[...] sem retrato
Dormi recentemente na casa de um amigo. Em sua estante tinha um porta-retrato sem fotografia.
Em algum momento ele abriu o porta-retratos e retirou dali seja a foto antiga:
- Amigo estremecido?
- Ex-namorada?
- Ou a foto genérica que veio com o produto?
Então, com o porta-retratos aberto em sua frente, ela poderia ter simplesmente já colocado uma nova foto (amiga recente? sobrinho recém-nascido?) ou guardado o porta-retratos em uma gaveta à espera de novos momentos recordáveis.
Ao invés disso, fechou o porta-retratos sem retratos e o colocou, montado, de pé, em lugar de destaque em sua estante. para todo mundo ver o nada.
Como se fosse o próprio vazio aquele ente querido cuja imagem ele quer preservar, acarinhar, rever.
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