O governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos acaba de falar para uma plateia seleta, no evento da CartaCapital.
Ainda não encontrou a embocadura. Em seu discurso, colocou apenas os pontos de unanimidade e alguns princípios gerais de governança.
Considera que o mundo atravessa uma crise geral de valores, de temas ligados ao meio ambiente, das novas formas de comunicação, da busca da qualidade de vida além do simples consumismo, da busca das cidades melhores.
Em geral, são valores inerentes a sociedades mais desenvolvidas, em que já se alcançou um estágio avançado do estado de bem estar - atualmente ameaçado pela crise financeira global.
Identifica mudanças políticas em muitas nações, tentando romper com a inércia e pensar o longo prazo. Para ele, o ponto central do debate político é a estratégia de desenvolvimento nacional: de onde viemos e para onde pretendemos ir, saindo da mediocridade dos temas atuais, que consta da agenda política nacional.
Segundo ele, depois do regime militar a sociedade se manifestou em três ciclos sucessivos com apoio das ruas.
No primeiro reconstruiu-se a democracia, com a sociedade na rua, ciclo que se encerra com a deposição do primeiro presidente eleito, Fernando Collor.
O segundo ciclo foi o da estabilização econômica, passando pelo Plano Real.
O terceiro ciclo foi a eleição de Lula e a grande mobilização social e política em torno de uma agenda social. Criou-se uma nova agenda vcom novos e velhos políticos e, no centro, os anseios da sociedade em aderir a um projeto de construção do país.
Agora, na ausência de uma agenda estratégica, de um debate dos políticos, diz Eduardo Campos, a sociedade, de maneira autoral, usando as novas formas de comunicação, manifesta-se mostrando a crise de representação, a má qualidade dos serviços públicos e a sensação de que o país parou de melhorar.
Prossegue em seu diganóstico mostrando a crise da desindustrialização e evitar embarcar no alarmismo. "Teremos que fazer debate sobre essa conjuntura, não do alarmismo, com uma visão equilibrada: temos problemas que podem ser resolvidos ou ampliados".
Critica o fato de problemas estarem sendo varridos para baixo do tapete. E um conjunto de mudanças nas regras do jogo, atrapalhando a formação do grande consenso nacional, devido às incertezas, falta de capacidade de mediação e regras de transição no planejamento do governo. "A crise é de expecativa e confiança: logo é uma crise eminentemente política", diz ele.
Segundo ele, na sociedade brasileira já está em construção um novo pacto social, ao largo dos partidos e dos políticos. "Há ausência de debate em todos os partidos", diz ele, "ninguém está isento. Houve um envelhecimento das estruturas políticas da sociedade".
A rigor, há muitos analistas identificando esses problemas e tendências. E as propostas?
Segundo Campos, a nova agenda tem que se fundar em dois princípios.
O primeiro, o desafio de melhorar a produtividade brasileira, ouvindo todas as partes. O segundo, a melhoria da qualidade de vida, que piorou substancialmente nas grandes cidades.
Há um conjunto de pressupostos a orientar os debates.
Tem que haver diálogo permanente, diz ele. As novas gerações querem rapidez, não querem um Estado pesado, que sabe de tudo. "O governo passa a impressão que não gosta de ouvir", critica. "Não pode deixar um ambiente onde o pavio vai encurtando".
O segundo pressuposto é a existência de regras claras e transparência em tudo o que for feito. Ter a capacidade de mostrar o problema e enfrentá-lo.
Segundo Campos, há uma janela demográfica de vinte anos, em que a maioria da populaçao brasileira será de população economicamente ativa. "Nao podemos perder a possibilidade de arrumar as contas e o futuro da metade da população brasileira, que é jovem", diz ele.
E aí cita genericamente um conjunto de reformas, mas que deverão ser implementadas lentamente, para não se concentrar em um mandato apenas de governantes - o que provocaria resistências muito grandes.
No seu discurso, acrescentou outros pontos de crítica e outras ideias de consenso. Mas ainda falta articular o todo.
*Blablarino - masculino de Blablarina (aquela que diz um monte "coisa" que não significa nada
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