Paulo Nogueira: O PSDB é hoje uma obsolescência.

Seus líderes foram cegos para enxergar as demandas do Brasil moderno.

Em vez de abraçarem a causa do combate à desigualdade, que é a grande questão nacional, eles se fixaram na velha, gasta, mentirosa, oportunista, hipócrita ladainha da corrupção.

Fizeram-se de virgens sendo marafonas.

Os tucanos foram espetacularmente desmascarados por Luciana Genro no debate da CNBB. As palavras de Luciana a Aécio, enumerando os atos de corrupção do PSDB, entrarão para a história da política nacional.

Compare o discurso pseudomoralista de Aécio com o de Dilma: qual tem mais apelo?

Dilma fixou sua campanha na questão social. Vem mostrando os avanços sociais brasileiros nestes anos do PT no poder.

De certa forma, todas as informações que sustentam estes avanços parecem novas, não porque sejam, mas porque a mídia não cobriu nada, ou por miopia ou por má fé.

Do Bolsa Família ao Mais Médicos, das cotas para negros ao Prouni, do aumento do salário mínimo ao Pronatec, a lista de realizações sociais é, inegavelmente, grande.

Podia ser maior? Claro que sim. Podia e devia. Mas é muito mais do que, excetuado Getúlio Vargas, qualquer outra administração fez contra a iniquidade.

Dilma tem o que mostrar e o que falar.

Melhor ainda para ela, certas coisas nem é ela que diz. São os outros. Nesta semana, por exemplo, a ONU informou que o Brasil deixou o “Mapa da Fome”.

Enquanto isso, FHC se diz chocado ao ler a Veja e deparar com denúncias, como se fosse um Carlos Lacerda.

Ele quer enganar a quem com esse choque de araque? Quer conquistar que votos? Os dos leitores da Veja? Ora, estes já são do PSDB. São os antipetistas viscerais.

O presente está perdido para o PSDB, e o futuro também estará a não ser que o partido se reinvente.

Mas com quem?

Com FHC, com Serra, com Aécio?

Esqueça.

Considere o caso do premiê escocês Alex Salmond, derrotado no plebiscito que decidiu se a Escócia permanecia ou não no Reino Unido.

Salmond, conhecidos os resultados, anunciou que deixaria a liderança de seu partido e renunciaria, consequentemente, à chefia do governo.

É preciso encontrar novos líderes, disse.

No Brasil, os chefes políticos só costumam sair de cena num caixão, e é uma pena.

Serra já deve estar pensando em 2018. Aécio provavelmente logo estará pensando nisso também.

Uma empresa se renova com sangue fresco. Um partido também. O PSDB, neste sentido, é a quintessência do bolor.

Os tucanos pagam “militantes” para fingir que Aécio é popular. Mas este tipo de expediente apenas demonstra que o discurso velho do partido não comove ninguém.

O dinheiro compra até o amor verdadeiro, escreveu Nelson Rodrigues.

Mas não compra votos, e o PSDB parece desconhecer esta verdade indestrutível.