Seria bom se o sistema político considerasse as eleições deste ano em São Paulo como a maioria dos habitantes da cidade: pura e simplesmente, como a escolha de quem será o próximo prefeito.
Não são diferentes, nesse aspecto, dos eleitores do resto do país. Todos sabem que, periodicamente, devem escolher o encarregado de administrar sua cidade, zelando para que a prefeitura atenda as necessidades da população, cuide dos serviços básicos e faça com que, na medida do possível, convivam em harmonia.
São tarefas complicadas, que exigem empenho e dedicação dos prefeitos. Na maior metrópole do Brasil, uma das maiores do mundo e das mais problemáticas, mais ainda.
Uma pequena minoria vota para o cargo somente pensando na filiação partidária do candidato. Os mais petistas dos simpatizantes do PT e os mais tucanos dos peessedebistas.
A maioria pensa pragmaticamente: com a informação de que dispõe, procura identificar aquele que mais saberá fazer com que a saúde pública funcione, as escolas municipais ofereçam educação de qualidade, o trânsito flua, as ruas estejam conservadas, a limpeza da cidade não falhe, as empresas não a abandonem, procurando outros lugares onde se instalar.
Já vimos esse voto de pouco compromisso ideológico várias vezes em São Paulo. Em 2000, por exemplo, Marta Suplicy venceu a corrida para a prefeitura, mas os eleitores da cidade votaram em Alckmin, dois anos depois, para o governo do estado, junto com Lula para presidente. Pelo que parece, não perceberam haver conflito em ter uma prefeita e um presidente petistas, e um governador tucano. Um voto não levou a outro.
Neste começo de 2012, políticos, jornalistas e comentaristas debatem as eleições na cidade como se elas fossem mais do que são para seu personagem fundamental - o cidadão. Como costumam fazer, sempre sem proveito.
Não se discute quem será o prefeito que tomará posse em janeiro de 2013. Só interessam as (imaginadas) consequências de sua eleição nas vindouras, quando serão escolhidos governador e presidente.
É possível que as de agora sejam mesmo relevantes para a sucessão estadual. Prestes a completar 20 anos de permanência no Palácio dos Bandeirantes, o PSDB dá sinais do que se costuma chamar fadiga de materiais: Alckmin, no início de seu terceiro período como governador, não repete os níveis de popularidade que obtinha no passado - embora supere os de Serra.
Mas é cedo para especular sobre a redução de suas chances de reeleição. Ele continua a fazer uma administração muito bem avaliada.
O certo é que os partidos precisam ter candidatos com perspectiva de futuro. E as eleições na capital são uma das mais importantes plataformas para lançá-los.
Ganhando - e podendo, assim, mostrar suas qualidades à frente da prefeitura - ou mesmo perdendo - mas aumentando seu conhecimento e visibilidade no estado (se fizerem boas campanhas), novos nomes vão surgir, este ano, em São Paulo. Serão eles os próximos personagens da política estadual (e, talvez, nacional).
É nisso que aposta o PT, com Fernando Haddad, e o PMDB, com Gabriel Chalita.
Quanto ao PSDB, que se resolva. Pode fazer como os outros e se preparar para o futuro, indo adiante com as prévias e escolhendo um novo rosto. Ou pode recolocar suas fichas no passado, apresentando, pela quarta vez, a candidatura de Serra.
Em 2004, ele jurou que queria ser prefeito. Deram-lhe a oportunidade e ficou no cargo por 15 meses – depois da (ridícula) declaração, em cartório, de que cumpriria o mandato na íntegra. Desta feita, quem quiser que acredite.
por Marcos Coimbra presidente do Vox populi
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