Papo de homem

Álbum de figurinhas: Petit Bamba e a torcida organizada do governo da Costa do Marfim

Na Costa do Marfim, elefantes são uma coisa tão séria que há até uma organização governamental dedicada ao bem estar deles: o Comitê Nacional de Suporte aos Elefantes (CNSE).

Mas se o que veio à sua mente após conhecer a sigla foi algo como a preservação dos paquidermes ou a manutenção de um santuário para animais com risco de extinção, é bom esclarecer: estamos falando de elefantes com apenas duas patas. Ou melhor, pernas. Mais precisamente,  o assunto aqui – e lá no Oeste africano quando o nome vem à tona – é futebol.

Conhecida entre os adversários pelo apelido “Os elefantes”, o time de Didier Drogba, Yaya Touré e Gervinho recebe a cada torneio o apoio incessante de torcedores profissionais, bancados pelo ministério dos esportes para representarem o país aonde quer que o time se apresente.
gaoussou bamba, o torcedor da costa do marfim Petit Bamba
Há 24 anos, é esse o ganha-pão do marfinense Gaoussou Bamba.
Uma das principais atrações de todos os jogos a que vai, Petit Bamba orna seu corpo de laranja, verde e branco desde os 14 anos de idade. E embora a imagem de um homem com o torso nu, uma saia ornamentada e as cores do time pintadas das unhas dos pés à cabeça não seja exatamente o que nos vem à mente quando se pensa em torcida organizada no Brasil, as semelhanças existem. Assim como do lado cá do Atlântico, a vida do torcedor profissional marfinense também parece movida a polêmicas e fanatismo.
Tachado como alcoólatra e usuário de drogas por um de seus desafetos, é acusado de ter ficado rico às custas das doações de dirigentes e jogadores de futebol. Ele nega, declara seu amor ao país e se diz decepcionado com o pouco valor dado às contribuições dadas por ele e pelas outras gerações de torcedores símbolo que o antecederam. Apesar de tudo isso, uma coisa é certa: a paixão pela arquibancada ninguém lhe tira.
“No dia em que eu morrer, quero estar dentro do estádio”.
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Uma Copa do Mundo se faz com pessoas.
As que entram em campo, as que viajam para testemunhá-la, as que enchem as ruas, as que se voluntariam, as que torcem e as que veem no evento uma oportunidade para garantir seu sustento ou para extravasar.
A seção “Álbum de Figurinhas” pretende contar, com um microrrelato artesanal e um retrato por dia, a história de algumas dessas pessoas, muitas vezes invisíveis, que povoam os bastidores da Copa do Mundo do Brasil.
Para ler todos os textos, basta entrar no nosso Álbum de Figurinhas.
Ismael dos Anjos
É mineiro, jornalista, fotógrafo, devoto de Hunter Thompson e viciado em internet. Quanto mais abas abertas, melhor.

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