Um país mais pobre sem Brizola

Dizem que ele ainda vive. Onde? Quem lhe segue os passos nos confrontos com os senhores do mundo?

Passei um bom tempo tentando escrever sobre Brizola neste décimo aniversário de sua morte.  Não consegui. Ando mesmo emocionalmente muito fragilizado. Nesta sexta, dia 21, submeti-me a uma nova ressonância magnética para conferir a intervenção no fígado - aquela ablação de que falei.Estava tranquilo, até por que também vibrei com a vitória da Costa Rica sobre a Itália. Mas é muita informação na minha cabeça. Todas conduzem a um dramático questionamento das minhas atitudes políticas recentes, impulsionadas pela emoção, que é a pior linguagem de sua dignidade e de sua coerência.
Resolvi, então, reproduzir o artigo que publiquei aqui em junho de 2011. Li e reli. Considero-o muito atual. Teria pouco a acrescentar.
Leia-o e me ajude a aprofundar as reflexões a respeito deste Brasil mais pobre sem Brizola. Meus nervos estão uma pilha.
 
 
Quanta falta Brizola faz (escrito em 2011)
Uns dizem que ele ainda vive. Onde? Como? Quem lhe segue os passos nos confrontos com os senhores do mundo?
 
 Como Leonel de Moura Brizola não existirá mais ninguém. Ele não chegou à Presidência da República, como sua ex-pupila Dilma Rousseff, mas e daí? 
 
Fosse o triunfo a qualquer preço o elemento de avaliação não existiria nem o cristianismo. O enviado do Deus todo poderoso foi sacrificado na cruz porque incomodava os “sábios do templo”. E, segundo a Bíblia, quando os sacerdotes judeus pediram sua cabeça a Pilatos, Jesus Cristo foi abandonado por seu povo, que preferiu Barrabás, o zelota que atacava os dominadores romanos, em ações de “guerrilha”.
E não existirá mais ninguém porque o mundo hoje é dos ambíguos e dos transgênicos. É o mundo em que a biruta é a referência única dos profissionais da vida pública, todos, sem exceção: os indignados rabugentos ou estão a sete palmos ou são tratados como loucos desvairados, inconvenientes e jurássicos.
Ninguém nestas terras ousaria mais o embate desigual contra a potência imperial, muito menos contra a mais poderosa rede midiática do mundo, inflada no auge do obscurantismo e feita guardiã implacável da lavagem cerebral massiva e da imbecilidade compulsiva, graças às quais o charme da meninada que ainda podia espernear esmaece no gáudio das prebendas, ou se esvai no delírio ensimesmado ou na fuga dos alucinógenos hodiernos.
O trágico na lembrança de Leonel de Moura Brizola foi o corte epistemológico que sua morte encerrou, como se a tirania das elites houvesse ordenado a estigmatização de seu dístico. Uma corte inquisitorial oculta vedou as portas do destino a tudo o que lhe dizia respeito: suas idéias, seu modo de ser, seus compromissos, seus sentimentos combatentes.
Lembrar Leonel de Moura Brizola hoje é apenas mandar rezar uma missa. Suas barricadas foram desmontadas, pelo menos nestes dias arrivistas. Seus “continuadores” trocaram as armas da eloquência varonil pelo pires na mão.
Em seu nome, servem a Deus e ao diabo, bastando que se lhes saciem a gula anã. Já não ousam o despojado sonho de um porvir soberano e justo. Cuidam, tão somente, de encherem suas burras com as sobras dos podres poderes.
Não acreditam mais, ou talvez nunca acreditaram, na virtude das idéias. Não diferem dos outros, todos esses empostados que lavam as mãos com alcool depois de cumprimentarem os maltrapilhos. Que se dizem em público vestais dos bons modos, mas que, protegidos pela penumbra dos conluios, se jogam de cabeça na roleta das negociatas em causa própria.
 
 
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