O monge Tetsugen tinha um sonho: imprimir um livro em japonês, com todos os versículos sagrados. Decidido a transformar este sonho em realidade, começou a viajar pelo país, arrecadando o dinheiro necessário.
Entretanto, assim que conseguiu a quantia para iniciar o trabalho, o rio Uji transbordou, provocando uma catástrofe de proporções gigantescas. Vendo os desabrigados, Tetsugen resolveu gastar todo o dinheiro para aliviar o sofrimento do povo.
Mas logo recomeçou a lutar por seu sonho: bateu de porta em porta, caminhou por diversas ilhas do Japão, e de novo conseguiu o que precisava. Quando voltava - exultante - para Edo, uma epidemia de cólera alastrou-se pelo país. Novamente, o monge usou o dinheiro para curar os doentes e ajudar a família dos mortos.
Perseverante, voltou ao seu projeto original. Colocou-se novamente em campo e, quase 20 anos depois, conseguiu editar 7 mil exemplares dos versículos sagrados.
Dizem que Tetsugen, na realidade, fez três edições dos textos sagrados.
Só que as duas primeiras são invisíveis.
por Paulo Coelho em sua Coluna dominical no Diário do Nordeste
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