José Angelo gaiarsa fala de um conceito muito importante: o de que a pele é o limite físico do eu. uma metáfora real, física e eficiente dos limites do eu psíquico.
Por sermos tão fracos quanto ao conhecimento de nossa própria pele - por uma falta absoluta e cultural de toques e carícias - , não temos plena consciência desse limite. tanto física quanto psiquicamente.
Um parêntese meu: somos a única espécie que acaricia animais de outras espécies sistematicamente. não é comum na natureza um urso acariciando um antílope, por exemplo. comportamento social e neurótico fruto de nossa carência de toque certamente. no entanto, somos cheios de dedos quanto a algo tão simples quanto ao abraçar os outros.
Como consequência de não saber o limite do eu, voltando às palavras do gaiarsa, é comum que facilmente saiamos de nós mesmos.
É daí que vem a expressão "sair de si".
Se eu não sei onde eu começo e onde eu acabo, saio de mim e projeto meus sentimentos, desejos, medos e expectativas - coisas que pertencem só a mim e dizem respeito só a mim e a mais ninguém - nos outros.
Ultimamente, quando alguém tenta interferir em algum aspecto de minha vida ou sempre que eu sou convidado a interferir no modo de agir de outro (sempre que tenho a felicidade de estar atento quanto a isso), mostro a pele de minha mão.
- Está vendo isto aqui? isto aqui é minha pele. pra dentro dela, sou eu. Pra fora dela, é outra coisa.
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