A guerra dos Emboabas
por Rodrigo Vianna - O Escrevinhador -
E dessa vez não foi pelos blogs nem pelas redes sociais. Amaury Ribeiro Jr – autor do livro que conta os caminhos e descaminhos do dinheiro das privatizações, com foco na atuação de gente muito próxima a José Serra - passou uma hora no estúdio da Radio Itatiaia, de Belo Horizonte. Foi entrevistado, nesses primeiros dias de 2012, no programa de Eduardo Costa – um apresentador muito popular.
Pra quem não é de Belo Horizonte, vale explicar: a Itatiaia é um fenômeno mineiro. Sem ligações com Globo, Abril nem com teles e outros bichos, a rádio é a mais tradicional e a mais popular de Minas. Ou seja: a “Privataria” já não está restrita à guerrilha da internet. Chegou ao rádio. Caiu na boca do povo.
A “Folha”, a “Veja”, a “Globo” (sobretudo a “Globo”) tentaram ignorar o livro. Não adiantou. A “Privataria Tucana” saiu do controle.
Hum… A situação já esteve melhor para Serra e os aliados dele na velha mídia.
E não é possível ser ingênuo: a Itatiaia tem ligações com o ex-governador de Minas, Aécio Neves. Se a rádio abriu espaço para Amaury, é porque Aécio deve ter “emitido sinais” de que valia a pena tratar do assunto. Ou seja: agora é confronto aberto!
Isso lembra a Guerra dos Emboabas! Na época colonial (final do século XVII/início do século XVIII), os paulistas (“bandeirantes”) descobriram ouro na região onde hoje está Minas Gerais. A paulistada queria o monopólio de extração do metal. Portugueses e colonos de outras partes do (que viria a ser o) Brasil entraram na disputa. Deu-se a guerra!
Os paulistas chamavam os adversários de “emboabas”. Há muitas controvérsias sobre o significado exato da palavra, mas era um termo depreciativo contra os “forasteiros” (os paulistas se julgavam donos das Minas). A turma de São Paulo perdeu a guerra – que teve confrontos sangrentos. Diz-se que, em combate travado no “Capão da Traição”, 300 paulistas teriam morrido!
Uma das consequências da “Guerra dos Emboabas” seria a criação (alguns anos depois) da capitania de Minas Gerais, em território que se desmembrou de São Paulo. Ou seja: foi ali que Minas nasceu, depois de se rebelar contra os paulistas.
Com a entrevista na Itatiaia, de alguma forma, Aécio mostra que está disposto a ir até o fim nessa guerra.
Alguns leitores reclamam: Amaury denuncia os tucanos paulistas, mas não fala nada da privataria mineira! Pode até ser verdade, mas é impossível brigar com todo mundo ao mesmo tempo. Ter um adversário do tamanho de Serra não é pouca coisa. O jornalista seria ingênuo (ou “kamikaze”) se atirasse pra todos os lados ao mesmo tempo…
Por hora, os tiros (com acusações bem documentadas, diga-se) vão em direção aos tucanos de São Paulo. Os emboabas parecem perto da vitória, nessa disputa duríssima pelo ouro tucano.
Outras escaramuças virão. Antes de chegarmos ao Capão da Traição…
Hummmmm está se vendo que Briguilino ainda não leu o livro. Prefere acreditar nos pétalas a formar sua própria opinião. Assim é mais fácil. Não tem que usar seus próprios neurônios. Usa os viciados da pétala.
ResponderExcluirLaguardia, para saber que a privataria tucademo foi o maior roubo de todos os tempos não é preciso ler nenhum livro, basta ter meio neurônio. Quem defende a roubalheira neoliberal é porque foi beneficiado com cédulas.
ResponderExcluirPS: Na maioria dos casos sou a favor da privatização ou concessão. O que sou radicalmente contra é ao assalto que vocês liberais praticam contra o patrimônio público. Capicce?
Quem defende a roubalheira pétala é porque se beneficia dela. Quem nega o mensalão é porque se beneficiou dele. Quem defende ou condena um livro sem ler é nazi-fascista. Quem defende um livro sem ler não tem nem meio neurônio. Tem zero. Não pensa só repete o que os pétalas mandam.
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