Dilma - potencial imenso


Comentário feito no Blog do Nassif sobre esta postagem pelo leitor Marcos Doniseti

Não vejo como a popularidade de Lula possa vir a cair em 2010. Talvez seja difícil subir ainda mais neste momento, devido ao fato de que grande parte das suas realizações são ignoradas pela Grande Mídia, que não as divulga sob hipótese alguma.
Mas, quando começar o horário eleitoral gratuito (e Dilma terá cerca de metade do tempo disponível) e Dilma usar o mesmo para divulgar as realizações do governo (como as obras do PAC, por exemplo) é provável que tenhamos um novo aumento na popularidade de Lula. As últimas eleições mostraram, claramente, que ao mostrar as suas obras e realizações no horário eleitoral, os governantes têm um grande aumento de popularidade.
Exemplo: Kassab era aprovado por cerca de 35% dos paulistanos antes do início do horário eleitoral. Durante o mesmo a sua aprovação chegou a 61%. Depois do fim da campanha, ela voltou a cair e agora está quase que no mesmo patamar de antes da campanha.
Sem dúvida que a tarefa de tornar Dilma conhecida de toda a população, e de relacionar a sua candidatura presidencial com o governo Lula, irá ocorrer justamente durante a campanha no rádio e na TV. E será neste momento que ela mostrará se irá vencer ou não a eleição. Mas, há indicações claras de que o potencial de crescimento de Dilma é imenso. A mais recente pesquisa espontânea do Datafolha provou isso. Na mesma, Dilma aparece com 10%, o ‘candidato de Lula’ aparece com 8% e o ‘candidato do PT’ tem 1%. Total: 19%. E Serra tem apenas 8%.
Assim, existe uma imensa parcela do eleitorado que quer votar no ‘candidato do Lula’ e no ‘candidato do PT’, mas ainda não estão sabendo que ambos são uma única candidata: Dilma. Quando o eleitorado descobrir isso, Dilma crescerá muito nas pesquisas.
Com relação ao governo Lula, Serra irá, sim, repetir o que fez na campanha para a prefeitura de SP, dizendo que irá ampliar e melhorar o que Lula está fazendo, tal como fez em relação às obras e projetos de Marta.
Mas, o fato é que ele não cumpriu com essa promessa depois que se elegeu prefeito de São Paulo e isso poderá ser usado contra ele na campanha presidencial. Aliás, Serra abandonou o cargo depois de 15 meses e olha que ele havia assinado um documento em cartório dizendo que não iria fazer isso… Tal fato poderá ser usado contra ele na campanha presidencial. Exemplos desta não continuidade: Serra prometeu continuar com a construção de piscinões e de corredores exclusivos de ônibus, mas tais programas foram interrompidos. O programa de revitalização do Centro de SP, iniciado pelo governo Marta e que contava com verbas do BID no valor superior a US$ 100 milhões, foi inteiramente abandonado.
Portanto, o discurso de Serra de que irá ‘ampliar e melhorar’ o que Lula está fazendo poderá ser combatido com eficácia durante a campanha eleitoral e poderá ser dito que tal discurso é só para ganhar eleição, mas que tal promessa não será cumprida caso ele vença. Suas ações na prefeitura de SP comprovam o caráter enganador e meramente eleitoreiro desta promessa de Serra.
Já a imagem de gerente competente de Serra foi muito abalada pelos acidentes do Metrô, que inclusive resultaram pelo acidente do RodoAnel , pelas enchentes, inclusive nas Marginais, as quais o PSDB falou que não sofreria mais com enchentes e fez propaganda intensa disso. Tudo isso poderá ser usado contra Serra.
Tal imagem de ‘gerente competente’ ainda não foi abalada perante grande parte do eleitorado porque a Grande Mídia blindou Serra com relação a estes fatos.
Mas, quando for criticado pela campanha de Dilma por todos estes desastres gerenciais e administrativos, o que ele irá dizer? Que não tem nada a ver com tudo isso? Irá por a culpa em São Pedro? O eleitorado não irá engolir essas desculpas esfarrapadas. A Grande Mídia engole esse discurso. O eleitorado, não.
Com relação à economia, não existe nenhuma vulnerabilidade das contas externas. Por enquanto, isso não passa de uma miragem e pura e simplesmente não existe. Em 2009, o déficit nas contas externas foi de apenas 1,4% do PIB, o que é facilmente financiável.
