por ora, 166 cadáveres na pista
O brasileiro, como se sabe, tem especial apreço pelo verbo matar. Mesmo nos momentos de ócio, ele não usufrui do tempo, mata-o.
Se tem fome, o patrício não a sacia, mata-a. O estudante ladino não falta à escola, ele mata aula.
Na partida decisiva do futebol, o mata-mata. No jogo de xadrez, não basta vencer, é preciso aplicar o xeque-mate.
Pois bem. No Carnaval, o amor do brasileiro pelo verbo fatal manifesta-se com ênfase macabra.
A Polícia Rodoviária Federal anunciou um novo balanço da “Operação Carnaval”. Revela uma tragédia.
Entre a última sexta (4) a meia noite desta segunda (7), morreram nos 66 mil quilômetros de estradas federais 166 pessoas.
Embora a contabilidade seja parcial –a operação prossegue até a noite de quarta (9)— o monturo de cadáveres já supera o do ano passado.
No Carnaval de 2010, feneceram nas estradas federais 143 pessoas. É coisa de deixar corados os países em guerra.
Considerando-se apenas os últimos números, coletados nesta segunda, registraram-se 410 acidentes. Produziram 310 feridos e 37 mortos.
Considerando-se que a conta não inclui os acidentes ocorridos nas cidades e nas estradas estaduais, pode-se intuir que o automassacre é ainda maior.
Verifica-se que, na pele de folião, o brasileiro tornou-se um matador profissional.
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por Josias de Souza
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