"Bateu, levou" "Toma lá, dá cá!" "Não levo desaforo para casa" "Não admito que falem assim comigo!" "Tenho o direito de falar o que eu quero!"

Com frases como essas deixamos entrever um tipo estranho e pernicioso de visão de mundo, daquela que está sempre armada, enxerga nas pessoas potenciais inimigos, não dá uma segunda chance e age no ímpeto das emoções.
Se pudesse mergulhar nesse tipo de mentalidade eu veria uma arma pronta e dedo pousado sobre gatilho. Essa postura reage ao menor alarme de outra presença humana que distoa ligeiramente do seu espelho e dispara contra o interlocutor.
Em relacionamentos amorosos vejo pessoas completamente defendidas e armadas alegando que qualquer pretendente pagará o preço de desventuras amorosas do passado.
No ambiente profissional colegas de trabalho se conversam com as garras afiadas julgando, rebatendo e desmerecendo qualquer contribuição do outro por mera autoafirmação.
Em casa os filhos se acham super atualizados e desautorizam qualquer tipo de sugestão dos pais que por outro lado acham que tudo o que vem das gerações novatas é lixo conceitual.
No universo online já é conhecida a enxurrada de ataques e contra-ataques totalmente despropositados e desproporcionais. Qualquer expressão é um trampolim para impor a opinião cheia de verdade para desmascarar os outros.
Parece que vivemos numa paranóia coletiva e o inimigo fatal está sempre pulando de uma interação a outra merecendo nossa reserva e o devido revide.
O tempo só revela um acumulo de desafetos e mágoas que justificam todo tipo de reação mais bruta.
Com o tempo nos convencemos de que estamos fazendo justiça e lutando por um mundo melhor.
Não sei que mundo seria mais amistoso com tanta gente agindo em nome de uma justiça personalista e que ignora completamente a realidade alheia.
Se o mundo que construimos se pretende melhor talvez precise de menos rivalismo, dominância e defensividade e mais olhos, ouvidos, colaboração, perguntas e abertura.
por Frederico Mattos by Alex Castro

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