Oposição em frangalhos



O ex-governador José Roberto Arruda deu uma entrevista à revista Veja  e denunciou:  todo o partido se beneficiou do esquema montado em Brasília. Arruda afirmou que “tudo sempre foi feito com o aval do deputado Rodrigo Maia (então presidente do DEM)”.

O ex-governador ainda classificou de “desleais” alguns colegas de partido: “as mesmas pessoas que me bajulavam e recebiam a minha ajuda foram à imprensa dar declarações me enxovalhando”.
A revista Veja (que antes do escândalo considerava Arruda um exemplo de estadista) publicou a entrevista essa semana, mas o advogado de Arruda declarou ao jornalista Ricardo Noblat que a entrevista foi concedida em setembro, antes das eleições.
Qual o interesse da Veja em publicar a entrevista apenas nesse momento e não antes das eleições, quando teria maior impacto?
A nova direção do DEM está alinhada com Aécio Neves (PSDB/MG). A entrevista seria um recado de José Serra aos demos que se aproximam do senador mineiro?
Reproduzimos a seguir a entrevista publicada no site da Veja.
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Arruda diz que ajudou líderes do DEM a captar dinheiro
Segundo o ex-governador, dinheiro da quadrilha que atuava em Brasília alimentou campanhas de ex-colegas como José Agripino Maia e Demóstenes Torres
José Roberto Arruda foi expulso do DEM, perdeu o mandato de governador e passou dois meses encarcerado na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, depois de realizada a Operação Caixa de Pandora, que descobriu uma esquema de arrecadação e distribuição de propina na capital do país. Filmado recebendo 50 mil reais de Durval Barbosa, o operador que gravou os vídeos de corrupção, Arruda admite que errou gravemente, mas pondera que nada fez de diferente da maioria dos políticos brasileiros: “Dancei a música que tocava no baile”.
Em entrevista a VEJA, o ex-governador parte para o contra-ataque contra ex-colegas de partido. Acusa-os de receber recursos da quadrilha que atuava no DF. E sugere que o dinheiro era ilegal. Entre os beneficiários estariam o atual presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), e o líder da legenda no Senado, Demóstenes Torres (GO). A seguir, os principais trechos da entrevista: 
O senhor é corrupto?
Infelizmente, joguei o jogo da política brasileira. As empresas e os lobistas ajudam nas campanhas para terem retorno, por meio de facilidades na obtenção de contratos com o governo ou outros negócios vantajosos. Ninguém se elege pela força de suas ideias, mas pelo tamanho do bolso. É preciso de muito dinheiro para aparecer bem no programa de TV. E as campanhas se reduziram a isso.

O senhor ajudou políticos do seu ex-partido, o DEM?
Assim que veio a público o meu caso, as mesmas pessoas que me bajulavam e recebiam a minha ajuda foram à imprensa dar declarações me enxovalhando. Não quiseram nem me ouvir. Pessoas que se beneficiaram largamente do meu mandato. Grande parte dos que receberam ajuda minha comportaram-se como vestais paridas. Foram desleais comigo.

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