Paulo Henrique Amorim - Barbosa e o MP

Um mensalão para matar o PT
Expulsa os 40 ladrões e mantém o Ali Babá sob controle

Barbosa se aproxima do fim.

Para evitar os 10 a 1, ele abriu mão até da relatoria do mensalão do PT (sim, porque o dos tucanos prescreveu antes de existir).

Cabe voltar um pouco atrás e tentar entender como se deu o – incompleto – Golpe de Estado do mensalão do PT.

(Até que, no terceiro turno, na Justiça Eleitoral, que precisa ser extinta, os trabalhistas deixem o poder.) 

O Golpe do mensalão do PT começa na denúncia inepta contra Collor.

(Clique aqui para ler o que disse Paulo Nogueira sobre o pecado capital de Mario Sergio Conti, e aqui para examinar os vínculos entre Conti, a Fel-lha (*) de SP – de mau hálito insuportável – e Dantas.)

Collor começou a cair não foi no detrito sólido de maré baixa, mas com uma denúncia inepta do MP de Aristides Junqueira.

Tão inepta que o Supremo sequer recebeu para julgá-la.

O mensalão do PT se revigora com o trabalho do Padim Pade Cerra, aliado ao MP, de destruir a candidatura de Roseana Sarney, em 2002.

Nesses dois episódios, Ministério Público se equipa e legitima para desempenhar o papel que a Elite dele espera: moralizar a política.

“Moralizar a Política”, numa sociedade até recentemente escravocrata, significa depurar a política dos “tarados” mestiços, geneticamente corruptos e, portanto, dos trabalhistas e seus aliados, como as organizações sociais e os sindicatos.

O MP se tornou a tutela dessa eugenia política.

Como disse Sepúlveda Pertence do Ministério Público, “criei um monstro”.

O Ministério Público não responde a ninguém, investiga quem quer e tem à disposição um coletivo de aparelhos do tipo “Guardião” para bisbilhotar quem bem entender – como diz o Conversa Afiada, o MP é o DOI-CODI da Democracia.

O MP não precisa mais denunciar ninguém.Basta um “procurador” da chamada “República” convocar uma coletiva da imprensa piguenta (**), dizer que tem sérios indícios de que alguém é ladrão, que o serviço está feito – sem oferecer denúncia…



Antonio Fernando, levado à Procuradoria-Geral da Republica por Lula, foi o cérebro do Golpe Incompleto do mensalão do PT.

A estratégia que o orientou foi simples: matamos o PT, e deixamos o Lula solto.

Primeiro, porque, segundo a teoria do sangramento do Príncipe da Privataria, Lula sangraria até o fim do processo do mensalão e chegaria morto à eleição de 2006 – e o poder voltaria aos braços não do povo, mas de FHC, o De Gaulle de Higienópolis.

O segundo motivo era insuperável: se Lula cai, assumia José Alencar, leal a Lula.

O Plano, como se sabe, deu errado.

Porque Lula não sangrou e porque a CUT foi para a rua e disse “mexeu com o Lula, mexeu comigo”.

E a elite tem medo de trabalhador nas ruas – trabalhador de verdade e, não, black bloc de papai que paga a faculdade.

pessoal do camarote VIP do Itaúúúú.

Era de outro povo que se tratava.

Para piorar, o Advogado-Geral da União, Alvaro Ribeiro da Costa, nomeado por Lula, amigo de Genoino desde a política estudantil do Ceará, foi embora.

Antonio Fernando só assumiu a PGR porque Claudio Fontelles não se candidatou à re-indicação.

E Lula estabeleceu, com Dilma, que o Procurador-Geral não precisa mais de méritos especiais.

Basta ser da máquina, representá-la e azeitá-la: ser o mais votado.

Fontelles talvez tivesse tido o pudor de dar curso a uma denúncia de  contravenção eleitoral prescrita – como era o caso do Caixa Dois do PT – e transformá-la num Golpe de Estado.

O poder ficou no próprio grupo de Fontelles, Antonio Fernando.

O mensalão do PT se desgarra de uma denúncia contra Carlinhos Cachoeira, com o apoio do tucano Antero Paes e Barros, e do procurador José Roberto Santoro, que aparece como herói na destruição de Roseana Sarney, e ganha vida no MPF e, depois, no Supremo.

O PiG lança a rede de proteção a Antonio Fernando, que oferece a manchete perfeita: “Ali Babá e os 40 ladrões”.

Mais do que o “sensacionalismo mediático” – diria Gilmar Dantas (***) -   a remissão às Mil e Uma Noites continha uma armadilha: Lula, fica quieto, porque se eu peguei 40 posso pegar o Ali Babá também !

De preferência, Lula, suma !

O que é Roberto Gurgel, o Prevaricador, segundo Fernando Collor, da tribuna do Senado ?

Ele é apenas que entrega o prato feito de Antonio Fernando e Santoro.

(Depois, como se sabe, Antonio Fernando se incluiu entre os 1001 advogados de Daniel Dantas.)

E o Presidente Barbosa, o que fala grosso com o Genoino e fino com  o Dantas ?

O Presidente Barbosa veio de onde ?

Do MP.

O que foi ele no mensalão (o do PT) ?

Um juiz ou um promotor ?

O que ele fez como promotor ?

Pediu provas ?

Não.

Bastava o domínio dos fatos.

Bastavam a verossimilhança, “a verdade é uma quimera”, “provas tênues”, “o acusado é que tem que provar sua inocência”,  porque, como se sabe, essa raça – o trabalhador, diria o inesquecível Jorge Bornaheusen, é tarada e corrupta.

Barbosa não acrescentou um fiapo à moralização do Judiciário.

E sua chef d’euvre – condenar Dirceu à prisão perpetua e os outros petistas à humilhação de um processo desmoralizante – cumpriu o roteiro previsto.

Que roteiro ?

Manter a minoridade do cidadão.

Collor não presta porque tem voto.

Roseana não presta porque é uma alternativa à elite paulista – dominante, por ora.

Os trabalhistas não prestam porque são a expressão mais sólida do ânsia por Democracia – ou seja, por participação popular.

E o MPF, e o Supremo são, neste momento, expressões dessa tentativa de tutelar o povo – tarado e ladrão.

3 comentários:

  1. Rubens Santana24 junho, 2014

    Realmente eles pensam que somos um país de imbecis : O PIG(com destaque para as organizações globo), as forças armadas (com certeza os velhinhos do Clube Militar… ) e o judiciário, se acham no direito de tutelar ideologicamente o nosso povo. Estamos numa democracia ou num parque infantil ? ET.: Setores conservadores do Congresso, também entraram nessa balela de nos tutelar, ao tentarem impedir que o governo Dilma amplie o processo de democracia direta. Cadê a juventude facebook, que não se sentia representada pelos atuais poderes da república ??

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  2. Quem inventou essa história de Ali Babá não leu mesmo as 1001 Noites. Ali Babá não é ladrão.
    No fim ainda fica com o tesouro todinho pra ele.Quem inventou essa história de Ali Babá não leu mesmo as 1001 Noites.

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  3. Ronaldo Pacheco24 junho, 2014

    Joaquim Barbosa é só mais um golpista fracassado.

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