Da coragem de ser


O tema "manada" é pensado e discutido pelo homem há milênios. Filosofia, Antropologia, Sociologia, tratam do tema sob diversos prismas. Nassif mesmo, fala muito sobre esse problema, o "efeito manada". Niezstche escreveu páginas impagáveis sobre o que denominava "Rebanho", a prisão do homem, a própria anti-vida, pois no "rebanho", perde-se a coisa mais preciosa de todas: a coragem de ser!
No homem público que detém um grande poder, como são os ministros do Supremo Tribunal Federal, para o bem e para o mal, vemos alguns ministros com a coragem de mostrarem claramente o que são! Posso não admirar um Gilmar Mendes, porque cínico, arrogante, mentiroso, um dos seres mais amorais que conheci... mas não posso lhe negar essa característica: de "rebanho", ele tem pouco... Assume com desfaçatez rara sua ausência de caráter, desafia a lei, enfrenta um presidente popular como Lula, chama-o "às falas", inventa um grampo sem áudio em combinação com Demóstenes e Policarpo Jr., e em pleno julgamento do "mensalão", tem a atitude acintosa, descarada, de ir ao lançamento do livro "O país dos Petralhas", do mais virulento pitbull midiático, Reinaldo Azevedo. Seu mal caratismo, seu cinismo, o lado para quem atua, o habeas corpus a Daniel Dantas, dois em 24 horas, a demonização de Protógenes e De Sanctis, enfim, todas as suas atitudes imorais, algumas criminosas, outras com uma falta de decoro inacreditável, mas tudo às claras!
Outros ministros, ao contrário. Parecem apenas "fazer número", perdidos que estão, desconfortabilíssimos, na posição de vitrine, como sem saber como "serem", como agirem, nessa situação. Ora acompanham o relator, nosso Batman vingador de todas as corrupções e mazelas do povo brasileiro, ora o enfrentam timidamente, aparentemente como que satisfazendo suas consciências, tentando encontrar um "meio-termo" entre o "rebanho" e suas convicções.
Por fim, apenas UM ministro, que além da CORAGEM DE SER, teve até agora a coragem e a dignidade de ser JUIZ, de verdade, lutando estoicamente para, mantendo sua integridade, ater-se aos FATOS, às provas, à jurisprudência acatada no país até então. 
Abraçar o Bem, e "bem", aqui, como sinônimo de JUSTIÇA, em tempos de fogueira midiática e fogueira vingadora, purificadora, soprada pelas ventas furiosas de nosso Batman, não é para qualquer um. Não é à tôa que o ministro Levandowski angrariou o rancor e o desprezo da mídia, que nem disfarça as sutilezas das críticas feitas ao mesmo.
O paradoxal (e mais digno ainda...) na atitude do ser humano e ministro Ricardo Lewandovski, é que ele não consegue ocultar uma certa fragilidade, como quem está prestes a sucumbir diante de tantos ataques. Vemos seu sofrimento moral, sua infinita vergonha, pelo comportamento da mídia, pelo comportamento de alguns de seus pares. Certamente sente a maior das solidões, a de ver a arrogância cínica e o mal caratismo deslavado de um Gilmar Mendes, e não poder fazer nada! Ver o desvario patético do Batman recalcado vingando-se de tudo e de todos em sua apoteose patética, e não poder fazer nada! Ver o ódio de um Marco Aurélio Mello, identificando todo um Partido como Máfia, sendo que há partidos na oposição muito mais criminosos que o PT, e não poder fazer nada! E ver a fraqueza de personalidade de alguns de seus colegas, apáticos, e não poder fazer nada!
E, com o susto e a fragilidade estampados em seu rosto, segue firme o homem e o ministro Ricardo Levandowski, com a coragem, não de se colocar "ao lado do PT", como dizem as pessoas, nas cartas aos jornais e nas redes sociais, estimulados pela grande mídia...  Mas com a coragem simples, objetiva, de CUMPRIR O SEU DEVER MORAL, DE SER UM RETO JUIZ!
Nesse ambiente de exceção, nesse ambiente em que mídia, o Batman e os que odeiam o PT pedem e querem sangue e a humilhação total do inimigo, não é pouca coragem...
Ao homem e ao ministro, meus aplausos, minha solidariedade, minha mais absoluta ADMIRAÇÃO! Tudo acaba, Ricardo Levandowski. Também esse julgamento virará poeira na história. O senhor poderá dormir em paz, com sua consciência, e sua coragem de ter sido.... o senhor mesmo! Como homem, como ministro da mais alta corte do país! Uma das mais belas demonstrações que vi, em vida, da "coragem de ser...". 

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