No governo FHC, tivemos crises externas somente devido ao fato de que o governo tucano acumulou déficits externos anuais superiores a 4% do PIB durante vários anos seguidos. Estamos muito longe disso.
E a entrada recorde de dólares em 2010 irá ajudar, é claro, a evitar qualquer ‘crise das contas externas’. E isto irá acontecer não apenas pelos investimentos em bolsa de valores ou produtivos, mas pelo aumento dos preços das commodities.
Segundo o banco Merryl Lynch somente o preço do minério de ferro deverá subir 50% em 2010. Isso matará com qualquer ‘crise das contas externas’ no ninho.
Este ‘efeito-bolha’ está ocorrendo em muitos outros países, incluindo Europa, EUA e China. Os EUA somente estão voltando a crescer porque existe, claramente, uma bolha em sua economia.
E é bem provável, sim, que a economia global passe por novos ’solavancos, mas o governo brasileiro já demonstrou a sua capacidade em impedir que o país seja muito afetado pela mesma, tendo sido um dos primeiros a superar os efeitos da crise global iniciada em 2008. Justamente por isso é que a percepção de risco dos investidores não irá crescer tanto, assim, em relação à economia brasileira, pois eles sabem que o Brasil tem uma economia sólida e que é capaz de resistir a fortes choques externos.
E é muito difícil que vá acontecer uma ‘estilingada’ no câmbio com reservas de US$ 240 Bilhões, sólidos fundamentos econômicos, aumento dos preços das commodities e crescimento dos investimentos externos no país. O cenário econômico brasileiro para 2010 permite concluir que não teremos problema algum nas contas externas e nem no câmbio.
Além disso, o governo Obama também enfrentará eleições para o Congresso Nacional e para muitos governos estaduais e tem o maior interesse em manter a economia dos EUA em processo de recuperação. Dias atrás eu li na Internet (e onde mais poderia ter sido, não é mesmo?) que do pacote de US$ 787 bilhões aprovados por Obama em 2009, mais de US$ 500 bilhões ainda não foram gastos.
Assim, caso a economia dos EUA necessite, o governo Obama ainda poderá injetar todo esse dinheiro a fim de estimular o crescimento econômico e a geração de empregos. E não duvido que uma parte destes recursos sejam gastos em 2010, até em função das eleições, que serão cruciais para Obama, pois se o Partido Democrata sofrer uma derrota muito forte, Obama ficará enfraquecido para a campanha presidencial de 2012.
Quanto ao fato de Dilma e Franklin Martins terem sido guerrilheiros, é bom lembrar, Nassif, que o PSDB também tem o seu guerrilheiro, que é Aluizio Nunes Ferreira, Chefe da Casa Civil do governo de SP e que é o candidato preferido de Serra para sucedê-lo no governo estadual. Para quem não sabe, Aluízio foi da ALN de Carlos Marighella. Se ele for o candidato tucano ao governo de SP, aí é que Serra não poderá falar coisa alguma do passado de ‘guerrilheira’ de Dilma.
Além disso, a campanha de Dilma poderá dizer que ela foi corajosa e ficou aqui no Brasil para lutar contra a Ditadura Militar (que destruiu com a democracia e com as liberdades no país), enquanto que Serra preferiu fugir do país, indo se exilar no Chile.
Assim, ficará explícito para a população que enquanto Dilma demonstrou coragem e ficou aqui no Brasil para lutar contra a Ditadura, Serra foi covarde e preferiu fugir.
Logo, recomenda-se à campanha de Serra que não use o discurso da Dilma guerrilheira, pois isto poderá ser um tiro de canhão no próprio pé.
Quanto à política desenvolvimentista, Dilma já afirmou que é sim adepta do desenvolvimentismo. E ela ainda poderá, ao assumir esta postura, fazer a conexão com governos desenvolvimentistas do passado e que são, ainda hoje, bem avaliados pela população, como os de Vargas e de JK.
E Sérgio Guerra não apenas disse que irá mudar a política cambial, de metas de inflação e de juros, mas que o governo Serra irá acabar com o PAC. E isso poderá ser muito bem explorado pela campanha de Dilma.
