Massacre em Realengo

[...] Coro de silêncios
Há uma coisa comum a todas as edições das imagens captadas pelas câmeras do circuito interno da escola do Rio de Janeiro na hora do massacre. Em todas elas, a cena que registra o momento em que Wellington morre com um tiro na cabeça está cortada. Pode ser para evitar a exibição de uma cena chocante. Ele estava longe, na escada. Não seria certamente uma cena em close. Vemos Wellington correndo em direção à escada, vemos o momento em que, ainda no corredor, leva um tiro na perna e, na cena seguinte, ele já está morto, estendido na escada, e os dois policiais estão entrando nas classes. A cena da morte foi cortada.
Se fosse para evitar a exibição de uma cena forte, bastaria borrar a imagem. 
Sobraria a imagem do policial.
Não sei se ele atirou para matar. É o que eu faria, se estivesse na situação dele. É o que eu esperaria que qualquer policial fizesse naquelas circunstâncias. Uma bala na cabeça, para estancar o massacre. Nenhum tribunal o condenaria. Nenhum promotor o processaria. Estava simplesmente cumprindo o seu dever.
Meu ponto é outro. Por que tratar esses casos dessa forma? Por que formar um coro de silêncios, em que perguntas óbvias não são feitas? O mesmo pacto que protege esse policial que cumpriu o seu dever, protege também policiais que matam suspeitos em cemitérios, quando não existe nenhuma testemunha corajosa por perto.
Eu gostaria de ver a imagem de Wellington se matando. E, se ele não se matou, eu gostaria que o soldado fosse saudado da mesma forma que está sendo, pelo cumprimento de seu dever. Não "apesar" do tiro, mas TAMBÉM em função dele. Abertamente. Sem rodeios. Deveria ficar claro que NESTA situação um tiro na testa era a reação correta e justa. Em outras ocasiões, é só um ato de barbárie, e nada mais.

4 comentários:

  1. Comungo da idéia de Jotavê. Antes do minuto de silêncio deveria ter havido um minuto de grito...

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  2. Jotavê foi no ponto exato, deu um tiro certeiro no silencio sepucral que a mídia impôs sobre este tema.

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  3. Aqui, o vídeo mostrado na Record, o mais completo que encontrei:
    http://www.youtube.com/watch?v=yey4LBov2LY
    Mesmo assim, o momento da morte de Wellington é claramente editado. O Sargento Alves aparece do nada, em 1:40, já andando pelo corredor, sem nenhuma preocupação com Wellington. Dois colegas seus passam tranquilamente em frente ao corpo (que não aparece na imagem, mas estaria logo nos primeiros degraus da escada que aparece ao fundo. A imagem em 2:02 mostra o local em que Wellington foi atingido: nada a ver com a parede do corredor onde ele leva o primeiro tiro. Trata-se da parede da curva da escada, que pode ser vista na cena seguinte, onde Wellington está caído no chão. Se Wellington se matou, como diz a polícia, como pode ter caído ANTES do local em que deu um tiro na cabeça? Nâo cola. Não bate.

    Jotavê

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  4. oi JOTA ..vou te ajudar e confirmar as suas suspeitas

    EU vi o mesmo sargento (que também NÃO censuro nem condeno, elogio) dar 2 tipos de entrevista ..numa ele falava em um tiro na perna ..noutra que tinha dado dois tiros

    ..claro, claro que sim, vai ver ele pode ter se enganado diante dos holofotes e diante de tantas perguntas, pq não ?


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