Discurso da oposição e realidade política
Todos sabemos que a vitória da companheira Dilma Rousseff nas eleições presidenciais de 2010 desarticulou as forças de oposição no país, porque evidenciou o desgaste entre o comportamento belicoso das oposições e os anseios da sociedade.
Até o momento, não se viu sinal de rearticulação, fundamentalmente, porque faltam à oposição propostas alternativas de governo para confrontar o projeto que vem sendo implantado pelo PT e demais partidos aliados.
Essa carência de propostas foi diagnosticada por diversos analistas políticos e até integrantes das oposições —como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O vácuo aberto pela oposição tem sido ocupado pela grande mídia, que joga suas fichas ora para indispor Dilma com o ex-presidente Lula, ora para desgastar o Governo Dilma desfraldando a bandeira do denuncismo generalizado —que, num comportamento recorrente, julga antes mesmo da apresentação de provas ou das necessárias investigações.
A mais recente prova de que a grande mídia cumpre papel de partido de oposição se deu na substituição do ministro da Defesa. Com a saída de Nelson Jobim, a artilharia se voltou para o novo titular, Celso Amorim, numa campanha para tentar descredenciar nosso excelente chanceler.
Flertando com seus passados adesistas, os principais veículos de comunicação buscaram propagar um suposto mal-estar com a escolha deum diplomata para chefiar as Forças Armadas.
Para dar ares de veracidade, ventilaram que os motivos da inexistente insatisfação estavam no processo de escolha dos caças que o Brasil vai adquirir e também nas posições que Amorim assumiu como chanceler do Governo Lula em relação ao Irã, aos direitos humanos e ao golpe que depôs o presidente democraticamente eleito em Honduras, Manuel Zelaya.
No fundo, estão a defender os interesses norte-americanos, mas sabemos que Amorim é o homem certo no lugar certo: nacionalista, desenvolvimentista, experiente, funcionário público exemplar, intelectual com autoridade e trânsito no mundo.
As recentes pesquisas de opinião sobre o Governo Dilma mostram que a avaliação da presidenta é positiva, mas o resultado dessas pesquisas ficou nos pés de página.
Somente houve destaque quando o Ibope trouxe números um pouco diferentes, ainda assim, os índices obtidos por Dilma são muito próximos dos que o presidente Lula tinha no início de governo.
A boa avaliação da presidenta e de seu governo não sofreu grandes alterações mesmo com as medidas para conter o crescimento econômico e o consumo. Temos uma grande responsabilidade com o desenvolvimento do Brasil, com enormes desafios à frente, ainda mais em tempos de crise aguda internacional.
O modo como vamos reagir a esse ambiente arredio nos definirá como nação, e isso envolve todos os atores políticos — dos partidos aliados aos de oposição, passando pela mídia e pela sociedade civil.
É incômodo ver que os primeiros meses do Governo Dilma foram marcados pela recusa das oposições em fazer um debate propositivo.
O que queremos das reformas política e tributária, da ampliação dos investimentos em Educação, dos avanços na produção baseada em inovação e tecnologia, da relação com os vizinhos do Mercosul e com a África, da expansão do acesso à banda larga?
Essas são algumas das questões fundamentais de nossa pauta, para as quais o governo tem chamado todos os atores políticos à participação, com uma agenda com soluções aos problemas.
Resta às oposições a leitura inevitável de que, sem a apresentação de um projeto alternativo e consistente de país, capaz de dialogar com a sociedade nos principais temas da atual agenda nacional, seguirão de costas à opinião pública.
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