Nossos amigos podem ser catalisadores de mudanças e avanços na vida, participando dos momentos mais difíceis, da hora em que nada está no lugar, quando a gente pensa em deixar tudo pra trás, desistir. São eles que, em geral, estão lá, para nos mostrar que podemos fazer diferente. São eles que podem vir e nos desafiar, nos tirar do nosso cantinho confortável.
Porém, apesar do que dizem os poetas e os filmes, não acho que sejam os momentos de chifre, de demissão, de derrota, de vergonha, os principais responsáveis por sedimentar a amizade.
Romantizar as dificuldades é tentador, afinal, toda história fica muito melhor com percalços e superações heroicas. Porém, é no tédio, no meio da rotina e do desgostoso marasmo do dia-a-dia que as provas de verdadeira amizade surgem.
Sim, esses tão evitados momentos permeiam praticamente todo o nosso tempo de vida. Não é à toa que fazemos tanta questão de notar e adicionar ainda mais confetes aos momentos felizes e drama aos momentos de dor. Os extremos são raros.
A gente sabe, não é todo dia que se ganha uma promoção ou aumento no trabalho. Não é todo dia que se vai a um show fantástico e, em lágrimas durante uma música emocionante, solta aquele maravilhoso e espontâneo “eu te amo” para a sua namorada(o). Mesmo as tragédias – ainda bem – não acontecem sempre.
E, mesmo quando essas coisas surgem, a gente já sabe como agir. Se um amigo está feliz, é óbvio que devemos ficar felizes também. É óbvio que, se o sofrimento é evidente, a gente deve abaixar a cabeça junto e reunir nossas melhores palavras, fazer uma injeção de energia e trazer o amigo de volta à ação. Mesmo diante da morte, se não sabe o que fazer, a gente faz mesmo sem saber.
Mas não é bem assim quando o tédio vigora.
Quando fazemos nosso itinerário habitual, em meio às pessoas que nos rodeiam, os cumprimentos acabam sendo meio mornos, automáticos. A gente não abraça as pessoas de verdade, não dá um bom dia sincero e nem mesmo pergunta como estão as coisas querendo ouvir algo além de “tudo bem”. Não. A gente passa direto, sobe, liga o computador, põe o fone de ouvido, esquece do mundo, executa as tarefas e volta pra casa.
No meio do tédio, as pessoas não se interessam em oferecer as pequenas gentilezas que, sim, fazem toda a diferença.
Um bom amigo pode olhar uma camisa nova e fazer um elogio. Talvez, possa apertar a mão, dar um abraço e perguntar “tá tudo bem mesmo?”. Pode se oferecer pra lavar a louça que está lá, empilhada, há duas visitas. Pode ficar ao lado, enquanto nada acontece.
Compartilhar uma música, um livro, indicar uma série. Oferecer um almoço, ir ao cinema, visitar outras pessoas. São ações simples que podem ocorrer a qualquer momento.
Mais do que isso, podem acontecer com qualquer um.
A gente gosta de olhar para os outros e colocar cada uma das pessoas que nos rodeiam dentro ou fora do cercadinho da amizade.
Até sentimos alguma dificuldade de encontrar esses seres que possuem as qualidades necessárias para estarem ao nosso lado. Parece que tem algo de muito especial, como se a amizade viesse de algum lugar mágico, como se só os poucos destinados e merecedores fossem abençoados com tal dádiva.
Mais difícil do que dizer que alguém é amigo, é dizer que somos amigos de alguém.
O amigo não é aquele que serve a você, mas aquele por quem você decide dedicar sua generosidade.
É no tédio de todos os dias que os amigos se fazem mais presentes. Cada “bom dia” faz diferença e pode ser especial.
Mas são momentos incríveis e terríveis que acontecem as provas de fogo para as amizades. Toda grande amizade já passou por alguma história épica digna de ser imortalizada.
Pois é isso que Chivas vai fazer. Entre no blog deles e conte para eles algo que você viveu com um amigo e ficou marcado na sua vida. Se você possui bons amigos, certamente viveram excelentes história juntos.
Conte como essa história mostra o caráter do seu amigo e como ela foi inspiradora para você.
Se ela for escolhida, será transformada em um filme, assim, seus filhos, netos e outras pessoas vão poder se inspirar por ela também.
Editor do PapodeHomem, ex-designer de produtos, apaixonado por ilustração, fotografia e música. Ex-vocalista da banda Tranze (rock’n roll). Volta e meia grava músicas pelo Na Casa de Ana. Escreve, canta, compõe e twitta pelo @lucianoandolini.
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