A inflação tem queda, o preço do tomate despenca, a cesta básica cai em todo país pela primeira vez desde 2007 e o índice oficial de julho fica próximo de zero. Nada disso é novidade ou surpresa. O que impressiona é como se aceita como natural o aumento dos juros.
O que surpreende é como a mídia e a oposição criaram, sem resposta do governo e do PT, expectativas de inflação para além da realidade, impulsionando e generalizando uma inflação setorial e conjuntural pressionada pela demanda dos serviços e mão de obra.
E como obrigaram, na prática, o Banco Central a aumentar a Selic antes que se generalizasse na economia a sensação artificial que a inflação estava fora do controle.
É fato mais do que conhecido – e nós dissemos isso aqui várias vezes – que há muita volatilidade nos preços de alimentos que compõem o índice de inflação, por causa do clima e da safra. A própria Folha de S.Paulo reconhece hoje que, historicamente, a maioria dos alimentos in natura (hortaliças e frutas, por exemplo) sobe de preço nos primeiros meses do ano e cai depois. Mas isso o jornal e o restante da grande imprensa preferiam ignorar durante a campanha artificial da inflação.
Os alimentos derrubaram a inflação, que cairia com o fraco desempenho da economia, com a queda do consumo, diminuindo a pressão sobre os salários, emprego e serviços, uma prova concreta que não era necessário subir a Selic.
Até porque o Banco Central tem outros instrumentos para esfriar o crédito e o consumo, começando pelos compulsórios. Mas ao subir a Selic, atendeu ao rentismo e ao sistema financeiro. Os de sempre...
Preços em queda
A cesta básica ficou mais barata em julho nas 18 capitais pesquisadas pelo Dieese. Foi a primeira queda de preços em todas as capitais pesquisadas desde maio de 2007. O tomate liderou a queda. Em Brasília, o preço caiu 56,81%.
Hoje, saiu o IPCA de julho, que é o índice oficial. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo desacelerou de 0,26% em junho para 0,03% em julho, segundo o IBGE.
Em 12 meses,o IPCA acumula alta de 6,27%, dentro da meta com banda para cima do Banco Central.
José Dirceu
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