por Carlos Chagas
Ainda bem que os tucanos deixaram sair pelo ralo a sugestão de um alto emplumado para denunciar o presidente Lula por propaganda eleitoral antecipada... na Espanha. Seria mesmo um absurdo se o Tribunal Superior Eleitoral aceitasse multar o primeiro-companheiro por haver concedido entrevista ao jornal “El País”, onde sustentou a candidatura Dilma Rousseff e declarou não ver a possibilidade de perder a eleição.
Fora esse lampejo de bom-senso, porém, tanto o PSDB quanto o PT, do outro lado, insistem em levar os adversários à Justiça, sob a alegação de fazerem campanha antes da hora. Além de farisaísmo, é pura burrice ficarem agredindo um ao outro por conta do óbvio. O presidente Lula já foi multado duas vezes, os tucanos tiveram de alterar programas de televisão, José Serra precisou mobilizar advogados e Dilma Rousseff, também. Tudo porque praticam o mais simples dos postulados eleitorais, ou seja, fazem campanha.
Ora bolas, alguém duvida de que o ex-governador e a ex-ministra sejam candidatos? Haverá como impedi-los de viajar pelo país, de expor idéias e manifestar-se a respeito da realidade nacional?
Constituem pura bobagem as sucessivas leis e as dezenas de regulamentações expedidas pela Justiça Eleitoral ao longo dos anos. A única iniciativa sensata seria reconhecer que candidatos fazem campanha e campanha não é crime, pelo menos quando não se utiliza nelas dinheiro público. Se um cidadão, quatro anos antes das eleições, deseja pedir votos, que peça. Se pretende divulgar suas preferências, que divulgue. Caberá apenas ao eleitorado decidir se estão abusando de sua paciência, predispondo-se a não votar nos apressadinhos. Deixa de ser assunto para leis ou regulamentos.
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