Marina Silva, muito à vontade como eco da direita

A atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos últimos dez anos, desde que o PT chegou à Presidência da República, vem sofrendo críticas enviesadas de parte da grande mídia e da oposição -- e, mais recentemente, da "nova heroína" desses dois grupos, Marina Silva, que engrossa o coro da propagação de mitos e desinformação sobre nosso banco de fomento. Mas o fato é que o BNDES segue como propulsor do desenvolvimento nacional.
Recém-filiada ao PSB, Marina Silva agiu como se fosse desinformada e declarou, no início de outubro, que o BNDES só financia "alguns ungidos" e que o governo escolhe "meia dúzia para receber dinheiro do banco, que é público".
Marina dá nova demonstração de que está muito à vontade em seu novo papel, o de ecoar o discurso dos colunistas e comentaristas alinhados à direita e da oposição mais reacionária. Presta, assim, um desserviço ao país, colocando-se no campo dos adversários das políticas desenvolvimentistas.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, em recente entrevista ao "Valor Econômico", demonstrou como a crítica da ex-senadora está equivocada. Em linhas gerais, relatou que, das cem maiores empresas do Brasil, 91 receberam algum tipo de financiamento do BNDES (91%). Das 500 maiores, 406 receberam apoio do banco (80%). E, das mil maiores empresas do país, o BNDES financiou o extraordinário número de 783 (78,3%).
Como uma postulante ao cargo de presidenta da República (ou de vice-presidenta) pode levianamente dizer que o financiamento de 80% das mil maiores empresas brasileiras é o mesmo que beneficiar "meia dúzia"?
A presidenta, Dilma Rousseff, estava absolutamente certa ao dizer, no mesmo dia em que Marina proferia as infelizes declarações, que quem pretende concorrer à Presidência da República "tem de se preparar, estudar muito, ver quais são os problemas do Brasil e apresentar propostas".

A abrangência da atuação do BNDES é mais ampla ainda quando analisamos o volume de operações de créditos para as micro, pequenas e médias empresas (MPEs) realizadas pelo banco: foram mais de 3 milhões.
O desembolso total do BNDES para as MPEs, que já foi de aproximadamente 20%, hoje cresceu para cerca de 37%. Os números demonstram que os critérios para o financiamento do BNDES têm sido claramente técnicos.
Outro mito plantado pela oposição é o de que o BNDES perdeu dinheiro com o empresário Eike Batista. Marina Silva, mais uma vez, deu outra declaração irresponsável ao afirmar que R$ 9 bilhões do banco "foram praticamente jogados na lata do lixo".
E Coutinho, novamente com números e dados concretos, prova que não foi nada disso: os créditos dos empreendimentos do grupo de Eike migraram para os novos investidores que vão capitalizar e levar os projetos adiante.
A única dívida que restou é de R$ 500 milhões, muito menor do que o valor estimado por Marina -- e mesmo essa dívida já tem fiança bancária, que será honrada em caso de "default"(calote).
A questão central é que tipo de debate a oposição pretende para o futuro do país. Em 2010, escolheu trilhar o caminho de uma campanha obscurantista, difundindo preconceitos e mentiras. Muito melhor para o Brasil que, independentemente de quem seja vencedor nas urnas, a sociedade participe de um debate de alto nível, que discuta os problemas e encontre soluções para o país.
É por isso que aspirantes ao cargo de representante máximo do povo deveriam atuar para promover um debate econômico sério e comprometido com o desenvolvimento nacional -- e um primeiro passo seria reconhecer a importância do trabalho que o BNDES vem realizando.
Marina Silva e certos setores da grande mídia e da oposição estão fazendo o contrário. Ao reforçar mitos e espalhar inverdades, estão nublando não só a discussão de políticas públicas, mas também as perspectivas de crescimento do Brasil. Pelo andar da carruagem e pelo teor das críticas, estamos longe de debater nosso futuro de forma responsável.
Que o tempo mude essa atitude e, pelo bem do país, que deixemos os mitos de lado para discutir como melhorar as profundas contradições socioeconômicas que nosso país ainda conserva.
 José Dirceu

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