
- Nem para mentir você presta! Está aqui ó: às 6h30 você foi pro bar Filial. Às 21h30 você saiu, imagino com sua filial, e foi para a zona de motéis na Marginal do Tietê. Saiu de lá há 20 minutos. Olha aí: ainda está de cabelo molhado, seu vagabundo!
Não vai demorar para que esta empresa infernal acrescente também imagens do sujeito pelos cantões mais obscuros do planeta. É só dar acesso às bilhões de câmeras de vigilância que estão espalhadas pelas ruas. Em Nova York, por exemplo, existem dois milhões de equipamentos de filmagem reconhecidos oficialmente. Fora os que são secretos, e aqueles instalados pela iniciativa privada. Um cara não pode sequer coçar as partes sem que o momento fique registrado em todo o seu grotesco. Em Londres foi feito um filme de meia hora só com gente cavocando o nariz durante paradas em semáforos. Usaram-se, é claro, os serviços das câmeras da polícia. Nem o Big Brother seria capaz de tanta xeretice.
Com o localizador via celular, pode-se calibrar melhor a mira das câmeras. E não serão apenas os cornos que vão lucrar - se é que saber da traição traz algum lucro. Os chatos também saem ganhando. Você quer fugir de um pentelho, mas não adianta: ele te acha em qualquer mocó. Ladrões roubam um telefone, encontram o resto da família, e vão atrás das vítimas. O Google diz que o serviço é voluntário. Mas vai falar para o marido desconfiado que a esposa não quer esta ferramenta em específico. A empresa fornecedora do tormento também alega que dá para desativar parte do esquema. Aí seria mostrado apenas em que cidade o indivíduo está. Mas quem não iria desconfiar de um sujeito que só quer mostrar que está em Petrópolis ou em Chapecó-Mirim?
Este localizador é que nem gênio: uma vez aberta a garrafa, ninguém consegue segurar o bicho. Os bimbalhões que se cuidem: o Google está de olho! E vai caguetar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário