A máfia do poder

Com a absolvição do deputado Edmar Moreira, aquele do castelo de 25 milhões, comprova-se o corporativismo da sem-vergonhice explícita que existe no poder.

Discordamos que tenha havido ´quebra de decoro´ porque para haver a quebra do objeto o objeto precisa existir. Não existe decoro, faz tempo que deixou de existir. Existem ´Os Compadres´, os que não podem apontar dedos para quem é pego com as calças nas mãos ou a boca na botija, simplesmente porque a maioria tem os dedos imundos e fedem muito.

Em outros países, como o Japão, por exemplo, quando uma autoridade é flagrada num delito, ou faz um ´mea culpa´ pública e se afasta do cargo ou, em casos mais extremos, comete o ´harakiri´, que é uma forma honrosa de punir-se, expiando a culpa que lhe pesa sobre os ombros ou por conta do caráter arruinado.

Os sem-vergonhas daqui, por mais que sejam flagrados em atos abomináveis, agarram-se ao poder com unhas e dentes e fazem de tudo, apelando para a cumplicidade dos ´Padrinhos´ ou comparsas, para não largar o osso, abandonar a teta fácil e gorda das falcatruas acobertadas pela impunidade e imunidade oficial.

O que temos visto, todo dia, nos últimos dias, é o desfiar de um rosário de roubalheira, de desrespeito ao homem sério, àqueles que ainda têm coragem de ser bons. Impossível não acreditar que existe, realmente, uma máfia no poder.

As exceções quanto ao mau-caratismo são cada vez menores e o protecionismo aos marginais cada vez maiores.Acredito que estão a testar a paciência de quem se sente cada vez mais acuado diante das afrontas, do desrespeito e das desculpas para a malversação do dinheiro público, da falta de critério para as tomadas de partido por conta dos apadrinhamentos corporativistas acintosos. Edmar Moreira foi absolvido, Sarney não quer lagar a cadeira de presidente do Senado federal, mesmo que a nação inteira grite-lhe a mais não poder que ele disfarce e saia de mansinho, por não estar agradando e ser alvo de chacotas de comentaristas políticos, de homens sérios e de patrocinar, nos últimos dias, a festa dos cartunistas inteligentes. ´Sai Ney!´ — escreveu um, com criatividade.

A gangue do Renan Calheiros recomeça a tomar corpo, outros desavergonhados se alvoroçam ao som das trombetas desafinadas do desrespeito e da sem-vergonhice. É impossível pensar em romantismo, em escrever ´palabras de amor´, falar ou contar histórias e estórias de amor, de sentimento, de saudade, com a boca amarga pela revolta, pela vontade de esganar e de adjetivar, com as piores palavras, os cães raivosos que ladram e mordem, enquanto abocanham nacos cada vez maiores para construir seus castelos de onde fazem gozação com a nossa cara.
A máfia da canalhice está no poder.

A. CAPIBARIBE NETO

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