Poderá ser dito, pela campanha de Dilma, que Serra irá acabar com o PAC (que reúne os maiores investimentos em infra-estrutura e na área social feitos no país desde a crise da dívida externa, há quase 30 anos), que o seu governo colocará em risco o controle da inflação, bem como os aumentos reais para o salário mínimo e para o funcionalismo público, bem como acabará com o Bolsa-Família e com os programas sociais, que privatizará o BB e a CEF. E também poderá ser dito que Serra irá entregar o petróleo do pré-sal para as multinacionais e que irá enfraquecer e privatizar a Petrobras.
E tudo isso é perfeitamente possível de acontecer, vide o histórico dos governos tucanos, que adoram privatizar tudo, além de arrochar salários dos trabalhadores e vender, a preço de banana, o patrimônio público através de privatizações manipuladas politicamente para beneficiar grandes corporações e empresários aliados do PSDB e do DEM.
Assim, a entrevista de Sérgio Guerra para a ‘Veja’ foi um grande presente que os tucanos deram para Dilma e para Lula. Estes devem ter guardado a entrevista e não vêem a hora de utilizá-la durante a campanha eleitoral, para demonstrar à população os riscos imensos que o Brasil estará correndo caso Serra seja eleito.
Bala de prata contra Dilma? O que é isso? Nem a Grande Mídia sabe o que será? Então, isso significa que eles não têm nada contra ela. E terá que inventar alguma coisa. E qualquer coisa que utilizarem poderá ser desmascarada pela campanha de Dilma e pelos seus simpatizantes na Internet.
Afinal a própria Grande Mídia já perdeu grande parte da sua credibilidade perante a população justamente em função da história da ‘Ditabranda’, da ficha falsa de Dilma, das mentiras de Lina Vieira, da inexistente epidemia de febre amarela e tantos outros casos em que tentou fabricar escândalos com o único propósito de enfraquecer o governo Lula. Se isso acontecer durante a campanha eleitoral, as pessoas irão perceber que se trata de novas mentiras e que as mesmas não devem ser levadas em consideração.
E não se pode descartar, também, a possibilidade de que a campanha faça o seu próprio banco de dados a respeito de Serra e de seus aliados, como José R. Arruda, por exemplo. O vídeo em que Serra disse que os eleitores deveriam votar nele e em José R. Arruda porque daí estariam votando em 2 carecas em vez de apenas 1 poderá ser utilizado contra ele na campanha eleitoral. E ver a sua imagem pública associada com a de Arruda não é exatamente o sonho de consumo de Serra, não é mesmo?
Além disso, entre a parte da população melhor informada, qual é, hoje, a credibilidade da ‘Veja’ e da ‘Folha’? Praticamente nenhuma.
E não teremos, como eu já disse e pelas razões que já apontei, agitação alguma no câmbio em 2010. Isso é fruto da imaginação de pessoas que desconhecem os reais fundamentos da economia brasileira. O Brasil adquiriu um prestígio imenso no exterior ao conseguir limitar fortemente os efeitos da crise global.
A conclusão é que a economia brasileira deverá crescer cerca de 6% em 2010, o desemprego cairá ainda mais, as obras do PAC irão se acelerar, a renda da população irá subir em termos reais, a inflação continuará controlada, a vida das pessoas continuará melhorando e a candidatura de Serra é a única coisa que ameaçará tudo isso, fato este que a entrevista de Sérgio Guerra para a ‘Veja’ serve como exemplo perfeito, visto que o mesmo disse que irá acabar com o PAC e que irá mudar totalmente a política econômica.
Inclusive, a ministra Dilma já criticou duramente a entrevista de Sérgio Guerra, mostrando que tem um bom sendo de oportunidade política. Os tucanos erraram feio nesta entrevista e ela já está sabendo tirar proveito disso. E é isso que precisará ser feito durante toda a campanha presidencial de 2010. Sempre que os tucanos falarem bobagem, atacá-los sem piedade e mostrar aos brasileiros o imenso perigo que o país estará correndo caso Serra seja eleito Presidente.
Assim, caso Dilma faça uma campanha bem organizada e não cometa nenhum grande erro durante a mesma, ela tem grandes possibilidades de se eleger Presidente em 2010.

Um comentário:

  1. Apesar de ter 80% de aprovação popular, Michelle Bachelet do Chile não conseguiu eleger o seu candidato.

    A virada começou com o Chile e espero que continue com o Brasil.

    Vamos nos livrar do governo do PAC - Prepotência Arrogância e Corrupção

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