Caro Joaquim, escrevo essa carta para saber se está tudo bem aí no Supremo. Vocês são tão... supremos, que só entre um grande julgamento e outro nos damos conta de que temos amigos pelaí e que a sociedade precisa saber do que vocês estão tratando.
Vejo pelos meios de informação que você tem tido muito trabalho com as mais de 40 sessões do mensalão, o do PT, aquele ex-partido operário que Brizola sabiamente qualificou de “UDN de macacão”.
Grande sacada do Briza, né, Joaquim?! Anteviu que o PT é um produto torto da classe média urbana ululantemente moralista, que nunca pôs em questão a estrutura de acumulação neste País e muito menos problematizou as “perdas internacionais” de que tanto falava o velho caudilho.
Mas, eu quero mesmo é saber da sua pessoa. Ainda doem as costas? Tantas sessões te exigiram ficar muito de pé para aparecer melhor na tevê, e suas pobres costas devem estar doendo como nunca.
Joaquim, passadas as eleições municipais, e diminuída a intensidade dos flashes e holofotes que momentaneamente lhe foram tão generosos (rapaz!, a Veja estampou em capa que você é “O menino pobre que mudou o país”!), é o caso de perguntar: você usará daqui por diante as prerrogativas de presidente do Supremo para finalmente pautar o julgamento do mensalão dos tucanos, que começou em Minas juntando Valerinho, a banca de sempre e esse despautério que são os financiamentos de campanha?
Ô, Joaquim, se liga, viu? Mensalão por mensalão, o dos tucanos, o do PSDB, começou bem antes do que o dos petistas.
Já passou da hora, Joaquim, de empreender-lhe a mesma ânsia condenatória com que você escarafuncha a medonha mesada que parlamentares recebiam dos petistas para destruir a previdência social, cooptar sindicalistas, ongs e as organizações do movimento social, além de dar continuidade aos indecentes leilões das áreas de petróleo.
Será, Joaquim, que você terá tanto fôlego para tocar problema tão profundo e suas costas lhe darão o refresco necessário para dedicar aos tucanos o mesmo tino justiceiro com que você, acertadamente, fustigou as raposas felpudas do PT, o ex-baluarte da moral e dos bons costumes da política nacional?
Quinzinho (desculpe a intimidade, mas você é gente do povo, né?!), eu lhe pergunto: não está na hora de também colocar toda sua farta sapiência jurídica a serviço do desmascaramento dessa máfia que corrói o dinheiro público, como é a gangue do cara de pau do Azeredo?
Ou você tá com dó de apontar o dedo em riste para seus conterrâneos mineiros que já lançam Aécio à presidência?
Dê uma passadinha pelo ninho dos bicudos de Minas e talvez você encontre mais razões para se manter na mídia (se é que ela continuará a te tratar tão generosamente).
Abraço forte e fraterno,
Gentio da Silva
Carlos Tautz
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