Avolumam-se os indícios de que Henrique Meirelles não será mantido por Dilma Rousseff na presidência do Banco Central. O penúltimo prenúncio foi levado à web pela Reuters. A agência diz ter recolhido de pessoa próxima a Dilma um comentário com cara deveredicto: "Ele não vai continuar, já foi decidido". A provável saída de Meirelles exigirá de Dilma algo mais além da indicação de um substituto. Terá de desfazer uma má impressão. O desembarque de Meirelles tonificará a tese segundo a qual o BC não terá, sob Dilma, autonomia gerencial para administrar a política monetária. O modelo de BC autônomo funciona assim: o governo fixa, por meio do Conselho Monetário Nacional, uma meta para a inflação do ano. Estabalecida a meta, delega-se ao BC a tarefa de zelar pelo seu cumprimento. Entra em cena o Copom. Integrado pelo presidente e pelos diretores do BC, o Copom eleva os juros quando há risco de descontrole inflacionário. Desaparecendo o risco, a taxa cai. A autonomia assegura ao BC liberdade para calibrar os juros sem interferências políticas da Fazenda e, no limite, até do Planalto. O modelo vigora desde 1999, quando foi instituída, ainda sob FHC, a sistemática de metas para a inflação. O mandachuva do BC não está, evidentemente, impedido de debater os juros com outras esferas do governo. O próprio Meirelles sempre cultivou o hábito de sentir o pulso de Lula antes das reuniões do Copom, realizadas a cada 45 dias. Porém... Porém, a palavra final sobre a matéria é, até aqui, do BC. Antes de ser nomeado, Meirelles negociara com Lula, em 2002, o respeito à autonomia. Meirelles assumiu em 2003, primeiro ano da gestão petista. Sobreviveu a dois mandatos, tornando-se o presidente mais longevo da história do BC. Na semana passada, Meirelles fez declarações que soaram como uma condicionante. Insinuou que aceitaria permanecer no BC, desde que preservada a autonomia. Dilma mandou dizer que não gostou. O recado chegou a Meirelles num telefonema disparado por Antonio Palocci, coordenador da transição. Meirelles tentou ajeitar as coisas. Numa entrevista dada na Alemanha, disse que a própria Dilma, em campanha, declarara-se a favor da autonomia. O vaivém levou ao caldeirão um caldo que os operadores do mercado ainda não digeriram. Ficou a impressão de que, saindo Meirelles, vai-se embora a autonomia. O BC voltaria a ser um órgão subordinado à Fazenda. Na leitura do mercado, a política monetária de Dilma seria frouxa. A queda dos juros prevaleceria sobre a rigidez no controle da inflação. O mercado reage mal porque a política de metas é vista com bons olhos. Quando foi instituída, em 1999, os juros reais estavam na casa de 15%. Hoje, estão em 5%. Frequenta a lista de alternativas de Dilma um subordinado de Meirelles, o atual diretor de normas do BC, Alexandre Tombini. - Siga o blog no twitter. por Josias de Souza |
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