Neste 1º de janeiro a presidente eleita Dilma Rousseff cumprirá o longo ritual da posse que inclui, depois da primeira etapa do desfile em carro aberto e da subida da rampa do Congresso Nacional, a solenidade de posse propriamente dita, no plenário da Câmara dos Deputados, que sediará uma sessão do Congresso.
Dilma e Temer entram solenemente no plenário, ouvem a leitura do termo de posse, são declarados presidente e vice, e então Dilma fará seu primeiro pronunciamento como Presidente da República. Exatos oito anos antes, em janeiro de 2003, “mudança” foi a palavra de abertura do discurso de Lula, e o termo pontuou todo o pronunciamento. Afinal, a esperança havia vencido o medo – sustentou o então presidente.
O modelo de crescimento estava esgotado, a sociedade já não aguentava “o fracasso da cultura do individualismo, do egoísmo, da indiferença perante o próximo” – pontificou Lula, prometendo uma cruzada contra a fome, três refeições por dia para cada cidadão, o combate à miséria... Era o marco zero do primeiro mandato, que já vai longe.
Um cenário completamente diverso emoldura o primeiro pronunciamento de Dilma Rousseff: não o da mudança, mas o da continuidade. Os redatores da presidente acentuarão o novo compromisso: não mais o das três refeições ao dia, mas da erradicação da pobreza, como prometido na campanha. Dilma deixará claro seu pacto com a “continuidade da mudança” iniciada por Lula ao reforçar o compromisso com os mais pobres, com a estabilidade econômica e com os direitos e liberdades individuais.
Mas olhando de perto o discurso de Lula em 2003 é impressionante o quanto se progrediu. Mas é também fácil notar onde não se avançou e quantos novos problemas se tornaram urgentes, provocados até pelo próprio crescimento. Entre os passivos antigos, salta aos olhos a segurança pública, e entre os novos, os gargalos da infraestrutura, como os dos aeroportos. Neste sábado será a vez de Dilma Rousseff lançar as bases de seu mandato que terão agora a força de compromissos de governo e que ficarão documentados pela história.
Christina Lemos, colunista do R7
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