no Tijolaço
O ex-ministro José Dirceu iniciou hoje a coleta de contribuições para pagar a multa de R$ 971 mil que lhe foi imposta pelo Supremo Tribunal Federal na ação penal 470.
Notem que é uma multa, não uma devolução de dinheiro que supostamente teria sido desviado por ele, porque quanto a isso não há uma prova sequer de que ele o tenha feito.
Algo, aliás, que a própria Ministra Rosa Weber admitiu em seu voto, ao dizer que “não tenho prova cabal contra ele (Dirceu), mas a literatura jurídica me permite condená-lo”
Estive com José Dirceu algumas vezes, a primeira delas na campanha presidencial de 1989, no segundo turno.
Dirceu, mais do que Lula, sempre foi um homem de partido, muito mais do que um líder político, embora lhe sobre capacidade política para isso.
O PT ergueu-se com Dirceu como seu engenheiro e Lula, a sua face popular. Mais: seu cordão umbilical com as massas.
Nunca fui petista, nem o sou.
Mas respeito e admiro profundamente a trajetória de José Dirceu e vou, modestamente, contribuir para o pagamento desta multa.
Se não fosse por acreditar na sua inocência das acusações que lhe imputam de corrupção e vantagens pessoais, seria também por homenagem a uma vida dedicada e sacrificada à transformação do Brasil, desde a sua juventude, com o exílio e a clandestinidade.
São coisas que o Ministro Gilmar Mendes não será capaz de compreender, já no seu mundo mental se dá e se recebe dinheiro por alguma vantagem, daí ele ter lançado, sem qualquer motivo concreto, suspeitas de lavagem de dinheiro aos que ajudaram os demais condenados a cumprir a pena pecuniária que lhes foi imposta.
Nas penas físicas, já se vê nas decisões de Joaquim Barbosa, ninguém pode ajudá-los sequer dando-lhes um trabalho, como a lei permite e estimula.
O Ministro Mendes não alcança a palavra solidariedade.
Talvez porque seja algo elevado demais para para a pequenez de sua alma.