(...) O mundo desenvolvido assiste hoje a uma nova onda conservadora, que começou na Inglaterra com a derrota dos trabalhistas, espalhou-se por vários países europeus e chegou aos Estados Unidos do Tea Party. Sua origem é óbvia. Encontra-se no colapso economico dos derivativos e das hipotecas de segunda inha, que nem os partidos social-democratas nem o governo de Barack Obama foram capazes de enfrentar com um mínimo de eficiencia.
Embora se fale em desaceleração da economia no Brasil, os dados recentes mostram que o país segue numa situação de prosperidade e crescimento. O último levantamento do IBGE anuncia um novo recorde na criação de empregos formais e registra um aumento da atividade nos principais setores.
Ninguém acredita numa repetição do crescimento de 7,5% em 2010 mas a grande novidade dos jornais, hoje, é a presença de analistas que reconhecem que podem ser sido exageradamente pessimistas em suas previsões de esfriamento da economia. Enquanto a situação economica permanecer assim, a luta política será resolvida no plano das idéias políticas e das visões sobre o país.
Não é um problema de marketing nem de candidatos mais ou menos apresentáveis. O problema do nosso conservadorismo é sua dificuldade para oferecer uma resposta clara para a questão social brasileira — ainda hoje a grande fronteira de nossa vida política.
Num país com um padrão imenso de desigualdade, o Brasil transformou o ideário conservador numa grande idéia fora do lugar. Essa é a dificuldade real de seus candidatos.
Colocado na defensiva pela reconstrução da Europa no pós-guerra e pelo longo domínio do Partido Democrata sobre a política americana depois de Franklin Roosevelt, o conservadorismo conseguiu reerguer-se nos países desenvolvidos a a partir da crítica ao Estado do Bem-Estar Social.
Foi assim nos anos 80, na Inglaterra de Margaret Tatcher e nos EUA de Ronald Reagan. O discurso conservador, nesses países, tinha o tom de quem combatia privilégios e abusos. Chegava ser indignado e possuia apelo popular.
O problema, no Brasil, é: como falar em menos Estado num país onde o Estado é acima de tudo uma grande ausência?
Como fazer a crítica ao regime de Bem-Estar Social quando ele nem existe? Como falar de inchaço e de empreguismo quando eles coexistem com a falta de funcionários?
São perguntas que não fazem sentido para a grande maioria dos eleitores.
Esta é a questão.
Leia a íntegra do artigo em Aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário