Diogo Costa: uma breve análise das perspectivas para 2014


Aécio Neves surgiu politicamente em função do sobrenome que herdou do avô e das 'relações carnais' que mantém desde sempre com a imprensa que fala 'uai'. Ao contrário do avô, que em 1954, 1955, 1961 e 1964 sempre se manteve a favor das forças trabalhistas e da legalidade, o neto apresenta-se como um militante convicto da neo UDN e do mais agressivo neoliberalismo financista. Isto não quer dizer, em absoluto, que o PSDB não terá candidatura própria em 2014.
Marina Silva optou por abdicar da política e fazer um discurso criacionista, conservacionista, despolitizador e conservador até não poder mais. Está agora "acima dos partidos" e não é "nem de situação nem de oposição"! Se conseguir viabilizar legalmente o seu "novo partido", concorrerá em 2014 já sem o brilho de 2010 e sem o tempo de rádio e TV também. Fará uma campanha à la Enéas: "Meu nome é Marina". Chico Mendes certamente não concordaria com o papel triste e pequeno que Marina Silva reservou para si própria. É apenas o brinquedinho dos conservadores, uma espécie de 'bichinho atrapalhador' do desenvolvimento do Brasil e cuja candidatura surge com o único propósito de galvanizar a juventude de Higienópolis e do Leblon contra o PT.
O PSOL cometeu um terrível equívoco eleitoral em 2010 ao lançar Plínio de Arruda Sampaio. Heloísa Helena conseguiu angariar 6,85% dos votos válidos em 2006, deveria ter concorrido novamente em 2010 para, no mínimo, manter esse capital político e aumentar a bancada federal do partido. Plínio de Arruda Sampaio foi um redondo e rotundo fracasso em 2010, fez míseros 0,87% dos votos e interrompeu uma trajetória que, se não era de ascendência espetacular, podia pelo menos ter sido a de manter o PSOL como alternativa real da esquerda. Imaginem se o PT houvesse jogado no lixo o capital político de 1989 lançando outra candidatura que não a de Lula em 1994... Pior do que isso foi ver Plínio de Arruda Sampaio tecer loas para o tucano José Serra em 2010 e 2012 contra Dilma Rousseff e Fernando Haddad! Deve ser algum cacoete democrata-cristão mal resolvido... O PSOL teria um espaço gigantesco para crescer fazendo uma crítica de esquerda aos governos dos últimos 18 anos em Pindorama. Ao optar pelo moralismo udenista conservador e por cerrar fileiras com a direita contra Lula, Dilma e o PT, tornou-se uma seita sectária fadada ao fracasso enquanto alternativa popular.

Eduardo Campos surge mais como uma tentativa de 'terceira via', tentando quebrar a polarização PT x PSDB. Por enquanto, é uma figura regional, que comanda um partido sem capilaridade nacional e com um projeto político tão fluido quanto o do PMDB. Está tentando angariar o apoio de outros partidos da base do governo federal para si (PTB, PDT, PR, etc) e também o apoio do PPS e de setores do PSDB e do DEM. Tem condições de desbancar uma candidatura tucana em 2014? Pouco provável... O PSDB está erodindo, sem dúvida alguma, mas ainda comanda os dois principais estados do país e qualquer candidato que apresente tem condições de chegar ao segundo turno da disputa (se houver). O PSDB tem estrutura nacional, experiências de governos e financiamento suficiente para se manter como principal partido oposicionista do Brasil.
O grande problema da oposição política hoje em dia é que absolutamente nada nem ninguém, nenhuma força política e nenhuma figura pública ou partido político será capaz de se eleger em 2014 batendo de frente com o modelo implantado por Lula e Dilma. Isso é impossível. O pêndulo da política e da economia nacionais mudaram radicalmente, em especial a partir do Crash de 15 setembro de 2008. Apenas terão alguma viabilidade eleitoral e política os partidos que, ao contrário de negar o legado do PT, procurem valorizá-lo e apresentar alternativas não de contraposição, mas de aperfeiçoamento do projeto capitaneado atualmente por Dilma Rousseff e que está dando certo a olhos vistos. Quem bater de frente terá dois caminhos, tornar-se uma seita sectária que não lota uma Kombi (como a "esquerda" verde-amarela) ou abdicar de um projeto de poder nacional, optando por ser um partido de vocação regional (o PSDB pode estar se encaminhando neste sentido...).
O cenário mais provável, com a não candidatura de Aécio Neves, não é o do PSDB sem candidatura presidencial. O cenário seria neste caso o de uma candidatura de Alckmin ou até mesmo a volta de José Serra. O PSDB precisa desesperadamente de uma candidatura presidencial própria, senão pode dizer adeus, desde já, aos governos estaduais de São Paulo e de Minas Gerais! Mesmo com candidatura própria, a vida dos tucanos não será fácil nestes estados em 2014... Sem candidatura própria, então, será a derrocada final do PSDB, que deixará de ser um partido nacional e restará miseravelmente como uma reedição mofada e bolorenta dos velhos e carcomidos Partidos Republicanos Estaduais da República Velha do Café com Leite. O perecimento atual do PSDB se parece, e muito, com o perecimento da "grande mídia". Tornaram-se uma agremiação só e reféns ideológicos que caminham para o cadafalso político junto com seus ideais moribundos de um mundo que não existe mais desde 2008.
Em qualquer cenário atual, a única constatação evidente é que Dilma Rousseff e o PT continuam favoritíssimos (praticamente imbatíveis) para vencer em 2014. Seja no primeiro ou no segundo turno da contenda política que se aproxima. Aliás, o que se tem visto é uma corrida desenfreada na busca do maior número possível de candidaturas, justamente para tentar garantir que o próximo pleito presidencial não termine "prematuramente" no dia 05, mas que se estenda até o dia 26 de outubro de 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário