Drogas - Os verdadeiros [i]responsaveis estão à solta

Até o momento de escrever esta crônica, quinta-feira, 1º de dezembro, não recordo de nenhuma abordagem séria e profunda que tenha comentado sobre a responsabilidade dos idiotas que se aventuraram no mundo das drogas. Os dedos oportunamente acusadores estão todos voltados para os traficantes, que são inteligentes e eximem-se de culpa, de forma compulsória, os burros que vão comer nas mãos deles, nas bocas-de-fumo dos morros, ou nos becos e vielas das favelas das periferias do Brasil, onde encontram a sua maconha, o seu crack, a sua cocaína.

Não lembro de nenhum registro nas crônicas policiais dando conta de um traficante que tenha apontado uma arma para obrigar a quem quer que seja a fazer uso de qualquer tipo de droga. Eles simplesmente vendem, disponibilizam para o farto e crescente mercado consumidor o seu "bagulho". Não tenho lembrança de traficante que se preze assaltando nos semáforos ou apelando para saidinhas em porta de banco, assaltando turistas nas calçadas da Avenida Nossa Senhora de Copacabana ou roubando cordões de ouro na Beira Mar.

Esses idiotas viciados, sim. A sociedade de bem viu, entre estarrecida e atônita, a megaoperação desencadeada pelas autoridades do Rio de Janeiro, com o apoio do aparato militar para reconquistar a "republiqueta" do Alemão, tomada há décadas pelo tráfico, e ali fincar a bandeira do Brasil, como a mesma pose fotográfica com que os soldados americanos fincaram a sua na conquista da ilha de Iwo Jima, na Segunda Guerra Mundial. O governo gastou uma fortuna para retomar aquela "ilha" brasileira sob o controle dos traficantes do morro. Ali foi só uma batalha parcialmente vencida, mas alardeada como se fora a conquista de toda uma guerra.

O traficante é um comerciante inteligente, ousado, sabe ganhar dinheiro. Quem é burro, mas sabe ser violento quando empunha uma arma covarde nos semáforos e ruas país afora, são os cachorros doidos que babam de raiva quando lhes falta o dinheiro para fumar uma pedra de crack, cheirar uma fileira branca de pó ou comprar uma trouxa de maconha. Esses, sim, são burros, mas ao mesmo tempo violentos, e ainda são chamados de vítimas ao serem qualificados de dependentes químicos. Pobres dependentes, uma ova!

Menos dinheiro o governo desviaria das verdadeiras necessidades e mazelas nacionais se no lugar de todo esse aparato bélico investisse numa política rígida que permitisse prender esses imbecis e os obrigassem a fazer um tratamento para curá-los dos vícios que acabamos pagando por eles com os nossos medos e os estresses de cada dia. Traficante existe porque quem, mesmo morrendo aos poucos, encontre forças para maltratar suas famílias, venda tudo o que possuem para comprar suas porcarias.

Os verdadeiros culpados pela existência dos traficantes, aqueles que podem luxar com a burrice alheia, são os usuários, mas nesses ninguém quer se atrever a lhes jogar a pedra do tamanho da culpa que lhes cabe. Os verdadeiros culpados pela existência desses vendedores de veneno não estão escondidos nos morros do Rio, no morro de Santa Terezinha, nas outras bocas-de-fumo espalhadas Brasil afora.

Eles transitam livremente, sem ser incomodados, pelas ruas, avenidas, clubes, barzinhos, raves, festinhas, dando suas cafungadas, seus tragos malcheirosos , maltratando uma sociedade inteira, aumentando, a cada dia a violência impune das cidades...
A. CAPIBARIBE NETO
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