Quanto o Diário capta a voz rouca das ruas?


É possível que uma pista para a resposta esteja na enquete que promovemos ao longo de uma semana para ver qual era a Personalidade do Ano na avaliação de nossos leitores.
Tivemos o cuidado de abrir as escolhas com Joaquim Barbosa, pelo desempenho no Mensalão. O Supremo, como um todo, foi também apareceu como uma opção.
Mas o resultado final foi o mesmo que a recente pesquisa do Datafolha apontou: Lula e Dilma estão, pelo menos até aqui, sobrando.
Lula ficou na ponta, com 40% dos votos. Dilma veio em segundo, com 25%. Joaquim Barbosa terminou em terceiro, com 22% das preferências, à frente do técnico Tite, campeão mundial, e do próprio Supremo.
Estão abertas as especulações.
Lula candidato a governador de São Paulo em 2014? JB tentando a presidência? Dilma para mais um mandato, ou Lula em seu lugar?
Abro aqui meu palpite. A lógica sugere que Dilma seja a candidata do PT. Lula só entraria em ação, a meu ver, caso houvesse uma candidatura perigosa na oposição. Não parece ser o caso: nem Aécio e nem Eduardo Campos parecem ser ameaçadores.
Imagino que será tentado a concorrer. E pensará com carinho. Mas minha intuição diz que ele não vai correr o risco de se expor a um provável vexame que o transformaria de Batman em Recruta Zero.
Como Serra, Barbosa tem o defeito da antipatia, cujos estragos num político são multiplicados. Sua fala é pedante e, em muitos momentos, incompreensível. Se quiser falar a linguagem do povo, vai parecer tão artificial quanto Serra comendo pastel na feira ao lado de populares. Os eleitores que vêem nele um herói têm perdido as eleições presidenciais, e ele sabe disso.
E principalmente: quem se projetou condenando sempre vai refletir muito antes de se expor, publicamente, à retaliação dos que se sentiram injustiçados.
Barbosa não parece um homem dado a riscos. Melhor a realidade limitada da presidência do Supremo do que o sonho virtualmente impossível da presidência do Brasil.  Barbosa não parece tolo o suficiente para acreditar que seus principais cabos eleitorais – a mídia – sejam capazes de elegê-lo.
A não ser que haja uma grande surpresa, Dilma ruma para um segundo mandato. E, no terreno das probabilidades, não parecem pequenas as chances de Lula mirar no Palácio dos Bandeirantes.
Tudo bem: ele já foi duas vezes presidente, e o governo de São Paulo poderia parecer um retrocesso. Mas, do ponto de vista de seu partido, faria todo o sentido. Se Lula joga para o time, é uma missão que, teoricamente, não deveria ser recusada.
A oposição real ao PT só surgirá, é a convicção do Diário, quando aparecer um grupo que convença a voz rouca das ruas de que tem um projeto melhor para combater a maior calamidade nacional: a desigualdade social.
Enquanto a oposição defender o Brasil do 1%, enquanto estiver mais interessada no bem estar da família Marinho e amigos do que no bem estar dos 99%, a vida do PT tende a ficar fácil. 
Paulo Nogueira +Cezar Canducho 

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