Quatro jornalistas e ex-jornalistas do Mirror Group Newspaper foram presos nesta semana na Inglaterra por possível envolvimento em grampo ilegal de telefones celulares no Reino Unido. Três homens e uma mulher estão detidos. Segundo a Polícia Metropolitana de Londres, eles estão arrolados no inquérito que investiga a interceptação de mensagens eletrônicas entre 2003 e 2004, que teria atingido diversas personalidades inglesas, inclusive da família real.
Foi a primeira prisão de jornalistas e ex-jornalistas do grupo de comunicação por escutas ilegais, um escândalo que se concentrava no News of the World, de Rupert Murdoch, jornal que o magnata australiano das comunicações fechou em 2011, depois da série de denúncias sobre esta espionagem.
Nesta 5ª feira (ontem), o primeiro-ministro David Cameron anunciou o fim "sem chegar a um acordo" da série de reuniões para debater um novo sistema de regulação de imprensa no país. Cameron comemorou porque, segundo ele, legislar sobre isso seria "um equívoco", já que colocaria em perigo a liberdade de imprensa no país.
Essa posição de Cameron não é consensual e é inevitável que o caso Mirror aumente a pressão por uma regulação da mídia escrita na Inglaterra, já que a autorregulação existente lá (e defendida pelos nossos barões da mídia no Brasil) se mostrou inócua e farsesca.
Já aqui no Brasil andam a passo de tartaruga o processo sobre a tentativa de invasão do meu apartamento no Hotel Naoum (quando eu ali mantinha escritório político, em Brasília) pelo repórter de Veja Gustavo Ribeiro e o do roubo pela revista das imagens das pessoas entrando e saindo do meu escritório. E simplesmente colocaram uma pedra em cima do caso Policarpo-Cachoeira, as estreitas relações que o diretor da sucursal de Veja em Brasília, Policarpo Jr., manteve com o contraventor Carlos Cachoeira.
Coisas estranhas e inexplicáveis aconteceram com o processo por invasão de minha privacidade, que corria em Brasília contra o repórter da Veja. O delegado Edson Medina de Oliveira, que presidiu o 1º inquérito e indiciou o repórter, recomendando ainda ao Ministério Público Distrital que seguisse com o processo na Justiça, foi intempestivamente e sem qualquer explicação afastado da 5ª Delegacia de Polícia da capital federal.
O promotor Bruno Osmar Freitas pediu o arquivamento do caso, o juiz Raimundo Silvino da Costa Neto acatou o pedido e o processo foi encerrado. O promotor e o juiz entenderam que não teria havido o crime de invasão de privacidade porque o repórter, denunciado por uma camareira do hotel, acabou fugindo pela escada do prédio, antes de ser pego pelos seguranças, colocados em seu encalço pelo gerente do Naoum, Rogério Tonatto.
Novo inquérito trata de outro assunto
Um novo inquérito instaurado trata de outra coisa: do roubo das imagens das pessoas entrando e saindo do meu escritório no Hotel Naoum. Segundo áudios da Operação Monte Carlo da Polícia Federal (que resultou na prisão de Cachoeira), houve negociações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira, arapongas que lhe prestavam serviço e o diretor da Veja em Brasília, Policarpo Júnior, para que as imagens captadas pelas câmaras do sistema de segurança do hotel pudessem ser utilizadas pela reportagem publicada pela revista sobre minhas atividades na semana seguinte à tentativa de invasão do meu escritório.
O que é importante ressaltar é a dificuldade para se levar ao devido termo um processo contra a revista e jornalistas, mesmo que o inquérito tenha sido feito e que os fatos tenham sido devidamente documentados, ficando evidente a tentativa da realização do crime, com autoria conhecida e tudo. Por enquanto, o que temos de real neste caso é que aqui no Brasil o processo está emperrado e os dois jornalistas nem sequer foram convocados a depor.
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