Comparações
Puig se incluía no filme, interpretado por Julie Christie, “uma grande atriz, que, desde que encontrou o homem certo (na época, Warren Beatty), deixou de atuar”.
Puig — que também era notoriamente gay — disse sobre Julie Christie e, presumivelmente, sobre si mesmo que sua sorte no amor causava inveja nas outras estrelas. Não se sabe quem era o Warren Beatty do argentino.
Jogos deste tipo são totalmente subjetivos e cada um pode fazer as comparações que quiser — se bem que comparar o Vargas Llosa com a Esther Williams me parece, por alguma razão, perfeito. Não que o peruano seja previsível e chato, pelo contrário. É que ele mergulha com estilo e nada de frente e de costas numa piscina que ninguém mais frequenta.
Me lembrei de outra lista de comparações, também inteiramente subjetiva, feita pelo Paulo Mendes Campos numa crônica intitulada “O Botafogo e eu”, aquela que termina assim: “E a insígnia do meu coração é também (literatura) uma estrela solitária.” Na sua lista o cronista diz que Michelangelo é Botafogo, Leonardo é Flamengo, Rafael é Fluminense, Stendhal é Botafogo, Balzac é Flamengo, Flaubert é Fluminense, Bach é Botafogo, Beethoven é Flamengo, Mozart é Fluminense. Segundo o Paulo “Dostoievski é Botafogo, Tolstoi é Flamengo (na literatura russa não há Fluminense)”. Baudelaire é Fluminense, Verlaine é Flamengo, Rimbaud é Botafogo.
A lista termina assim: “Camões não é Vasco, é Flamengo, Garret é Fluminense, Fernando Pessoa é Botafogo. Sim, Machado de Assis é Fluminense, mas no fundo, no fundo, debaixo da capa cética, Machado, um bairrista, morava onde? Laranjeiras!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário