O PSDB não tem Francisco


O último Datafolha é cruel para os tucanos 
O último Datafolha é particularmente penoso para o PSDB.

Aécio é um candidato morto em vida, fica claro. Não pegou nem no rastro da queda de Dilma com as chamadas Jornadas de Junho.

2014 pode ter dois cenários, e nenhum inclui o PSDB.

Num, Dilma é protagonista sozinha, e leva no primeiro turno, com a popularidade recuperada.

No outro, Dilma não inteiramente refeita, haverá espaço para a candidatura antigoverno. Mas este papel será de Marina, não de Aécio.

2014 tende a ser a primeira vez, em muito tempo, em que os tucanos disputam sem chance de vencer, na condição de figurantes.

Se não bastasse a presidência, o governo de São Paulo parece sob real ameaça, dada a fraqueza de Alckmin e consideradas as denúncias de propinas que turvam a imagem de castidade do PSDB. Tudo sugere que Padilha, projetado pelo prestígio de Lula e pelo programa Mais Médicos, será um candidato forte.

Por fim, os tucanos enfrentam ainda os delírios presidenciais de Serra, um homem que acredita que nasceu para ser presidente contra a vontade tantas vezes reiterada dos brasileiros.

Para usar uma imagem futebolística, o PSDB está ameaçado de rebaixamento. Pode ir para a Série B.

Que fazer?

Num plano muito maior, uma organização degringolava e parecia morta até aparecer alguém extraordinário: a Igreja Católica.

Francisco está, simplesmente, reinventando a Igreja, com muita pregação e muita ação.

A primeira coisa: pôs prioridade total nos pobres, até porque são eles que vão encher ou não as missas, se levarmos em conta que em nossos dias o mundo se divide entre os 99% e o 1%.

O PSDB está alinhado com o 1%. É o queridinho da voz do 1%, a mídia, mas é cada vez mais rejeitado pelos 99%. Quando você ouviu algum tucano criticar a desigualdade social?

Quem tem mais votos e elege são os 99%, por mais dinheiro e voz que o 1% tenha.

Quem é o Francisco do PSDB?

Sabemos quem não é: FHC, Serra, Alckmin e Aécio. Mas isso não quer dizer que ele não exista.

Ninguém conhecia Bergoglio fora de um círculo restrito, e ele está aí, promovendo uma revolução.

O mérito da Igreja foi alçá-lo ao poder. Para fazer isso, suas lideranças – incluído aí Ratzinger – tiveram que reconhecer que o caminho que estava sendo seguido levava ao cemitério.

O PSDB pode encontrar seu Francisco. Mas para isso tem que entender que sem ele vai para a Série B – e passar a procurá-lo em regime de urgência.