Crônica de A. Capibaribe Neto
ELA ESTÁ VIVA É PORQUE NÃO FUREI NO LUGAR CERTO" - foi o que disse uma das menores aos policiais que as prenderam e a quem chamou de "vagabundos", e cujas iniciais nem ao menos foram liberadas, mas que é conhecida pela alcunha de "Putinha" no seu reduto, e que esfaquearam a médica Larissa Costa Amorim, 23 anos, que nem ofereceu qualquer resistência à abordagem delas. Furaram de maldade, pura perversidade por conta da impunidade assegurada pelas leis vigentes.
De que adiantado seguir à risca as instruções das autoridades, de não resistir, não olhar na cara de suas excelências os senhores bandidos?
Mesmo nas altas rodas, em conversas nem sempre amenas e descontraídas dentro de mansões de muros altos, apartamentos luxuosos com portas blindadas e carrões idem, o assunto nunca sai de moda:
A VIOLÊNCIA CRESCENTE e a sua relação estável com a impunidade.
A Polícia prende, a justiça solta. A contumácia da evidência dessa dobradinha estarrece e remete à desconfiança da existência de outra dobradinha por detrás de tanta impunidade gritante: a de que delegados sem escrúpulos estariam mancomunados com autoridades de plantão para soltar, se não imediatamente, para não dar na vista, mas em dois ou três dias, marginais de alta periculosidade através de sagrados habeas corpus. E ninguém faz nada ou, no máximo, finge que faz.
Quem faz mesmo alguma coisa são os ecologistas, os ecochatos de plantão e os baderneiros oportunistas que infiltram entre os que reivindicam, com seriedade, o respeito pelo verde. Concordo com a importância de uma árvore, mas entre uma árvore cortada e uma vida ceifada sou mil vezes cortar uma árvore, principalmente quando se trata da vida de uma criança.
Queria ver afinco assim, como o dessa turma que esperneia pela vida das árvores do Cocó, investir, uma semana que seja, em manifestação contra a violência, cobrar rigor das autoridades, exigir TOLERÂNCIA ZERO.
Queria ver, aplaudir e até participar de um grupo aguerrido, como o dos defensores do Cocó, que se predispusesse a protestar com veemência, fazer greve de fome e se acorrentar às delegacias para impedir a soltura de vagabundos que "cortam" vidas.
Eu também sou vítima do trânsito caótico dentro dessa cidade que mal respira; dessas ruas cujos cruzamentos são armadilhas fáceis para os predadores daqueles que precisam viver porque são responsáveis por suas famílias desprotegidas em suas casas, nas escolas, indo ou vindo de um dia de trabalho, e ainda são chamados de "vagabundos", como os policiais que prenderam aquelas senhoritas.
O eufemismo que chama menor de idade, apenas na certidão, de "infrator", longe dos olhos implacáveis dos defensores desses bandidos mirins não passa de cães selvagens.
A menor, cujo apelido é "Putinha", deve ser mesmo filha da mãe de quem herdou o apelido. E nós, nós todos, vai ver que não passamos de uns miseráveis filhos da mãe abandonados ao próprio azar.
Desde já agradeço a todos que compartilharem a postagem. Obrigado!
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