Artigo semanal de Carlos Chagas


A PREVALÊNCIA DO BOM-SENSO MINEIRO

Tancredo Neves  governava  Minas, eleito em 1982. Candidatíssimo a presidente da República, disputava com Ulysses Guimarães a indicação pelo PMDB. Caso  as eleições continuassem indiretas, em 1985  o candidato seria Tancredo. Voltando a ser diretas, com a aprovação da emenda Dante de Oliveira, seria Ulysses. Mesmo assim, nem a Fernando Lyra, o grande articulador de seu nome, o governador mineiro se abria. Negava sempre, de pés juntos. Só se apresentou na oportunidade  certa, nem um minuto antes, para transformar-se numa avassaladora garantia de vitória sobre  Paulo Maluf,  no Colégio Eleitoral.

Por que seu neto seria diferente, dispondo, como dispôs, de professor tão brilhante? Lançar Aécio Neves agora, por antecipação, seria renegar séculos de mineiridade. Deixá-lo exposto ao sol e ao sereno, sem qualquer vantagem.

Fernando Henrique terá motivos ocultos ao  precipitar-se no lançamento de Aécio.  O maior deles, de julgar que embaralhando as cartas, mesmo aos oitenta anos, poderá transformar-se no curinga. O tamanho de seu ego é tal que não se importa de explodir o plano de voo dos tucanos. Mas como não deu para insinuar-se junto a Tancredo Neves, que rejeitou sua aspiração de torná-lo  ministro das Relações Exteriores, também não vai dar para iludir Aécio.  Antes da hora não é hora. Nem depois.
                                                                 
Que o atual senador por Minas é candidatíssimo,como foi o avô, nem se duvida. Só que não cederá aos cantos de sereia de alguns tubarões disfarçados,  para entrar desde já  no tiroteio. Apenas em março do próximo ano será apresentado como novo presidente do PSDB, para costurar alianças internas e externas. Haverá que acertar os ponteiros com o governador Geraldo Alckmin, com José Serra e outros expoentes paulistas. Depois, examinar a  hipótese de uma composição com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Uma dobradinha entre eles faria  tremerem os companheiros do PT.   Além de outras possibilidades, como o apoio do PTB, do PR e até do PDT.  Só então, no segundo semestre, faria a análise final de suas possibilidades. Caso as candidaturas de Dilma ou do Lula se mostrem imbatíveis, porque não recuar até  o retorno  mais do que certo para o governo de Minas? Tem idade para esperar quatro anos. Ou oito, se necessário.
                                                                 
Em suma, prevalece o bom-senso mineiro,  em meio a precipitações paulistas.

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