Baca privada esperneia para não baixar juros

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O fato político mais importante desse ano é a decisão de o governo enfrentar a questão dos escandalosos spreads bancários, a necessidade de baixá-los. Seja qual for o resultado, saímos do silêncio e do marasmo e trouxemos a público o gravíssimo problema: o custo do dinheiro e o elevado - quase único no mundo - spread cobrado pelos bancos brasileiros.

Ao expor publicamente a questão e orientar os bancos oficiais a reduzir suas taxas de juros e seus spreads - o que ocorreu na semana passada, da parte do Banco do Brasil e do BNDES, e ontem, da parte da Caixa Econômica Federal - a presidenta Dilma Rousseff mexeu num vespeiro. Obrigou os bancos privados a virem a público expor sua posição - contrária, óbvio, a que a redução de juros e spreads se estenda a eles.

Mais do que isso, lê-se hoje: convocados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, banqueiros - seus representantes - finalmente dispõem-se a levar proximamente ao governo propostas de redução dos seus custos, dos impostos e do compulsório (depósito obrigatório) e o pedido de novas garantias. Como, por exemplo, sobre seus ativos depositados em fundos previdenciários ou no Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS).

A balela de que redução precisa ser sustentada por subsídios
Apesar de a banca privada insistir que a redução dos juros nos bancos públicos é artificial e que precisa ser sustentada por subsídios, ou acabará em prejuízo, isso não é necessariamente verdade. Estes mesmos bancos já o fizeram (diminuíram taxas), modestamente na crise, e seus lucros subiram. Dentro do previsto, já que, pela lógica, mais vendas ou mais clientes significam ou devem significar menores custos e ganhos na quantidade - seja na venda de um produto como geladeira, seja no empréstimo de dinheiro.

A verdade é que nada justifica o atual spread de 32% colocado sobre seus empréstimos pelos bancos privados: nem os impostos, nem os custos, nem o compulsório e nem a inadimplência. Só a falta de concorrência nesse setor e a absoluta falta de políticas para enfrentar a questão justificam a situação.

Falta de políticas, registre-se, da banca privada que se recusava sequer a apresentar propostas porque não tem interesse nem lhe é conveniente baixar juros e spreads; e da autoridade monetária que não abrira para valer, até agora, a discussão dessa questão. Mas, felizmente, esse tempo acabou.

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