Acabou a ditadura fardada, começou a ditadura togada

Acabou a censura fardada, começou a censura togada

“Desde que acabou a ditadura, você vai perceber que em alguns momentos fica muito claro, em certos setores da sociedade, que acabou a censura fardada e começou a censura togada”, diz Morais.

Ele cita como exemplo a proibição de obras literárias pelo Judiciário. “Quem está censurando livro no Brasil? Quem tirou livro do Ruy Castro de circulação, que decretou a incineração da biografia do Roberto Carlos, quem é que me condenou a pagar multa se eu falasse em público de um trecho de um livro meu?”, questiona. 


“Nem a ditadura fez isso. Fez pior, matou, torturou, mas nunca proibiu um autor de falar publicamente sobre seu trabalho. Quem está fazendo isso? A ditadura, a censura togada.”

Os fatos que envolvem José Dirceu são um “negócio armado”. “Não me surpreendo mais, perdi a ilusão. Sempre fui muito pessimista sobre esse processo [do mentirão], desde o começo, sobretudo quanto ao Dirceu, que eu achava que ia para a cadeia”, conta. “Porque a cada dia que passava ficava mais claro que se tratava de um processo político, um processo simbólico, porque, embora tenham escolhido o Dirceu para ser o ‘cabra marcado para morrer’, no fundo estão tentando condenar o PT, o Lula, a Dilma, o primeiro governo progressista que este país tem em muitas décadas.”

Fernando Morais 

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