ENXUGANDO GELO E ENSACANDO FUMAÇA
Depois de duas semanas de ócio, prepara-se o Congresso para começar a debater a reforma política. Reúnem-se terça-feira as comissões especiais da Câmara e do Senado, claro que em separado. Umanão sabe nem se interessa em saber o que fará a outra. Semanas, talvez meses, vão decorrer antes que deputados, de um lado, e senadores, de outro, cheguem a qualquer conclusão, tendo em vista divergências partidárias internas profundas, lá e cá.
Ainda que por milagre venha a haver maioria para a aprovação de determinadas propostas no plenário da Câmara, o mesmo acontecendo no Senado, a etapa seguinte se afiguraria intransponível, tendo em vista que o projeto aprovado numa casa irá para a outra, e vice-versa. Estes modificariam a proposta daqueles, e aqueles, a destes.
Resultado: preparam-se os deputados para enxugar gelo e os senadores para ensacar fumaça, numa prática corporativa típica. E pode esperar sentado quem imaginar o Executivo intrometendo-se para alcançar um texto comum. No fim, salvo engano, a grande decisão dos políticos sobre a reforma política será não tomarem decisão alguma. Ou no máximo paliativos, para burlar a opinião pública.
por Carlos Chagas
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